o que é nosso

 

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No complexo contexto económico em que vivemos a solidariedade entre países é importante, mas neste momento é fundamental que todos apostemos um pouco mais no recanto onde nascemos. Como portuguesa, creio que apostar naquilo que é fabricado e produzido em Portugal nunca foi tão urgente como agora. Este é o nosso terreno, tem as nossas raízes e precisa de nós. Como tal, nunca serão demais os alertas que nos orientem para uma mudança de paradigma na forma de comprar/adquirir produtos.

Tudo começa no acto de verificar a etiqueta/rótulo antes de comprar, assim como na opção pelo comércio local/pequeno comércio, em regra mais associado a produtores de proximidade. Mas não só. Os tempos mudaram e outras formas de comércio são agora banais, pelo que muitos produtores e fabricantes nacionais apostaram e/ou reforçaram a venda dos seus produtos por meios digitais. Vejamos alguns exemplos:

 

Não vivendo o corpo só de alimentos, são muitas as áreas de actividade em que é possível apostar no fabrico nacional. Seguem-se alguns exemplos:

 

Longe de mim fazer qualquer publicidade neste blog. Apenas estou focada no termo made in Portugal e estas marcas são representativas desse princípio. Muitas outras poderão ser encontrados na plataforma afabricaportuguesa, apenas acessível através do Instagram e que abrange diversas áreas

O mesmo tipo de pensamento deverá acompanhar os portugueses que este ano pretendem e podem fazer férias, dando preferência ao nosso país e ao seu enorme potencial. Dessa forma estaremos directamente a contribuir para a manutenção de muitos postos de trabalho. Não será essa uma boa premissa a ter em conta no momento de desfrutar as nossas férias?

 

(Apesar deste espírito em “apostar no que é nosso” já estar presente em muitos portugueses, relembrar e actuar em conformidade é o mínimo que todos podemos fazer)

 

 

 

 

 

 

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malmequer

 

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No Dia da Espiga de 2018 publiquei um texto sobre este evento, acentuando os laços afectivos e as recordações a que ele me leva. Não gostando de me repetir e sendo hoje novamente esse dia, fica o link para esse post caso algum leitor esteja interessado em ler.

Contudo, volto a este tema numa outra perspectiva e centrando-me na flor do malmequer, uma das que compõem o ramo da espiga e que simbolicamente representa a riqueza, um termo amplo e de várias leituras. Relembro…

…a riqueza material

…riqueza anímica

…riqueza interior

…riqueza moral

…riqueza afectiva

…riqueza criativa

…riqueza de olhar

…muita riqueza disponível para ser partilhada, exteriorizada, espalhada, assimilada, etc., e aqui simbolicamente representada na fotografia que inicia o post.

Pode ter tanto para dar um campo de malmequeres!

 

 

 

 

experimentações #8

 

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E um dia, naturalmente, a vontade de cor espreitou e quebrou a hegemonia do preto e branco. Peguei nos guaches e saiu esta controlada composição geométrica, sem perspectiva e essencialmente um belíssimo treino de mistura de cores e de busca de tonalidades.

Mas a cor só espreitou, ainda não ficou…

 

(Dulce Delgado, guache sobre papel, Setembro 1977)

 

 

 

momentos especiais

 

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Hoje, ao fim da tarde, o céu ofereceu este espectáculo a quem se encontrava na zona oeste/ noroeste da cidade de Lisboa. O sol e as nuvens brincaram e criaram um segmento de arco-iris que se abriu numa espécie de portal … triangular … e estrategicamente localizado.

Não sei se a natureza quereria dizer algo a estes estranhos tempos. Talvez sim. Ou talvez não.

Eu prefiro pensar que sim!

 


 

Como este fenómeno começou e evoluiu:

 

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Depois… rapidamente terminou!

E eu agradeci!

 

 

 

duendes e afins…

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Ao ler que a 13 de Maio, hoje portanto, se celebra o Dia do Duende, não resisto a lhes dedicar algumas linhas. A eles a todos os seus amigos que adquirem vários nomes consoante as mitologias em que se enquadram.

Parece que estes seres-energia são muito pequenos, gostam de se vestir de verde e são extremamente rápidos a ponto de se tele-transportarem. Apreciam as nossas casas, são muito travessos e gostam de se meter com os humanos, ora para os ajudar ora aprontando das suas e atrapalhando os nossos dias. Enfim, podem ser uns anjinhos ou uns pequenos diabinhos!

Tendo em conta estas características, gosto de imaginar que eles nos acompanham e que de vez em quando circulam pela casa num espreitar invisível, actuando no escuro da noite ou mesmo em plena luz do dia. De que modo?

…mexendo nos livros e tirando-os da ordem

….fazendo cair objectos sem razão objectiva

…mudando coisas do sítio

…escondendo objectos em lugares que a memória não lembra ou totalmente absurdos

…e adorando sujar o que acabamos de limpar!

 

No entanto, na sua versão de “anjinhos” …

 

…levam-nos a encontrar/descobrir o que há muito procurávamos

…fazem-nos reparar em detalhes que levarão a encontrar soluções ou a compreender situações

… são uma espécie de interruptores que nos “dão luz”

…e são despertadores da nossa intuição!

