avó… incompleta!

Sou avó pela descendência, pelas emoções e pela imensa ternura sentida….mas sou meia-avó no toque e no gesto.

Entre mim e o meu neto sempre existiu uma máscara a nos separar. Reutilizável ou descartável, não interessa. Uma barreira necessária mas uma barreira fria e desumana que impede aproximações mais sensoriais. Na verdade, ainda mal senti aquele “cheiro a bebé” que inspira mimos mais intensos e próximos… ainda não senti a minha face na sua pele macia…e beijinhos, apenas os pés os têm recebido!

Facilmente imaginamos gestos para um primeiro neto. Este nasceu, amo-o profundamente, mas esse imaginário de sensações cutâneas, de toque, abraços e proximidade em parte foi adiado. Porque uma parte importante dos meus sentidos está obrigatoriamente tapada e os gestos impedidos daquela espontaneidade que é tão natural perante um bebé. A vida é realmente um baú de surpresas!

Doem estes tempos a muita gente e por inúmeras razões como todos sabemos. A mim, incomoda emocionalmente este detalhe – que realmente não passa disso mesmo – e o facto de ainda não ser uma avó de pleno direito e de corpo inteiro. Mas compreendo que deve ser assim. Por enquanto.

Com a expansão da vacinação em Portugal acredito que 2021 me fará finalmente uma “avó completa”….com um ano de atraso! Mas apesar da máscara que nos separa e dos gestos que ainda não foram possíveis…o Vasquinho já conhece a avó Dulce e aprecia a sua companhia.

E, quem sabe, talvez a vida ainda me proporcione o prazer de ser novamente avó e de acompanhar o primeiro ano de um neto…sem ser em tempo de pandemia!

40 thoughts on “avó… incompleta!

  1. Tenhamos esperança de que contactos/carinhos/beijos/abraços voltem o mais rápido possível é com eles que o mundo fica melhor!

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  2. E o tempo é coisa que não cresce e nem se repõe, só diminui. Contudo, Dulce, suponho que já falta menos e qualquer dia já anda com o Vasco ao colo e lhe dá os mimos que ambos merecem.

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    1. Eu ando com ele ao colo se necessário e já fiquei a cuidar dele em vários momentos. A questão é a máscara e não estar à vontade…. solta…apertar…dar beijos e tudo o mais. Isso não posso ainda….
      Mas como a Bea diz, já faltou mais. E esse desejado momento irá chegar!
      Muito obrigada.

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  3. Em dia de início de creche de um filho, esta mãe está sensível para ler um post ternurento como este… que bonito! ❤ adorei ler estas palavras… não tanto pelo facto de saber que há uma barreira física entre vocês, mas pela fotografia e pela certeza que o Vasquinho reconhece a avó pelas suas brincadeiras, pela sua voz, pelo seu cheiro (que também é de mãe!) e pelo seu Amor incondicional…… Para ele tu estás completa! ❤ beijinho nosso…a tua Patana e a o teu Patolas!

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    1. Minha “Patana” de sempre, gosto de acreditar que o nosso “Patolas” fofinho me vê com esse teu olhar e gosto especialmente dessa ideia de um cheiro “que também é de mãe”. Assim…quase me convences!
      Gostei muito destas tuas palavras, pois “preencheram” um pouco aquela parte de mim que, como avó, ainda se sente incompleta.
      Bjs doces de mãe e de avó!

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  4. Entendo perfeitamente este teu sentimento Dulce… de ainda não ser uma avó de pleno direito e de corpo inteiro. Mas o amor transcende. Que fotografia linda! Eu vivo isto é ainda com a distância física maior nestes 2 anos. Estou sempre lá 🇺🇸 🇬🇧🇫🇷 e cá 🇧🇷 e agora impossibilitada de viajar para estar junto com eles. Meu neto não se cansa de pedir: Vem vovó 🛫. Abraços

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    1. Sim Bia, é verdade, o amor transcende…mas os sentidos e a espontaneidade de gestos são tão importantes no amor, não é?
      Esse momento chegará. Até lá, mesmo incompleta e mais perto ou mais longe do meu neto, sou uma feliz avó!
      E em breve também a Bia irá abraçar os seus filhos e netos!🥰

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  5. O que dizer sobre esses fofos dedinhos… Fico imaginando, depois de tanta exposição ao distanciamento e ao bendito tecido nas faces, como será a imaginação do seu netinho? No que depender da avó tudo será doce.

