o professor e o louco

 

 

Um dicionário ou uma enciclopédia ocupam na maioria das habitações um recanto de uma estante… mas todos sabemos que são cada vez menos utilizados.

Se a minha geração ainda continua a recorrer a eles porque cresceu fazendo esse gesto, já as seguinte dizem: “Dicionário para quê? Vai-se à net!”

Sou especialmente apreciadora do dicionário Lello Universal, através de uma edição organizada e publicada em 1978 pela Livraria Lello &irmãos (Porto), composta por dois grandes volumes com letra muito pequena e onde se encontram palavras que outros mais recentes não possuem. É uma delícia de livro, ainda com desenhos/gravuras a complementar muitas das entradas.

Ele está na prateleira para quando é necessário. No entanto, apesar de o apreciar e usar, é um dado adquirido, como tantos outros que temos na nossa vida. Nunca levei o meu pensamento para a sua construção, o que lhe deu origem, quem realmente o concebeu, quantos anos terá levado a surgir a primeira edição, etc, etc

O Professor e o Louco é um interessantíssimo filme irlandês realizado por Farhad Safinia, que tem como actores principais Mel Gibson e o magnífico Sean Penn, este último num dificílimo papel. Encontra-se em exibição em muitas salas de cinema portuguesas e é um drama biográfico passado no séc. XIX que narra o nascimento do conhecido Oxford English Dictionary.

Numa época em que se escrevia com tinta e aparo, a distância que separava aqueles pioneiros das potencialidades dos nossos computadores e das tecnologias de armazenamento actuais, era tão grande como a que nos separa da ideia ou do trabalho mental e físico que implicou compilar os volumes daquela enciclopédia.

É um fosso que eu senti minimizado ao visualizar este filme, razão porque o estou aqui a divulgar. Neste século XXI, a fim de melhor compreendermos a actualidade e de lhe dar o devido valor, temos o dever de conhecer este detalhe desconhecido do séc. XIX.

Esta película, na sua essência, é ainda um filme sobre uma profunda amizade e sobre a empatia que se gerou entre dois seres especiais. Gostava de referir igualmente a presença de duas personagens femininas representadas por Jennifer Ehle e Natalie Dormer, ambas de enorme força, saber e sensibilidade, tendo em conta o papel da mulher naquela época.

Espero que o procurem num cinema e que o apreciem, sabendo que relata um episódio verídico da história do pensamento e das palavras que nos unem e que circulam neste mundo.

 

 

 

5 thoughts on “o professor e o louco

  1. Estou para ver esse filme Dulce, pareceu-me interessantíssimo o trailer. Provavelmente ainda amanhã o verei.
    P.s. também tenho esse dicionário na casa da minha mãe mas é dela, em tempos já o usei também 🙂

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    1. Talvez este post tenha sido o empurrãozinho…
      Se sim, espero que o tenha apreciado tanto como eu!
      Quanto ao Lello Universal…
      A mãe da Irina deve ser da minha geração, mais ou menos. Naquela altura era um dicionário importante. Também os meus pais o tinham, daí eu ter adquirido depois de ter saído de casa.
      Nestes tempos tão tecnológicos, continuo a achá-lo um dicionário delicioso….coisas de “cota”!!
      Obrigada Irina e desejo uma tranquila semana!

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      1. Eu já andava cá por casa a “melgar” o meu parceiro para irmos ver, ele andava-me a torcer o nariz. Acabamos por ir e, adoramos os dois. Desconhecia como tinha sido feito o dicionário, quais os processos envolvidos, foi toda uma grande aprendizagem.
        E a historia em si, foi muito cativante, valeu bem a pena.
        A minha mãe é mais ou menos da sua geração (não posso referir idade senão se ela descobrisse este comentário, por acaso, estaria em maus lençóis).
        Um beijinho grande Dulce e uma boa semana para si também.

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