Andar,
apenas andar…
…e no rosto sentir
a brisa levar,
dúvidas
e inquietações
nascidas no Ser
ou crescidas no Estar.
Andar
apenas andar…
…e o ar sentir
e em ar se tornar!
(Dulce Delgado, Março 2019)
Andar,
apenas andar…
…e no rosto sentir
a brisa levar,
dúvidas
e inquietações
nascidas no Ser
ou crescidas no Estar.
Andar
apenas andar…
…e o ar sentir
e em ar se tornar!
…é o nome dado ao stick que permite apoiar a mão mais dinâmica no acto de pintar ou retocar. Em inglês tem o nome de “mahl-stick ou maulstick”.
Normalmente é talhado numa madeira leve e tem uma das pontas protegida com uma “boneca” de espuma ou algodão envolta num material suave, sem pêlo e não agressivo para as pinturas, sendo o mais indicado a camurça.
A sua função é a de proporcionar segurança nos gestos, especialmente quando estão em causa movimentos de grande precisão e o uso de pincéis muito finos. Na área profissional que escolhi há perto de quatro décadas, a da conservação e restauro de pintura, este é um objecto importante.
Antes de enveredar por esta actividade, desconhecia-o totalmente. Para mim “tento” significava “juízo”; e “ter tento”, apenas “ter juízo”. E durante muito tempo em nada associei este objecto ao termo que eu conhecia. Eram apenas palavras que se escreviam da mesma forma.
Hoje porém, os termos “tento” e “tento” estão muito próximos. Na verdade, preciso de “tento” (juizo) para aceitar com humildade que as capacidades se vão alterando com o passar dos anos, sendo “o tento” (objecto) imprescindível nesse processo. Porque sem ele, o cansaço no braço é uma realidade bem sentida, e os resultados imprecisos e não satisfatórios. Mas com ele na mão esquerda, a direita sente-se apoiada, confortável, segura e ainda capaz de tudo.
Olho para este companheiro de profissão com um carinho especial e como uma extensão do meu corpo. Talvez com o mesmo sentimento de quem utiliza uma bengala como auxiliar de marcha para se sentir mais seguro.
Os anos passam e as circunstâncias mudam. O importante é estarmos atentos a essas mudanças e a aceitar com abertura e lucidez os “tentos” necessários para que a vida se mantenha saudável e equilibrada.
Poesia…
…uma árvore plantada
na sensibilidade dos dias,
nascida da energia
boa ou dorida
dos afectos
e da vida.
O tronco,
será a Ideia nascida da semente
e amadurecida nas raízes…
Os ramos,
os caminhos a trilhar pelas palavras
na expressão do seu sentir…
E as folhas,
os detalhes que diferenciam
cada árvore-poesia,
pedaços de alma
que lhe dão força e energia!
Ao dia da Árvore, da Poesia e da Criatividade
(Dulce Delgado, 21 Março 2019)
Folheia hoje a Natureza mais uma página do tempo com a chegada da Primavera.
Curiosa, em vários momentos esta estação já espreitou pelas frestas dos dias e aqueceu demasiado o nosso sentir. O inverno não aceitou bem essa intromissão e esfriou marcadamente as noites das últimas semanas, efeito sentido com amplitudes térmicas diárias que chegaram aos 15 graus, algo dificilmente aceite pelo nosso organismo.
Hoje, finalmente, às 21h 58 m, uma Primavera confiante do seu poder e força abriu a porta do tempo e disse silenciosamente “Estou aqui, cheguei!”
Não sei como o Inverno vai aceitar a sua vinda e os ajustes entre ambos serão certamente por nós sentidos com aceitação ou incompreensão. A Natureza tem humores, mas também discernimento para actuar da forma necessária a partir das premissas e condições a que está exposta, e dos desequilíbrios que nós humanos lhe vamos proporcionando. Infelizmente e da pior forma, diga-se.
Que seja uma doce Primavera nos meandros complexos da história deste hemisfério norte….
Que seja um Outono capaz de harmonizar e acalmar as energias perturbadoras do hemisfério sul….
E por último, que se revele apaziguadora das intranquilidades que habitam em cada um de nós…
O planeta terra agradece. E nós também!
A Quinta do Pisão é um espaço de natureza integrado no Parque Natural Sintra-Cascais e gerido pelo município desta ultima vila.
Em 2016 mencionei-o num post a propósito da exposição Landart Cascais que nele se realiza anualmente e na qual são expostas ao ar livre obras de vários artistas convidados.
Este ano voltei a ele, pela primeira vez fora do contesto desse evento que normalmente se realiza entre a Primavera e o Verão, ou seja, numa época de maior calor e secura. Visitado agora em pleno Inverno e após uns dias de chuva, ofereceu uma paisagem exuberante e muito verde. Fomos igualmente surpreendidos com a recuperação de espaços degradados, um dos quais adaptado a centro de interpretação.
Este espaço rural tem ainda uma horta biológica com venda directa ao público e muitas outras actividades educativas e de lazer.
Para terminar, é importante dizer que possui vários percursos interpretativos que proporcionam um belíssimo e bucólico passeio, como revelam as imagens que se seguem.
Descobri
ser hoje o dia do Pi…
…aquele número decimal,
irracional
e cheio de história,
que habita um recanto
bem escondido da memória.
Um estranho
e infinito número
que nem sempre entendi…
…mas há séculos nascido
da relação não amorosa
mas feliz para a ciência,
entre o perímetro e o diâmetro
da famosa circunferência.
