… que unem e separam
afagam e agridem
oram,
são fé e devoção
gratidão
calor
paixão
e quanta sensação!
São pele
que procura pele,
gestos
que acompanham palavras,
amor
que protege e embala,
e acção
pura acção,
que tudo materializa
e dá vida à invenção.
Uma mão,
talvez a nossa…
…pode ser a paz
doce
e eficaz,
que outra mão precisa
e juntas,
ser prazer e união!
(Dulce Delgado, Abril 2017)
Imagem retirada de http://lifestyle.sapo.pt/moda-e-beleza/corpo-e-estetica/artigos/maos-como-novas
Muito inspirado e bonito o teu poema… e talvez só a poesia, com as suas metáforas e liberdade de sentido, possa plasmar, em poucas palavras, a diversidade de um mundo imenso de sensações.
Também as “Mãos” tocaram a poesia da Sophia de Mello Breyner que, com o mesmo título, escreveu:
Côncavas de ter
Longas de desejo
Frescas de abandono
Consumidas de espanto
Inquietas de tocar e não prender.
originalmente publicado em Coral (1950), quando tinha 31 anos, e republicado em Obra Poética I, Lisboa: Editorial Caminho, 1990, p. 228.
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As mãos são um tema “sempre à mão”! Basta olhar um pouco para elas e encontrar-lhes palavras, poesia, arte, o que quisermos. Muitos o têm feito.
Esse olhar que partilhas da Sophia de Mello Breyner é um deles. Muito bonito e que diz tanto em tão pouco. Aliás, como ela era perita em fazer.
O Manuel Alegre, por exemplo, também tem uma versão que gosto, mas mais “lutadora”. E recordo um ensaio muito bom sobre a importância das mãos, em especial no processo criativo, da autoria de Henri Focillon. Chamava-se ” Elogio das mãos” e quando o li, há muitos anos, gostei imenso.
Obrigada pelo comentário e pela partilha!
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Que bonito!! Lindo! as mãos são….tudo! 🙂
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Mas por vezes esquecemo-nos da sua importância e tornamo-las numa “ferramenta” banal! De vez em quando é bom olhá-las com outro olhar e explorar-lhes as potencialidades!
Obrigada pelo comentário!
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Fernando Pessoa
Dá-me as mãos por brincadeira
Dá-me as mãos por brincadeira
Na dança que não dançamos,
Porque isso é uma maneira
De dizer o que pensamos.
Dá-me as mãos e sorri alto,
A vigiar o que rio,
Bem sabes que assim já falto
A pensar coisas a fio.
Não quero largar as mãos
Assim dadas por brinquedo.
Deixa-as ficar: há irmãos
Que brincam assim a medo.
Não largues, ou faz demora
A arrastar, a demorar,
As mãos pelas minhas fora,
E já deixando de olhar.
Que segredos num contacto!
Que coisas diz quem não fala!
Que boa vista a do tacto
Quando a vista desiguala!
Deixa os dedos, deixa os dedos,
Deixa-os ainda dizer
Aqueles dos teus segredos
Que não podes prometer!
Deixa-me os dedos e a vida!
Os outros dançam no chão,
E eu tenho a alma esquecida
Dentro do teu coração.
Todo o teu corpo está dado
Nas tuas mãos que retenho.
Mais vale ter enganado
Do que ter porque não tenho.
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Muito obrigada por deixares aqui este poema. Não o conhecia, e adoro surpresas…especialmente quando são boas!!.
Gosto deste intercâmbio de saberes. O blog fica mais completo e nós mais ricos! Muito agradecida!
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