
Portugal tirita de frio nestes primeiros dias de Janeiro e assim continuará na próximos dias. Ontem, na região de Lisboa as temperaturas variaram entre os 2 e os 9 graus Celcius, valores que o vento tornava ainda mais desagradáveis.
De regresso a casa, um céu intenso de fim de dia pedia uma fotografia, registo que aconteceu no lado oriental da Praia do Dafundo, localizada entre Algés e a Cruz Quebrada. Muito bem agasalhada mas apesar disso sentindo algum desconforto apreciei o momento com aquela boa sensação de sexta-feira à tarde e de véspera de fim-de-semana.
Deambulava o olhar por ali, quando de repente tive a maior surpresa do dia tendo em conta a temperatura que se fazia sentir: alguém tomava banho na praia!
Um arrepio percorreu o meu corpo enquanto a curiosidade fotográfica não resistiu a captar o que via, apesar da distância a que me encontrava.
Saindo da água estava uma senhora revelando uma enorme segurança corporal e confiança de gestos. A harmonia entre os tons do fato de banho e os sapatos era evidente, detalhe que achei maravilhoso dado o contexto. Depois, já no areal, limpou-se com a toalha e vestiu-se, seguindo depois caminho ao lado de um companheiro, esse sim vestido mais de acordo com o dia.



Entretanto, uma gaivota solitária continuava a vaguear à beira-mar….

E eu regressei ao carro e ao conforto de casa, envolta em vários pensamentos…
…a postura de segurança e confiança demonstrada por aquela mulher só poderia resultar de um gesto já conhecido e talvez habitual, sendo provavelmente uma daquelas pessoas que tomam banho de mar durante todo o ano, seja qual for a temperatura…
…tudo é relativo nesta vida. O que para mim e para uma grande maioria seria simplesmente inconcebível, para outros pode ser perfeitamente normal…
…se fosse um jovem a estar ali, talvez eu não ficasse tão surpresa com o facto. A surpresa maior foi o perceber que a idade daquela senhora não estaria muito longe da minha…
….e que eu nunca estaria ali!
…contudo, senti uma profunda admiração por aquela mulher, seja pela segurança e coragem demonstrada, seja por fazer uma escolha tão fora dos meus limites e da ideia que eu tenho de prazer para um dia muito frio de Inverno…
…e ainda por reforçar de uma forma muito objectiva aquela ideia que os “limites” devem ser uma fronteira ténue e suficientemente permeável aos limites, necessidades e opções das partes envolvidas. Na verdade, não há razão para o contrário desde que haja respeito, tolerância e aceitação mútua.
Já em casa, bebi um chá bem quente para aquecer o desconforto do dia. E pensei…estará ela fazer o mesmo para aquecer? Apreciará este gesto?
Chego ao fim da linha e reflito que estes instantes se manifestam a ti com o propósito de não passarem em vão.
Obrigada pela partilha, Dulce!
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Diria que é uma forma simpática, interessante e curiosa de, discretamente, encarar este blog!
Obrigada Lara e um bom domingo.
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Os limites de uns não são os limites de outros, é assim na vida, Dulce. Admiração e respeito por gente como essa senhora não ampliam os limites de quem é friorento e prefere olhar de longe e beber chá. Mas olhar e ler o registo é sentir o apelo esperançoso da vida.
Bom domingo.
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Centrando nesta situação específica e num sentido muito lato, aquilo que na minha mente era inconcebível tornou-se concebível. Ou seja, mentalmente ampliei os meus limites, mesmo sem sair do meu conforto.
Em muitas outras situações creio que os limites podem, de certa forma ser “trabalhados… negociados…atenuados..”. Uma margem curta, é certo, mas possível e que pode fazer a diferença nas relações entre as pessoas e na resolução de problemas.
Obrigada Bea e um feliz domingo!
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Sua foto da mulher a caminhar em direção ao homem que a esperava (vestido para ocasião), sempre me surpreendo, como gostamos destas ideias ditas ‘certas’ para definir comportamentos ditos ‘certos’. Mas, voltemos à foto, ela me transportou para o filme espanhol, “Viver duas vezes”… ,assisti pela NetFlix. Já o viu?
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Eu realmente acho que o companheiro da banhista está “vestido mais de acordo” com os 5 ou 6 graus que estariam naquele fim de dia! A excepção é estar em fato de banho. Mas ambos estão certos e concerteza agindo de vontade e a gosto próprio.
Sobre o filme, não o conheço. Mas fico com alguma curiosidade.
Muito obrigada e um feliz domingo!
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Assisti pela Netflix… Viver duas vezes.
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Sim, limites e limites, sem dúvida. Claro que há entendimento mas também há limites.
Não me viam na agua fria, não. Só de presenciar (por foto) já deu vontade de beber um chocolate quente. Com o frio que passamos por cá, aqui onde estou chega a -1º não me viam na água não. Admito a coragem mas há mesmo limites.