E quando em silêncio se riem  à nossa volta deixam-nos bem dispostos…e quando estão chateados, deixam má energia no ambiente…

 

Sim, meu caro leitor, eu sei que estou a divagar e que tudo isto é/pode ser justificável com as nossas distracções, com os actos falhados que todos temos ou pelo duelo entre o consciente e o inconsciente de que somos palco. Porém…

…é muito mais engraçado pensar que uma boa parte dessas situações se devem à presença atrevida desses seres que se escondem nos cantos das nossas casas. E que se riem de nós, e que jogam às escondidas connosco e que fazem partidas…

Então…

…porque não mantermos este olhar um pouco mágico sobre a Vida, sobre os dias e sobre a passagem do tempo e, com humor, duvidarmos das nossas certezas, aceitarmos as nossas falhas e principalmente, que somos apenas mais uma forma de energia que circula no meio de tantas outras?

Porque não?

 

 

(Desenho e texto de Dulce Delgado)

 

 

 

 

 

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62

 

Dooois? Onde estás?

– Quem me chama?

– Eu, o Seis. Anda aqui!

…?

– Senta-te aqui a meu lado!

O Dois senta-se pouco convicto à direita do Seis. Este último sorri e diz:

– Chegou a tua vez de ficar aqui deste lado. O Um foi ontem embora e tu és o seguinte. Não posso ficar sozinho, preciso de me encostar a ti durante um ano…

– E eu tenho que ficar quietinho?

– Sim. Podes espernear mas não sair…

Sentado mas inseguro, o Dois está surpreso e sente-se estranho. Fica silencioso, reflecte, medita… e momentos depois mais consciente da situação diz:

– Ok, se chegou a altura de eu ficar um ano a teu lado e ambos um ano na vida da Dulce, então devemos cumprir o melhor possível essa missão. Já estivemos juntos há muito tempo, quando eu estava no outro lado… éramos mais novos….e tínhamos todos outra energia. Agora, com um pouco mais de experiência tudo devemos fazer para tornar os próximos 365 dias de vida da nossa amiga saudáveis, criativos, afectivos, atentos, de partilha e tranquilos, apesar de se vislumbrar um ano de fortes emoções já que será avó pela primeira vez e está muito feliz com isso. Temos que tentar que tudo corra bem!

– Vamos a isso, diz o Seis! Sejamos então uns simpáticos Sessenta e Dois!

 
Discretamente e com muito carinho, agradeço a intenção do 6 e do 2…dos 62…e desejo com esperança, emoção e do fundo do coração que tais palavras se concretizem e sejam uma realidade!

 

 

(Dulce Delgado, 7 Maio 2020)

 

 

 

 

 

a rotunda das papoilas

 

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Por muito criativas que sejam os milhares de rotundas de circulação rodoviária existentes neste país, nenhuma até agora me cativara o suficiente a ponto de lhe dar duas voltas a pé para apreciar e fotografar o espectáculo que me oferecia. 

Esta rotunda tem meia dúzia de árvores plantadas, vivendo o restante espaço da dinâmica das estações do ano. Diria que é um círculo de terra gerido pela natureza onde naturalmente ela expõe a sua criatividade, sem qualquer interferência humana.

Este ano a Primavera pintalgou-a de várias cores, mas é o vermelho das papoilas que impera fortemente.

 

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Hoje vou olhar apenas para estas flores silvestres e para a sua cor, beleza, força, simplicidade e fragilidade. E para a atracção que exercem sobre muitos de nós, atracção que eu penso vir exactamente desse misto de sentires quase opostos que nos proporciona, como é a força da cor versus a fragilidade da flor.

Primeiro atrai-nos pela cor, pelo vermelho da paixão e das emoções fortes. E depois pela  fragilidade com que reage a qualquer aragem e pela aparente vulnerabilidade. Essas sensações desencadeiam naturalmente uma vontade de aproximação e de protecção… originando em nós um olhar bastante emocional e afectivo.

 

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A par da cor e da fragilidade, também a expressividade é evidente. Manifesta-se especialmente nas hastes que seguram os botões das futuras flores, exprimindo um misto de submissão e saudação ao olhar que nelas pousa. Como se tivessem a dizer um tímido e silencioso olá…

 

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O próprio nascimento da flor é quase “humano” e muito “orgânico”. As pétalas nascem amarrotadas, frágeis, inseguras e quase pedindo que cuidemos delas.

 

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Será a própria brisa/vento a que são tão sensíveis que as ajudará a desabrochar, a alisar …e a fortalecer a personalidade. E então, em plena maturidade, brincam com o sol, abrem-se para os insectos e dançam ao sabor do vento que as abana… inclina… quase dobra…mas não quebra. Orgulhosamente elas resistem, continuando a alimentar muitos olhares e também o nosso imaginar.

Foi tão fácil encontrar uma papoila-borboleta a voar!

 

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Terminado o tempo da dança e desta estação do ano, o vento levará uma pétala…outra cairá…e outras secarão E ficará a essência, materializada no ovário e nas sementes, qual útero que as próximas estações ajudarão a abrir…a dispersar…e que daqui a um ano  voltarão certamente a dar cor e beleza a este lugar!

 

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Como complemento, falta dizer que esta rotunda situa-se no extremo oeste da Avenida de Portugal, em Carnaxide, nos arredores de Lisboa.

Ontem voltei a visitá-la, tem ainda mais papoilas e está simplesmente magnífica! E hoje, neste Dia da Mãe, algumas vieram à pouco ter comigo pela mão da minha filha. Para tentar secar e guardar com todo o carinho!