Não entendo o que se passa com os nossos jovens, com os seus pais ou com as agências que organizam as suas viagens de finalistas. Não entendo, ponto final.
Sobre a situação ocorrida recentemente em Espanha e que culminou com a expulsão de algumas centenas de jovens portugueses de um hotel, é possível que a verdade esteja no meio, porque normalmente é aí que ela se situa quando existem posições extremadas. Contudo, mesmo que assim seja, a verdade é que algo não correu bem. Por isso pergunto:
- Será que uma viagem de finalistas, a primeira saída que a maioria dos jovens faz sem o controle dos pais, justifica determinados comportamentos?
- Estarão tantos jovens contra os princípios que, presume-se, os pais lhes terão ensinado e incutido? E então agem por oposição quando saem sozinhos de casa pela primeira vez ? Ou será que simplesmente não têm princípios?
- Será necessário recorrer ao álcool, a drogas e comportamentos excessivos para que uma viagem de finalistas corra bem e seja interessante? É isto que para eles significa uma viagem de finalistas?
- Se algo não estava a funcionar bem por parte do hotel, como parece que aconteceu, não existem os organizadores da viagem para atempadamente entrarem em campo, dialogar ou, se necessário, recorrer a meios legais para resolver a situação?
- Mesmo que a destruição ocorrida seja mínima…será isso normal? Eu ouvi adultos a comentar na televisão…que achavam que isso era normal… e fazia parte destas viagens!!! Está tudo louco?
- Onde está a responsabilidade e o bom senso? Não deveriam já existir aos 17 ou 18 anos de idade? E será que ela existe…em muitos adultos?
- Onde está a capacidade, o discernimento ou a humildade para aceitarmos que os nossos filhos falham… e que também se portam mal? Porquê desculpabilizá-los sempre?
- Onde está o gozo da liberdade com regras, com respeito e sem interferir com os demais? Onde está tudo isto que é o mais importante na vida em sociedade?
Por fim, será normal…que tantos considerem tudo isto normal?
E que naturalmente se defenda a atitude destes jovens (sem generalizar, obviamente!), pondo as culpas… nas circunstâncias?
Nas circunstâncias?
…
Participei numa viagem de finalistas em meados dos anos setenta, após o 25 de Abril de 1974. Houve pontualmente um pouco de álcool a mais, mas sem excessos nem actos de destruição. Apenas alegria, apesar de termos à nossa disposição toda a liberdade, ou melhor, uma liberdade ainda recém-nascida. Creio que ainda estávamos a aprender a utilizá-la!
Foram uns dias inesquecíveis. Recordo muitos momentos, mas um deles foi especial: o excesso de alcool incentivou um colega a expressar a sua paixão por outra colega. Namoraram… casaram… tiveram filhos e… até há poucos anos continuavam juntos!
Apetece-me dizer…como era tudo bem mais construtivo!!