Sem o pensar,
soube a carícia aquele olhar…
Talvez o pensar
não goste de carícias…
…e o olhar,
não goste de pensar!
Na dúvida…guardei o olhar!
(Dulce Delgado, Fevereiro 2019)
Sem o pensar,
soube a carícia aquele olhar…
Talvez o pensar
não goste de carícias…
…e o olhar,
não goste de pensar!
Na dúvida…guardei o olhar!
…o pensamento mais absurdo:
Quantos momentos tem a Vida?
Um copo cheio…meio cheio…meio vazio…vazio..
Tanto faz. Por agora, interessa o copo.
Associemos a ele um carácter humano e uma existência mais ou menos transparente consoante a vontade de partilhar ou não o seu conteúdo.
Pode ser um copo grosseiro e resistente daqueles que saem imunes de uma queda, ou um copo frágil e sensível que ao mínimo toque fica com marcas e danos irreversíveis.
O facto de ser elegante e de belo porte, ou apenas básico e de uso comum, nada significa quanto ao que pode conter. Um copo de cristal, para muitos o mais perfeito, é beleza exterior porque anima o olhar e o tacto. Porém, pode conter um péssimo vinho ou um desagradável espumante, daqueles que quebram a boa energia a qualquer tchim tchim. Por outro lado, um copo sem estatuto pode proporcionar um momento grandioso de satisfação se, na circunstância certa, conter uma deliciosa bebida ou uma água puríssima e fresca, daquelas que alimentam o corpo e a alma.
Contudo, seja na nossa vida ou na durabilidade de um copo, um imprevisto indesejável pode levar a uma quebra. Sem retorno. O fim do tchim tchim à vida.
Neste divagar…
…tudo é tão relativo na transparência de um copo, como na opacidade da nossa dura, frágil, mas bela existência. Porque o que é ou aparenta ser, pode ser ou não. Tudo pode estar certo no lugar certo, certo no local errado, ou simplesmente tudo errado. Não há normas para a vida, apenas inúmeras hipóteses a serem conjugadas de preferência com algum equilíbrio, o objectivo porque sempre lutamos.
Neste estar, em cada “copo-vida” mistura-se realidade, desejos, sentimentos, emoções e muito, muito mais, em intensidades e proporções variáveis. Depois, ou “bebemos” esse conteúdo de forma impessoal e insípida sem perceber bem o seu sabor, ou exigimos a nós próprios o tempo, a disponibilidade, a sensibilidade e a persistência para degustar o nosso “copo” com mais ou menos moderação, mas sempre com a devida atenção.
Aprecie-mo-lo… de preferência com o espírito do “copo meio cheio”!
Quando a vida não quer
o nosso querer
e diz não,
suponho…
…talvez seja o sonho que vai em contra-mão.
Ou não.
Então,
o que mudar de direcção?
Há quem aprecie insectos e quem os deteste.
Eu gosto, numa relação inversamente proporcional ao gosto que eles demonstram pela minha pele. É claro que uns são mais interessantes do que outros mas, na generalidade, aprecio a sua leveza, subtileza, resistência, função e, em muitas espécies, a beleza.
Muito recentemente, um insecto diferente dos habituais decidiu entrar em minha casa. Era noite quando o encontramos na dispensa e, parecendo morto, ficou sobre a mesa a fim de o observar melhor no dia seguinte.
De manhã, bem vivo, passeava tranquilamente na superfície onde o deixara. Percebi que era bonito, mas só a sessão fotográfica que se seguiu revelou a textura e as cores metalizadas do seu corpo. Algumas pesquisas realizadas levam-me a supor que se tratava de uma Chrysolina americana Linnaeus, 1758
Depois….
