No meu dia-a-dia profissional, o olhar pousa amiúde sobre uma paleta com tintas e acompanha o gesto de encontrar um tom específico que logo será depositado em determinada área de uma pintura em fase de restauro.
Neste vai-e-vem do olhar e da mão, a atenção não fica presa ao acto em si, algo já bastante automatizado depois de anos e anos de experiência. O pensamento vagueia por ali, com e sem objectivo, factor que também depende dos dias, dos momentos, das preocupações e até do grau de empatia com o trabalho.
Neste divagar, recentemente percebi algo interessante…
Na paleta, eu sei com segurança…
…as cores a misturar para certo tom encontrar
…como neutralizar um tom que se quer afirmar
…que misturas não é conveniente fazer
…a importância de um toque mínimo ou de uma velatura no resultado final
…ou o efeito do tempo sobre camadas aplicadas à pressa.
Na Vida, eu nem sempre sei…
…que escolha fazer
…como resolver de imediato um problema que tenho pela frente
…as consequências exactas dos meus actos
…como evitar um problema de se agravar
…ou o que o tempo e o futuro dirão das minhas opções
Ou seja, nesta paleta de emoções, de escolhas e de partilha que é a Vida, a mistura de “cores” é totalmente imprevisível. Aqui prevalece a incerteza e as circunstâncias que podem levar de um momento para o outro a uma mudança de rumo ou de estratégia.
Apesar disso, estará na pureza, na qualidade e na escolha dessas “cores” a possibilidade de o “tom final” ser mais genuíno, enriquecedor e duradouro.
(e continuei a trabalhar…)
Como eu gostei desta reflexão Dulce.
Identifico-me imenso com estas palavras e a sua profissão é maravilhosa, tenho-lhe a dizer.
Um pequeno sentir cromático, tão bom.
Um beijinho.
LikeLiked by 2 people
Obrigada por apreciar este meu “sentir cromático”, como lhe chamou e muito bem.
Sobre a profissão… concordo que é uma bonita profissão e por vezes muitíssimo gratificante. Mas 39 anos depois…já tem uma aura razoável de cansaço à mistura.
Algo humano, creio eu.
Um bom fim-de- semana!
LikeLiked by 2 people
Algo muito humano Dulce, e perfeitamente compreensível.
Um bom fim de semana.
LikeLiked by 1 person
Linda reflexão, bem colorida e harmoniosa… e que belo desenho ❤ Quanto à vida… esta será sempre imprevisível! 🙂
LikeLiked by 1 person
Pois é filha…o importante é tentarmos “inspirar” o melhor possível cada momento, porque o seguinte pode ser uma surpresa…eventualmente desagradável!
Ainda bem que apreciaste o meu devaneio colorido!
Obrigada e beijinhos.
LikeLike
Muito legal, Dulce. Você sempre inspirada, enxergando e expressando ricos detalhes, por menor que possam parecer!
LikeLiked by 1 person
Muito obrigada. Ainda bem que apreciou esta minha divagação.
Desejo um dia tranquilo!
LikeLike
I haven’t known you for long but I have noticed you have a philosophical mind, along with a practical side and of course, a strong aesthetic sense. Here they are, all playing together! I really like this illustration of how choices in life can be thought of like choices in your palette. I would only add that just as your understanding of how to use color has deepened with time, your understanding of how to deal with emotions probably has, too. 🙂
LikeLiked by 1 person
No doubt!
There is an experience and maturity that life always teaches us, based on emotions. Bad for us if that wasn’t the normal way.
However, in my perspective, emotions, choices and certainties are much more”insecure” and “vulnerable” than the “emotional moistures” of my palette! 😊
Thank you and have a nice week!
LikeLiked by 1 person
You too, hopefully, a week with just the right amount of vulnerability – not too much, not too little. 😉
LikeLiked by 1 person
Boa reflexão! 😃😃
Obrigado pela partilha!
LikeLiked by 2 people
Ainda bem que apreciou! Obrigada.
LikeLiked by 2 people
Como foi bom descobrir as tuas palavras✨
LikeLiked by 2 people
Obrigada. E espero que continue a passear pelo Discretamente para descobrir outras palavras!
LikeLiked by 1 person