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    1. Creio que o grau de imaginação dos sete meses do meu neto será muito básico e baseado naquilo que agora realmente lhe dá prazer: comer e meter tudo na boca! 😊😊
      Ele já nasceu no tempo das máscaras, continua a ver muita gente de máscara e quando estamos um pouco mais longe e as tiramos, ele ri-se, o que é muito engraçado.
      Ele é um docinho que veio adoçar ainda mais a avó Dulce! Mesmo que ainda não completamente…
      Obrigada Lara e boa semana.

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  6. Ser avó é reviver a maternidade noutra dimensão, e também uma dependência boa. O quanto amamos esses seres pequeninos que não nasceram de nós é indescritível. Também tenho sem mim uma ausência, mas mais pela distância, por não ver os meus o quanto gostaria, e agora, pior. Seguramente que a Dulce irá ter a possibilidade de aproveitar em pleno esse amor que não se explica, vamos acreditar que o pior já passou. Uma vida muito feliz e cheia de amor para o Vasco.

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    1. Sem duvida que ser avó é isso tudo que a Antónia descreve. Muitas emoções novas…mas algumas ainda não vividas a fundo devido a estes estranhos tempos.
      Mas sim, acredito profundamente que em breve tudo estará no devido lugar e as emoções também.
      Obrigada e desejo que em breve também possa abraçar os seus!

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  7. Acredito o quão difícil deve ser, Dulce.
    Mas, estamos no caminho da mudança, e penso que já não faltará muito para ser essa avó completa, que tanto o Vasquinho como a Dulce têm direito.
    Coragem!
    Um abraço de aconchego.

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    1. Esperança é algo que abunda por estes lados…se calhar, até demais…
      Mas sim, acredito que em breve poderei abraçar o meu neto como deve ser!
      Veremos o que nos traz a Primavera e o Verão.
      Obrigada pelo abraço!😊

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  8. A fotografia fala tudo …. e esses tempos, que ficarão no passado, trazem também o nosso melhor. Se a máscara protege mas esconde o rosto, os lábios, ela permite que os olhos expressem o tudo que a foto mostra, o tudo que o Vasco sente ao olhar os teus olhos…
    Muito delicado post e repleto de esperança. Um grande abraço, Dulce.

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    1. Sim, é possível que os olhos, apesar dos óculos a obstruir, sejam agora um pouco mais expressivos. Os nossos sentidos são inteligentes.
      Felizmente que a máscara não impede de falar e não me impede de dizer no meu sotaque meio algarvio as palermices/maluquices que as avós sempre dizem aos netos!
      Valha-nos isso!
      Obrigada Fernando.

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  9. Sensibilidades!
    Esses dias fiquei pensando, se ainda nos é permitido a dádiva dos nascimentos, é porque ainda há esperança na raça humana. Esperança de mudanças e evolução. Cada criança traz a semente de dias melhores. Que venham…

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    1. Felizmente que os bebés continuam nascendo, apesar da situação actual.
      Quem quer mesmo ter filhos, arrisca. Para além da minha filha, conheço cinco amigas dela (todas entre os 35 e os 40 anos…) que tiveram filhos neste ultimo ano, ou seja durante a pandemia.
      Portanto Cris, há esperança a nascer!
      Obrigada.

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  10. Que texto bonito, Dulce!
    Todos nós esperamos que seja o mais rápido possível.
    Isto já nos acompanha há muito tempo e há que saber lidar com isso, embora não seja nada fácil.
    Esperemos que em 2022 as coisas estejam mais normalizadas, porque, antes disso, tenho dúvidas.

    Abraço

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    1. Bem, eu vejo-o e pego nele…mas, estando de máscara existe sempre tensão nos gestos…e não posso mesmo dar beijinhos!
      Acredito também que em breve tudo melhorará…e serei finalmente uma avó completa!
      Obrigada e um bom domingo.

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      1. Magina…feliz de verdade que tenhas contato físico com teu netinho..logo oremos que ha de chegar o dia em que mtos beijos ele de vc ira receber..fica c Deus Dulce!!

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  11. A imaginar uma pessoa incompleta ao ler-te… pensei nas fases lunares e em mim mesma, apartada de tantos lugares. Não é uma comparação, apenas um colocar-se em algum lugar. Coisas do tempo pandêmico. Vai passar, dizem… aguardemos pelo dia seguinte!

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    1. Bem, eu creio que neste momento estamos todos incompletos! E bem incompletos!
      Porém, pessoalmente já sei o que é ser mulher, mãe, filha ou irmã completa na troca de afectos…mas ainda não sei o que é estar completa neste papel ainda tão novo de avó.
      Falta-me uma parte…
      Muito obrigada… e que tudo isto passe depressa para todos nós!

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