A Cadeia do Aljube, o Forte de Peniche ou as sedes em Lisboa, no Porto e em Coimbra da antiga polícia política PIDE-DGS, foram lugares de ausência de liberdade, de resistência, de violência física e psicológica, de tortura, sofrimento e morte.
Com a revolução ocorrida em 25 de Abril de 1974, faz hoje precisamente 43 anos, conquistamos uma democracia que permitiu a liberdade de acção, de informação e de expressão, e ainda a liquidação dessa repressiva polícia política. Os locais onde ela actuou tornaram-se espaços de difíceis memórias para os que lá estiveram e conseguiram resistir, e quase esquecidos para os que nunca neles entraram.
Entretanto passaram mais de quatro décadas.
Na sede do Porto foi instalado um Museu Militar;
A Cadeia do Aljube em Lisboa foi reconvertida em Museu do Aljube/Resistência e Liberdade;
E o Forte de Peniche, sabe-se agora que será adaptado para espaço museológico sobre a história da Resistência, ficando outra parte afecta a actividades relacionadas com o mar.
Porém…
… na sede de Coimbra funciona desde 2015 um hostel
… e na de Lisboa, a principal dessa macabra polícia, um condomínio de luxo
Talvez seja demasiada ingenuidade da minha parte pensar que a história e a memória deveriam ter mais força do que o lucro; ou que a actual “febre” de instalar hotéis e condomínios deveria ter algum prurido e rejeitar ambientes que acumularam tanta energia negativa e de sofrimento. Penso que isso seria básico e humano. Mas não foi.
Tenho muita dificuldade em entender isso. Em compreender como poderá alguém iniciar um negócio ou escolher viver num edifício onde pessoas foram torturadas e mortas durante anos e anos. No fundo, agir como se nada ali tivesse acontecido.
Sim, eu sei que isto é um ínfimo detalhe, nada mais do que isso. E talvez muito pouco para assinalar este dia tão importante para a história de Portugal e para a liberdade então conquistada. Mas, apesar de terem passado 43 anos, simbolicamente ele tem significado.
Porque revela falta de memória, de respeito e uma profunda insensibilidade.
Você está certo, a memória deve ser preservada tanto em respeito aos que sofreram quanto para que não se repita. O meu abraço.
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É exactamente isso que penso e sinto! Muito obrigada pelas suas palavras.
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Total acordo.
Um abraço do Alentejo onde me encontro.
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Obrigada!
E respira profundamente a liberdade e a vastidão do Alentejo neste Dia da Liberdade!
Bj.
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O respeito, como vejo, não está associado a um rito, um manto de silêncio. Aos resistentes de Portugal, a honra da resistência. Ao tempo, a necessária liberdade de movimentar-se.
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A grande mais-valia das democracias é a diversidade de opinião…e da humanidade, a diversidade de sentires!
Por isso, certamente que teremos formas pessoais de pensar, sentir e lidar, nomeadamente com a energia dos lugares.
Agradeço muito o seu comentário e a participação neste espaço!
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Eu lembro-me nesse dia de ter saído de casa na Trafaria, na margem Sul do Tejo, para ir para o quartel de Caçadores 5, em Campolide, Lisboa e ouvir os comentários das pessoas que viajavam comigo no barco. Eu de nada sabendo acerca do assunto lá fui até ao quartel onde vi todos os meus camaradas de armas prontos para sair para a rua, foi só o tempo de vestir a farda de trabalho, agarrar na G3 colocar os carregadores e lá fomos nós ajudar todos os outros camaradas que já andavam na rua desde a madrugada.
O que descreve acima é uma das consequências da liberdade que o 25 de Abril nos trouxe.
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Liberdade é escolha, mas por vezes o caminho que se escolhe é questionável. Mas não o será certamente para todos!
Agradeço imenso o seu comentário e o testemunho vivo de um detalhe do dia que mudou o nosso país e a nossa vida. Obrigada!
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Obrigado pela visita também Dulce
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