O tempo passa…
…em nós, na natureza, nas cidades, nos edifícios e na generalidade da matéria.
A vivência deste pacto deixa marcas, cicatrizes e detalhes que o olhar por vezes questiona com a curiosidade que lhe é própria. Foi nesta dinâmica que recentemente encontrei este muro numa rua de Lisboa, uma estrutura aparentemente isolada mas esculpida pelo tempo e revelando sinais de um passado de histórias.
Um olhar mais atento captou a textura e a irregularidade da sua superfície em resultado de uma amálgama de construções, acrescentos e talvez funções. É possível que tenha abrigado uma porta ou janela…tem orifícios supostamente com função de escoamento…e foi, sem qualquer dúvida percorrido por água, detalhe revelado pelas ruínas de uma tubagem cerâmica que guarda nas entranhas.
Muitas transformações originaram esta superfície ecléctica e irregular que hoje abriga ervas daninhas, teias e aranhiços, e que vive adjacente a um passeio localizado numa rua pouco movimentada da cidade.
Desconheço que segredos visuais guardará no outro lado. No entanto, gosto de o pensar como um todo, com exterior e interior, e como uma construção activa que já viveu muito.
Talvez ele guarde recordações de corpos e de mãos que nele se apoiaram… recordações de partilha, de felicidade ou de dor… e recordações de tudo o que a imaginação nos possa permitir. Talvez…
Objectivamente, ele é uma obra de arte do tempo… e um belo muro com história!
Gosto deste seu olhar interno observador. Também faço estas coisas de vez em quando… internamente Dulce. Abraços
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Obrigada Bia, por esse seu olhar também apreciar o meu. É sempre bom saber isso!
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Que olhar de detalhe…. muito bem visto! É só estar atenta… Parabéns! ❤
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Obrigada filha, fico contente por teres apreciado.
Bjs
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Gosto da ideia subjacente a este olhar: “tudo o que existe, tem uma história”. Brilhante!
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E não será Miguel?
Basta estarmos atentos mesmo ao que está bem perto.
Obrigada e uma boa semana!
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I might find a wall with a little history around here, but nothing like this! It’s wonderful – so many layers and possibilities. I like your mediation very much.
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I like to wander in the city and capture the details of the passage of time in it’s “skin”. As in nature…and as in us!
Thank you very much for commenting and being present.
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I think about the similarities between the deeply incised bark of old trees and wrinkled skin, but you remind me that we can also include the time-worn skin of buildings – I like that idea.
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