A necessidade de fazer balanços e pontos de situação faz parte da condição humana, estando sempre no horizonte a possibilidade de proceder a ajustes ao caminho escolhido. Ou não seja a dúvida uma componente sempre presente na nossa racionalidade.
Dois meses após ter iniciado este blog, quando revejo os posts que nele inseri, uma parte de mim questiona-se relativamente ao caminho que estou a seguir, especialmente quando ouço ou leio diariamente notícias que me incomodam e revoltam. Ao viver num mundo como o nosso, onde se mata uma ou cinquenta pessoas apenas porque pensam e sentem de maneira diferente; onde milhares de outras continuam a fugir de países em guerra e muitos outros se recusam a ajudá-las; onde existem desigualdades gritantes a todos os níveis; onde falta a liberdade por questões religiosas e se cometem atrocidades em nome de um Deus; onde a guerra e as armas são um negócio em que a vida humana não tem valor; e onde, entre muito mais coisas que poderia apontar, crianças são vitimas de abusos sexuais ou crescem no corredor da morte à espera de atingir os 18 anos. Se a isto juntar o egoísmo desenfreado de alguns a nível económico e o mal que essa atitude tem trazido ao mundo…..por momentos dou comigo a questionar-me…. que sentido tem o meu blog, tal como o estou a construir? Que importância tem o “meu mundinho”, os meus poemas, os meus desenhos ou o que penso sobre determinado assunto, quando são tantas e tantas as realidades duras e cruéis que poderiam ser alvo de um comentário?
Se, em certos momentos, uma parte de mim tem sérias dúvidas…… no momento seguinte aparece o outro “eu”, aquele que constitui a minha vertente mais positiva a dizer que, se seguisse esse caminho mais sombrio e realista, pouco mais poderia acrescentar a estas “dores do mundo”, diariamente analisadas e comentadas por muitas pessoas bem mais especialistas do que eu. No entanto, o facto de até aqui não ter optado por certos assuntos, não quer dizer que não sinta revolta. De modo nenhum. Porém, ao seguir maioritariamente por essa via estaria a “remexer” em energias que nada constroem. E pouco acrescentaria às pessoas que me seguem ou que têm acompanhado o desenrolar dos posts, todas bem conscientes dos problemas do mundo e, provavelmente, até mais actuantes do que eu.
Ou seja, ao colocar numa balança estas duas vertentes… a que mais pesa, a que mais tem a ver comigo é, sem dúvida, a que alimenta a positividade, a que acredita nos pensamentos e nas energias positivas como forma de alterar e neutralizar o que de menos bom existe. O prato da balança que melhor me define é, seguramente, o que acredita que a pequena energia de cada um, se for orientada no bom sentido, pode contribuir para uma grande energia que ajude este mundo a se equilibrar e a melhorar. Talvez seja utópica…. ou talvez não!
E acredito que essa contribuição pode estar nos pequenos actos, nomeadamente no dar, partilhar, criar, construir, levar a um pensamento agradável, a um sorriso, mostrar outras perspectivas, alimentar a imaginação ou tocar alguém de uma forma diferente da habitual. No fundo aquilo que eu tenho tentado fazer neste dois meses de vida do blog.
Apesar das dúvidas, creio que será essa a via que vou essencialmente continuar a percorrer. Mas não posso nem quero impedir-me de, em determinado momento, seguir por outra mais realista ou negativa, porque algo me indignou especialmente. Porque em todos nós, há dias e dias.