- A linha da vida, dizem, está na palma das nossas mãos. Talvez sim…ou talvez não. Eu prefiro pensar na vida como um emaranhado de linhas, ora rectas, ora curvas, ora cruzadas…e de muitas imaginadas!
- A linha de pensamento precisa de muita segurança para não ter desvios, mas flexibilizá-la revela no mínimo alguma inteligência;
- A linha do tempo é a história do mundo, mas igualmente a nossa história, com muitos momentos marcantes…e muito outros sentidos como semelhantes. E nesse fluir, o tempo vai alterando o mundo, a natureza e transformando-nos também. E vai escrevendo em nós e na nossa pele, aquelas linhas expressivas, tão belas quanto difíceis… como são as rugas!
- No olhar, a linha está em tudo. Pura, como contorno ou escondida na perspectiva, ela é a essência. Aliás, basta pensar como o desenho sintetiza a sua presença. De uma forma geral não temos consciência dessa multitude de linhas e de contornos, porque os volumes ou as cores são mais chamativos e atractivos ao nosso olhar. Porém… a linha está sempre, mas sempre presente.
Pontualmente reparamos nessa essência, nessa linha, mas apenas quando nos provoca uma emoção: ao ver as elegantes linhas arquitectónicas de um edifício, o bonito perfil de um rosto, o contorno de um corpo ou o recorte de uma agradável paisagem. E reparamos na linha do horizonte, pela carga emocional que desperta ao estar associada ao além e ao desconhecido;
- Visíveis ou invisíveis, as linhas estão nas páginas de um caderno ou nas folhas dos livros. E formam a pauta onde vivem as claves, as notas musicais…e tantos símbolos mais!
- Na ponta de um lápis ou de uma caneta que seguramos, nascem as infinitas linhas que formam as letras, as palavras e que desenham o mundo. Estas linhas são arte, são prosa, são poesia…e são parte da magia que alimenta o nosso dia!
Mas são muitas outras as linhas que nos envolvem:
- Na terra que habitamos, existem os virtuais paralelos e meridianos, sendo o mais popular o de Greenwich; e existem as linhas de fronteira…a linha de costa…as linhas de água…as linhas férreas… a linha de metropolitano…
- O céu… é o campo das linhas aéreas e, mais longuiquamente, das linhas-órbita dos planetas e de outros astros, ou ainda das imaginadas linhas que dão forma e nome às constelações de estrelas;
- Na atmosfera e na meteorologia, temos as linhas isotérmicas…as isobáricas… e outras do género mas que não sei o nome.
Também na sociedade que construímos elas são imensas:
- Começando pelas linhas telefónicas, temos as de emergência…de informação…de apoio ao cliente…de saúde…etc;
- Noutros campos, temos as linhas de crédito…as linhas de montagem…as de costura, crochet e afins…
- As linhas de fogo… marcam as guerras deste mundo;
- E no desporto, temos a linha de partida…a desejada linha da meta…a linha de meio campo…a linha de baliza…etc.
E existem ainda as linhas mais invisíveis, psicológicas, de comportamento, de conduta… linhas que seguimos…que nos perseguem…que transgredimos… e os “fios da navalha” das nossas vidas…
Estamos rodeados de linhas, visíveis e invisíveis. E muitas haverá que certamente esqueci. É muito interessante pensar nesse “emaranhado”de linhas que nos envolvem… regem… usamos… seguimos… vemos…
…mas curiosamente, neste tão amplo contexto, o “manter a linha” é uma das tarefas mais difíceis!!!
Querida Dulce, simplesmente adorei seu texto! Entrei rapidinho para parabeniza-la, mas literalmente ” vou dar linha ” kkkkkkkkkkkk Um grande beijo no seu coração !
LikeLike
Agradeço imenso o comentário e de saber que o texto agradou. Muito obrigada!
LikeLiked by 1 person
Lindo!
Ainda ontem passei a linha que nos separa da obra de arte, ao admirar “Paysage aux Arbustes” de Jean Dubuffet, no Museu Berardo. Diversas vezes fui repreendida pelo guarda atento…e eu atenta às linhas do artista, e a linha de separação afasta tanto o observador, a mim da obra, …como dizes e muito bem, é tão difícil manter a linha, as linhas.
É a vida.
LikeLike
Há sempre mais uma linha à nossa espera, para respeitar ou transgredir….e a situação que referes é um bom exemplo. Umas linhas que te chamavam… e uma linha que te afastava…muito curioso mesmo! Dava outro post!!!
Fico muito agradecida pela presença e pelas tuas palavras!
LikeLike
Adorei! Parabéns.
LikeLike
Fico muito contente por saber que o post foi bem recebido e do agrado.
Muito obrigada pela presença e pelo comentário!
LikeLike
Adorei!! Nunca tinha pensado neste emaranhado de linhas que nos ‘perseguem’ toda a vida… Até entre tu e eu existe uma linha…. a da descendência! ahahaha Parabéns pelo texto! 🙂
LikeLike
Esqueci-me de referir uma das mais importantes e que tão bem relembras: a linha que une uma família, que une avós, pais, filhos…gerações…. Boa!
Quanto à nossa linha…é sempre especial!
Bj e obrigada pelo comentário!
LikeLike
O teu post dá que pensar… parece que tudo começa com uma linha. Talvez porque a linha se assuma como um elemento organizador, opondo-se ao caos, à contingência, à indeterminação.
Kandinsky começou pelo ponto, passando pela linha para, finalmente, deter-se sobre o plano em “Ponto, Linha,Plano”, escrito em 1926 (tradução portuguesa das Edições 70, colecção Arte e Comunicação).
Aqui vai uma prenda dele para ti como agradecimento pelo post.
LikeLike
Bem…nunca imaginei ter uma prenda do Kandinsky!!! Pontos…linhas…planos…seja o que fôr!
Ainda bem que apreciaste o texto. E o que mais me agrada perceber é o facto de, até certo ponto, ele poder servir para estimular um “olhar” mais atento.
Muito obrigada!
LikeLike