A necessidade de limitar
o seu infinito tamanho
a tão finito lugar,
levou a abrevia-lo
e ao grego ir buscar
um símbolo para o nomear.
π
3,14…
ou Pi, para os amigos…
…um número ímpar
culpado por complicar
mas sempre com álibi!
E que rima com sorri,
esse doce trejeito
que talvez possa estar
na face de quem leu
este poema até aqui!
Cordiais saudações ao Pi, neste seu dia!
Aprecio profundamente as formas criadas por acção da natureza.
Gosto de procurar esses elementos naturais, imaginar o seu percurso e com eles partilhar o meu olhar no espaço onde habito.
São troncos e raízes, a maioria esculpidos pelo mar ou por um rio. Caso falassem, estou certa que contariam longas histórias de lugares e aventuras.
São obras criadas por uma natureza-artista, bela, inquieta e extremamente expressiva…
E com esta expressiva saudação da última imagem, desejo uma boa semana!
Ao longo dos quase três anos deste blog, tenho tentado manter a mesma linha que o levou a nascer: partilhar sentires, momentos, lugares e alguma da criatividade que comigo nasceu, mas de uma forma tendencialmente doce, positiva e discreta, porque é essa a forma que tenho de estar comigo e de me enquadrar no mundo. Acredito, com humildade, que as energias daí nascidas são boas e que o mundo precisa das nossas melhores energias. Tento apenas contribuir com uma ínfima parte.
Contudo, sendo uma cidadã do mundo, é óbvio que há situações que geram outro tipo de energias menos simpáticas. Em resposta, não as alimento com raiva, porque esse é um sentimento que não quero dentro de mim; também não as alimento dando continuidade de uma forma quase irracional em redes sociais, como vemos amiúde; e, de uma forma geral, não as alimento com grandes conversas porque, seja em que campo for, há sempre pessoa preparadas e especializadas para falar, escrever e debater esses temas mais polémicos com competência e seriedade. Eu nada acrescentaria de novo.
Hoje, porém, vou desviar-me um pouco dessa linha de conduta, sendo certo que a energia emocional com que escrevo não é doce nem mesmo positiva. É de tristeza, incompreensão e, não obstante estar ciente que estas palavras nada acrescentam, preciso de as escrever.
Fazendo a ponte…
Apesar de vestir amiúde o preto, porque gosto dessa cor e nunca a associei a luto ou a dor, hoje vesti uma peça desse tom conscientemente e por uma causa. É um preto/negro solidário, porque esta noite mais uma mulher foi morta em Portugal pelo seu companheiro, exactamente no dia de luto nacional pela violência doméstica.
Estamos na décima semana do ano de 2019 e esta última vítima foi a 12ª a morrer no meu país. A continuar este ritmo, serão o dobro do ano anterior. Caberá ao estado e às suas instituições agir rapidamente sobre a situação, esperando que esse agir seja firme, real e com efeitos a curto prazo, pelo menos na actuação a ter com casos já referenciados. Não será tolerável que as acções recentemente divulgadas e ainda em fase embrionária não sejam desenvolvidas com rapidez e rigor. Vamos aguardar, mas todos sabemos que algo tem que ser feito.
Como ser humano, revolta perceber que as situações de violência existem porque o senso, o chamado bom senso deixou de existir e foi completamente engolido por sentimentos doentios, irracionais e até capazes de matar quem, em certo momento, se escolheu para partilhar a vida ou mesmo ter filhos.
É difícil imaginarmos o leque de emoções que este tipo de acontecimento/violência deverá gerar ao longo da vida dos protagonistas, especialmente das vítimas: haverá amor e ódio, ilusão e desilusão, alegria e dor, confiança e terror. E haverá o viver ou o morrer.
Todas as vítimas foram mulheres. Doze homens do meu país preferiram alimentar o seu orgulho masculino e matar por ciúme, amor ou ódio. Preferiram escolher a cadeia e muitos anos sem liberdade a aceitar que as situações e os sentimentos mudam, e que as suas companheiras não são objectos nas suas mãos.
A realidade nua e crua mostra que às mãos desta ignorância e de tanta falta de educação vão morrendo seres humanos que, um dia, sonharam e desejaram um futuro de paz e de comunhão com os seus parceiros.
E infelizmente, mais se seguirão.
Se por um lado é necessário actuar de imediato em algumas frentes, creio que será na família e na escola que estará a solução para este problema, mesmo que os efeitos sejam a médio ou longo prazo. Sensibilizar os jovens, será a chave.
Então que esse papel seja assumido com empenho pelo estado e pela sociedade no geral, e por todos nós em particular no nosso pequeno circulo de acção. Será a solução para uma meta a atingir. Sem desvios nem recuo.
Hoje, o meu preto, é mesmo de luto.
Intenso,
o vento sopra
na profundidade do meu ouvir,
na pele da minha face
e na frescura desse sentir.
E ecoa na mente…
…entre pensamentos soltos
deste viver,
energias livres
de história
ou raízes.
O que lhes diz?
Nada…
…apenas os afaga
e com eles dança feliz!
…aviões de giz
riscam aleatoriamente o azul dos dias,
por rotas que a mente desconhece
mas o olhar aprecia!
Nessas linhas, é fácil imaginar histórias…
Com céu em tons de azul (ou em qualquer outro tom)… desejo um excelente fim-de-semana!