Permitiram os últimos tempos dar tempo a tudo e também a “organizar” o passado. Gavetas, caixas e dossiers onde o tempo e os momentos da minha vida foram guardados com ternura ao longo dos anos, foram agora revisitados, lidos, relembrados, surpreendidos…
Nesse rol emocional e afectivo de mensagens, cartas e postais recebidos, encontrei uma folha que me foi oferecida há alguns anos por um amigo com um poema da autoria da escritora Maria Teresa Horta, uma mulher interventiva, lutadora e com um papel importante na sociedade portuguesa nas últimas seis décadas.
Porque aprecio este poema, vou hoje partilhá-lo. Intitula-se O Tempo e centra-se naquele tempo que passa célere por nós…que num instante se foi…e na vida que passou. Um tema sempre actual e a ter presente todos os dias. A Vida assim o merece.
O Tempo
Seria já…ou ontem?
Não me lembro…
O que interessa o tempo
neste caso?
Se não fosse Agosto era Dezembro
As horas que se gastam não refazem
Seria já…ou ontem?
Não me lembro
Os anos voam
num instante de asa
E nós não o querendo vamos sendo
e sem dar por isso a vida passa.
(Este poema está incluído no livro Destino, editado pela Quetzal Editores em 1998)
(Obrigada Zé!)