Um abraço e um bom resto de fim de semana Dulce.
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Pois é Irina, eu também senti um profundíssimo arrepio que me paralisou o corpo e creio que o pensamento também. Mas logo passou e virou admiração e curiosidade.
A beleza deste mundo está na diversidade de possibilidades, não é? E gostos realmente não se discutem!
Bj e um bom resto de dia…ao ritmo de uns chocolates bem quentinhos! Por aqui é o chá!
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Nem no verão, nem no chuveiro, gosto de água fria… Brrrr, como é que alguém consegue tomar um banho de mar por estes dias? :))
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Pois…é realmente uma boa questão…cuja resposta só poderá estar na diversidade de gostos da raça humana!
Obrigada Luisa e uma boa semana.
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Há de facto pessoas corajosas!… ou então é como dizes… para ela até pode ser rotina! mas pensando bem…a água do mar até podia estar mais quentinha do que cá fora! Beijinhos quentinhos!!
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Sim, a água estará certamente menos fria que o ambiente…mas sair da água molhada para tão baixa temperatura exterior só se justifica com habituação… ou muita coragem!
Obrigada e bjs de mãe!
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Seguramente, nós criamos os limites. Belo post. Parabéns!
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Obrigada pela apreciação. Desejo uma boa semana!
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Tanta beleza e sensibilidade me encantam. Adorei sua reflexão. Abraços Dulce
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Ainda bem que apreciou Bia. Muito obrigada!
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Fabuloso, Dulce!
Fez-me lembrar os tempos em que ia todo o ano aos banhos de mar aqui nos Açores (com temperaturas mais agradáveis do que aí em Portugal continental, dado que aqui, ronda os 15-17ºC).
E uma das minhas resoluções para este ano é voltar a fazê-lo regularmente… mas até ver, já falhei por duas semanas. A tentar ganhar coragem para voltar. 🙂
Abraço e obrigado por esta partilha! Adorei as fotografias e deu-me vontade para retomar!
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Aí nas ilhas até compreendo melhor essa decisão de tomar banho durante todo o ano pois é tudo muito mais ameno. Difícil é perceber banhos com temperaturas tão baixas….
Obrigada pela apreciação e força nessa resolução. Ainda tem 50 semanas pela frente!😊
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Ehehe, não é tão difícil (por aqui). Aí é complicado, mas lá está, aposto que a água no dia desta fotografia (e tendo em conta os dias frios que temos tido em todo o país – ilhas incluídas) estivesse bem mais agradável! ahaha
Obrigado.
Abraço
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O problema não seria tanto a temperatura da água, certamente mais “amena” que o exterior…mas os poucos graus, com vento, que estariam naquele momento! Enfim, uma mulher de armas!
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Já lá vão décadas que eu passava pela Marginal e admirava as gaivotas no areal recebendo os primeiros raios do Sol.
Qto a senhora…. haja coragem! Talvez, seja uma pessoa que ingere muita proteína. Deve perder pouco calor, ou será a força da mente? Fiquei curiosa, e vou continuar. Rsrs
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Provavelmente são as duas coisas: corpo e mente resistentes!😊 Fica a dúvida no ar….
Realmente a Marginal sempre oferece imagens lindíssimas. Para mim é um privilégio fazer diariamente o troço entre Algés e Santos e apreciar os muitos detalhes que proporcionam. E que sempre tento aproveitar, seja de manhã ou à tarde.
Obrigada Silvana e desejo um bom fim-de-semana… mesmo que com restrições e confinamentos!
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Eu amo esses momentos em que nos pegamos analisando o quão diferentes somos entre si, ainda que sejamos parecidos.
Acho incrível que a frase “tem gosto pra tudo nessa vida” é tão literal rs
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A mente humana gosta de divagar…dar a volta…perscrutar….analisar…comparar….etc. etc, nada que seja realmente incomodativo para os outros desde que respeitemos as características encontradas noutras formas de ser/estar.
Como muito bem diz a Gabriela lá bem no fundo somos todos parecidos. Naquelas necessidades essenciais. O problema, é a tal mente que também somos e que é perita em complicar e criar barreiras em volta dessa “essência”.
Muito obrigada e um bom fim-de-semana!
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Somos seres complexos…
Obrigada, para você também 😉
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This made me smile, Dulce. I would have the same reaction as you – great admiration for her while I am shivering!! 😉 In Seattle one day in January I sat inside a coffee shop, warmed by my espresso. Outside I watched a man in flip-flops sandals and shorts walking along the snow-covered sidewalk. He seemed comfortable in summer clothing while I was glad for my down jacket and hat!
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Human diversity is sometimes very difficult to harmonize with our body and mind!
I’m glad you understood my feeling … and my shiver!
Thank you.
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