De memória em memória
desenhamos uma linha
de imagens
momentos
lugares
e sentimentos.
Linha
etérea e fugidia
nascida dos meandros
do tempo,
guardiã daquela memória
que deu início à nossa história.
Ilusório será pensar
que as imagens
do passado,
se agarram à linha do tempo
para sempre aí ficar.
Mas não.
Como um vento
de outono
que leva as folhas pelo ar,
também um sopro de tempo
traz o passado ao presente,
e com ele,
os momentos de alegria
as mágoas
a inquietação
os sentimentos de culpa
e talvez…
…talvez o sábio perdão!
Com o passar dos anos,
pode essa linha do tempo
tentar voar com o vento
e fugir,
ou apenas desvanecer.
Mas uma ponta
é sempre nossa,
como um cordão virtual
umbilical,
que une a vida que nos foi oferecida
com a vida por nós vivida
e aquela que iremos ceder.
Um dia,
em paz ou inquietação.
(Dulce Delgado, Fevereiro 2018)
O modo como bem representaste os fragmentos das memórias numa espécie de céu, sujeitas ao “sopro do tempo” e alinhadas num fio imaginário com a ponta segura por cada um de nós, fez-me lembrar os papagaios de papel lançados ao vento durante a nossa infância, e o modo como desenhavam incríveis arabescos ou imaginárias letras e figuras.
Talvez da mesma maneira também elas, as memórias, escrevam as suas histórias e deixem o seu rasto na deambulação pelos céus que habitam, indo ao encontro do título desta música de Max Richter – “Written on the Sky”.
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“…as memórias, escrevam as suas histórias e deixem o seu rasto na deambulação pelos céus que habitam”……um deambular que ficou mais calmo e tranquilo ao encontrar o som deste lindissimo tema que escolheste!
A imaginação leva-nos a tantas imagens…e estas, a minha ou a tua, foram apenas mais uma!
Obrigada pelas palavras e video!
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você escreveu sobre um tema que me é caro e recorrente: a memória. e já no primeiro verso o definitivo(para mim): De memória em memória. muito obrigado por este texto que me alenta ainda mais e por sua lucidez sensível. o meu abraço.
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São as memorias, quer as boas, quer as menos boas, que constroem o nosso passado e uma parte da nossa história. Porque as más, são simplesmente para tentar esquecer… mesmo que isso leve toda a vida!
Obrigada pelas suas palavras!
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Raios… E eu que tenho memória de peixe… xD
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Ter “memória de peixe”, que parece ser bastante curta e fugaz, pode ser muito útil… especialmente porque rapidamente esquece as coisas más e desagradáveis que acontecem!
E assim apenas guarda as memórias do coração!!!
Obrigada pela presença!
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Isso é verdade… Eu não guardo memórias ruins 🙂
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