De memória em memória
desenhamos uma linha
de imagens
momentos
lugares
e sentimentos.
Linha
etérea e fugidia
nascida dos meandros
do tempo,
guardiã daquela memória
que deu início à nossa história.
Ilusório será pensar
que as imagens
do passado,
se agarram à linha do tempo
para sempre aí ficar.
Mas não.
Como um vento
de outono
que leva as folhas pelo ar,
também um sopro de tempo
traz o passado ao presente,
e com ele,
os momentos de alegria
as mágoas
a inquietação
os sentimentos de culpa
e talvez…
…talvez o sábio perdão!
Com o passar dos anos,
pode essa linha do tempo
tentar voar com o vento
e fugir,
ou apenas desvanecer.
Mas uma ponta
é sempre nossa,
como um cordão virtual
umbilical,
que une a vida que nos foi oferecida
com a vida por nós vivida
e aquela que iremos ceder.
Um dia,
em paz ou inquietação.
(Dulce Delgado, Fevereiro 2018)