…transportado numa pequena caixa levei-o cuidadosamente para um jardim e depositei-o num canteiro com flores. Não sei se o local foi do seu agrado ou se terá ficado aborrecido pelo facto de eu contrariar o seu esforço na busca de um tecto…
…contudo, não tenho dúvida que escolheu a habitação certa para tal aventura. Para além de encontrar gente amigável que lhe poupou a vida e o apreciou, ainda foi fotografado e irá perdurar num post, algures no éter…na “nuvem”…ou por aí…
Até na vida de um insecto, há dias em que as energias e o destino estão de acordo!
Limpo
alaranjado
cinzento
ou chuvoso,
o dia acorda
lento
e silencioso.
No ar,
uma energia
que gosto de acompanhar,
com o corpo
e o olhar
num calmo respirar.
Então…
…no meu trajecto diário
e matinal
pelas margens da capital,
em vários dias parei
naquele lugar,
a fim de fotografar
a poesia
a energia
e o humor de cada dia.
Seis dias…seis imagens…
Em cada uma
um sentir
único e pessoal,
talvez alimento visual
para o humor do meu dia!
Os passageiros que nesta quarta-feira aterraram no aeroporto de Lisboa antes do nascer do sol, foram recebidos de uma forma singular.
A dispersão de nuvens pelo vento “derramou” numa faixa de céu e sobre os aviões que aí passavam um véu fluído de luz, minúsculas gotas de água e energia.
Seria apenas um banal fenómeno atmosférico resultante do interagir de alguns elementos da natureza, mas…..porque não o ver e sentir como algo especial, como uma espécie de graça, bênção, ou algo do género?
Ou como uma forma diferente de dar as boas-vindas e desejar uma boa estadia?
Ou um bom dia?
Ou…apenas uma boa aterragem…
Foram esses os pensamentos que nasceram do meu sentir perante tão magnífica visão.
E silenciosamente, tudo isso desejei aos desconhecidos daquele avião!
Em Novembro último partilhei convosco a votação para a eleição da árvore portuguesa do ano. A escolhida pelo público foi a enorme Azinheira Secular do Monte Barbeiro, representada na imagem acima.
Agora, durante todo o mês de Fevereiro, este belíssimo exemplar está a competir para o título de Árvore Europeia do ano 2019 ao lado de outras espécies oriundas de catorze países europeus. Em 2018, Portugal conquistou esse galardão com o Sobreiro “Assobiador” de Águas de Moura.
Seja pela elegância, história ou dimensão, todas estes exemplares têm algo que é sempre interessante conhecer. Nesse sentido, sugiro que entrem aqui, “acariciem” todas estas árvores com a vossa leitura e escolham as duas que mais vos agradaram. Depois votem! É rápido e nada custa!
Um novo mês…
…e literalmente uma nova folha na minha vida!
Sempre que início uma nova página no livro de ponto que diária e obrigatoriamente tenho que assinar como funcionária do estado, penso: como estarei quando preencher a última linha deste mês?
Pergunta sem resposta, porque o futuro não tem resposta. Apenas possibilidades.
Cada linha está dividida em células, sendo quatro as que me são concedidas em cada dia. Quatro células com tempo…e algumas ideias fantasiosas…
…certamente que o tempo, algo tão volátil e indomável, se deve sentir amarrado e comprimido dentro de cada uma daquelas células…
…sempre que rubrico uma célula, meto-me com o tempo…talvez, até lhe faça algumas cócegas com a caneta…
…e nesse momento silencioso por vezes “ouço”: Ok, Dulce, agradece, este tempo já é teu!
E a Dulce agradece!
– De uma forma mais ou menos tranquila no momento em que rubrico a primeira célula no início de cada mês, como hoje aconteceu mais uma vez;
– E de uma forma bem mais agradecida, ao rubricar a última “célula de tempo” de um mês que termina, como ontem sucedeu…
Nos restantes dias, encaro pontualmente aquele livro e as suas páginas com este pensamento: “Se a Vida o permitir, que surpresas me reserva o “tempo escondido” em todas estas células ainda “virgens”?
Ou nas páginas ainda por preencher?
Ou…em futuros livros?