
No silêncio da noite e do dormir surge um afrontamento, fazendo jus a uma menopausa que insiste em apreciar a minha companhia.
Se ele é leve e único, o tapa/destapa não afugentará o sono e a noite seguirá normalmente até ao acordar matinal. Mas se é intenso ou vem com réplicas, a probabilidade de anular o sono sobe drasticamente…sendo possível que se instale uma insónia.
A insónia é um perfeito gerador de pensamentos. De todo o género…
…alguns, meio tontos, andam aos tombos na escuridão do quarto… até desistirem de ser. Nascem do nada e vão para o nada;
…outros vagueiam por ali, num toca e foge um tanto cansativo mas por vezes muito proveitoso. É o caso dos pensamentos pragmáticos, construtivos e organizados, aqueles que nos levam a decidir algo objectivo, a resolver o que estava pendente, a esquematizar o que ainda parecia confuso ou a ter tempo para pensar naquilo que aguardava oportunidade. Nesses tipo de pensamentos estão os que se relacionam com familiares ou amigos, formas de os ajudar…facilitar a vida…mimar…etc, etc;
…menos simpáticos são os pensamentos cuja função é fazer “rolo” na nossa cabeça, seja agravando o que muitas vezes é simples, seja fazendo “filmes” mesmo sem guião válido… ou aumentando o grau de ansiedade relativamente a algo que nos preocupa. São bastante astutos e sabem muito bem como nos perturbar, seja “culpabilizando-nos” de algo, seja alimentando as inseguranças que sempre nos habitam;
…e existem os pensamentos curiosos e criativos, aqueles que descobrem uma fresta na porta do quarto…vagueiam pelos recantos da casa e das ideias guardadas…ultrapassam vidros…volteiam no céu nocturno…saltam entre estrelas…escorregam na chuva…brincam no nevoeiro…e fazem mil e uma acções impossíveis de enumerar aqui. E depois voltam felizes e tranquilos à casa-mãe, onde é grande a possibilidade de se transformarem em algo novo e criativo.
Neste rodopio, muitas vezes a insónia fica farta… cansada… e decide desaparecer e dar lugar ao dormir, o verdadeiro titular desse tempo nocturno.
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Nas noites seguintes…
…bem, nas noites seguintes tudo pode correr lindamente…ou tudo pode correr mal.
A aleatoriedade da vida está bem representada na “filosofia” dos afrontamentos nocturnos da menopausa, pois o seu aparecimento e frequência é totalmente incerto e incompreensível para a mais astuta cabeça feminina.
Sei apenas…que são sempre uma desagradável surpresa!