Há memórias de infância que ficam bem guardadas, talvez pela ingenuidade a que estão associadas. Recordo pensar que, se fosse caminhando sempre em frente, chegaria a um ponto em que o chão acabava e haveria um enooooorme precipício para o qual poderia espreitar. Essa ideia era assustadora, mas simultâneamente fascinante.
Depois, quando percebi que a terra era redonda, surgiu outra dúvida e esta talvez ainda maior: como é que as pessoas que estavam no outro lado da bola não caíam?
A ida para a escola esclareceu naturalmente estas interrogações silenciosas que me habitavam. Também o aparecimento em casa de um globo terrestre onde o meu país quase não se via contribuiu para a ideia ainda em formação sobre a real dimensão do planeta.
Contudo, creio que a grande tomada de consciência aconteceu já em adulta quando saí de Portugal pela primeira vez e levei duas horas e pouco para percorrer de avião os 2000 kms que separam Lisboa de Paris…ou seja, percebi que precisaria de 20 viagens iguais para dar a volta aos 40 mil quilómetros do perímetro da terra. Esta constatação, sentida na pele e acompanhada pelo olhar que não saía da janela do avião, foi algo de magnífico e inesquecível.
O tempo passou…
Apesar de ainda não ter viajado para além das fronteiras da Europa, a dimensão, características e beleza do nosso planeta fascinam-me totalmente e geram em mim um enorme respeito. Mas igualmente dor e tristeza pela forma como nós, simples convidados, temos maltratado este nosso anfitrião.
Hoje é o Dia Mundial do Planeta Terra.
O dia daquele planeta azul que nos acolheu neste infinito Universo…. e que as tecnologias como o Google Maps ou o Google Earth permitem “controlar” com um cursor e percorrer de lés a lés apenas com um click. Maravilhoso, sem duvida.
Mas também é o dia daquele pedaço de terra que eu imaginei “terminar num precipício”….uma imagem-metáfora que ninguém deseja, mas que já esteve bem mais longe de se tornar realidade.
Imagem retirada de http://institutoecoacao.blogspot.com/2017/04/dia-22-de-abril-dia-internacional-do.html
Contrariamente à imensidão do mundo e aos milhares de quilómetros que são precisos para o percorrer, este vídeo é sobre um pedacinho desse mundo, um pedacinho que alguém queria transformar num Éden e não deixaram.
Pode ser uma alegoria à pequena dimensão do nosso mundo, numa escala universal, e ao jardim que este planeta pode ser mas que muitos, infelizmente, teimam em destruir.
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Obrigada Zé, por mais este detalhe que adicionaste ao post, sobre alguém a quem não foi permitido dar continuidade a um projecto que nenhum mal fazia. No fundo era uma forma revolucionária de actuar, e de fazer política também. Mas incomodou. E quando alguém incomoda, cortam-se as asas.
Não conhecia esta personagem nem a história deste efémero recanto verde… nascido no planeta azul.
Azul…mas infelizmente com tendência a acinzentar…
Obrigada mais uma vez e boa semana!
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Legal, Dulce. Parabéns pelo texto!
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Obrigada. A verdade é que a nossa “terra” merece sempre mais umas palavrinhas e alguma atenção extra!
Desejo uma excelente semana!
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Até hoje não sei como as pessoas não caem.
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Porque somos muito apegados à terra… 😁
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Perfeito
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As dúvidas perenes são deliciosas!
Mas a gravidade sabe! É só perguntar-lhe!
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Pensar sobre o nosso futuro neste pedregulho às voltas no espaço assusta… Não pensar assusta ainda mais.
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Se calhar o melhor é apenas aproveitar a viagem!
Obrigada!
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Isso, de qualquer maneira, temos de fazer. Se não, qual seria a razão? 😀 Beijinhos e bom feriado!
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