serra de carnaxide

Os dois períodos de confinamento a que fomos sujeitos em Portugal no último ano no âmbito da pandemia, concentraram o nosso olhar num circulo muito mais restrito do que o habitual. Por um lado, a casa, os detalhes, as suas janelas e o que estas nos ofereciam; e por outro, a área em que se insere a nossa residência, território que foi o limite do nosso restrito mundo durante esses meses.


Foi nesse contexto que a Serra de Carnaxide, uma pequeno maciço pertencente ao Complexo Vulcânico de Lisboa com uma área de 6 quilómetros quadrados e 211 metros de altura, foi por nós explorado em vários momentos, uma vez que a nossa residência se encontra na sua periferia.

Limitada a leste pela ribeira de Algés e a oeste pela ribeira do Jamor, é no seu cimo que passa a linha que separa os concelhos de Oeiras e da Amadora.

A área correspondente a este segundo concelho, localizado no lado norte, está a ser urbanizada e literalmente engolida por arruamentos e grandes empreendimentos habitacionais.

Infelizmente o mesmo está a suceder noutras áreas que integram o perímetro da serra, como é o caso da urbanização de grande volumetria que está a crescer em redor do pequeno maciço onde se localiza o farol da Mama de Carnaxide, este já no concelho Oeiras. Uma verdadeira dor de alma!

Já o lado sul do maciço central da serra, tal como bem revela a primeira imagem deste post, ainda mantém o seu estado natural e a flora espontânea que foi nascendo quando as terras deixaram de ser cultivadas. Algumas áreas porém, pertencentes a privados, ainda são alvo de cultivo.

São várias as colmeias que ainda existem no perímetro da serra

Por ser uma zona com nascentes, nas suas entranhas passa um aqueduto construído no séc. XVIII que forneceu a vila de Carnaxide e ainda contribuía com água para o grande Aqueduto das Águas Livres que abastecia Lisboa. Por esse motivo são várias as claraboias/respiradouros que pontuam esta serra e que muito a personalizam. A Mãe de Água é a estrutura de maior dimensão e de planta octogonal.

Em Carnaxide a água era recebida neste chafariz, datado de 1766 e mandado construir pelo rei D. José I. A primeira imagem mostra o seu alçado principal, em cantaria e equipado com duas bicas e um tanque; e a outra o alçado posterior com revestimento em azulejos, que creio serem já do séc. XX.

Voltando à serra e aos nossos passeios, foram muitos os atalhos que percorremos e exploramos…muitas subidas e descidas…por zonas abertas ou de densa vegetação…com ampla vista ou sem ela.
Cada incursão significou um novo caminho, mas em todos foram imensas as flores e os insectos que nos acompanharam e deleitaram o olhar.

No céu, em voos planados, as aves de rapinas estiveram presentes em vários momentos.

Por isso termino com esta bonita imagem de uma Águia d’asa redonda (Buteo buteo) captada pelo meu companheiro. Creio ser uma boa forma de concluir este post…por esses voos representarem aquela liberdade sem restrições que nós realmente não tínhamos.

Foto de Jorge Oliveira

Advertisement

chilreios

Num intenso chilreio…

… talvez partilhem alguns detalhes da grande viagem anual de regresso à Europa e sobre os milhares de quilómetros percorridos…

… talvez troquem sentires sobre o que viram numa Africa instável, com conflitos de difícil resolução e de sofrimento acumulado…

… talvez estejam a discutir a instabilidade meteorológica do planeta e como isso vai afectando os ritmos da sua espécie….

… talvez partilhem as condições dos beirais escolhidos para construir os ninhos…ou os locais com mais insectos voadores, a sua principal fonte de alimentação…

… talvez falem dos filhos que planeiam ter este ano…

… ou talvez não estejam a comunicar absolutamente nada e os seus sons sejam apenas de alegria por terem superado mais uma viagem fundamental à sobrevivência da espécie e regressado para mais uma Primavera!

As andorinhas são “marcadores de tempo”… e uma forma doce de percebermos que passou mais um ano na nossa vida!

comunicando

Comunicar com quem está perto de nós pode ser fácil (ou difícil…) e fazemo-lo através da voz, do olhar, do gesto, etc,. Mas comunicar à distância pode ser um acto bastante fácil com a panóplia de meios disponíveis que num instante nos levam a qualquer parte do mundo, seja através de um fio ou cabo submarino, seja através de satélite ou de outras formas que eu pouco entendo.

Agora é assim, mas antes não era, sendo que a evolução neste campo foi enorme e continua a ser uma constante….talvez porque o termo “velocidade” impregnou os nossos dias.

Recuando no tempo…

Na minha infância havia um telefone em casa. Porém, quando se pegava no auscultador aparecia uma voz feminina, uma telefonista intermediária que estava na central e a quem se pedia a chamada, sendo ela a fazer a ligação.

Este pequeno texto revela muito bem como evoluímos…

Nessa altura, eu até poderia saber que a voz se transmitia por fios, mas não poderia imaginar que cem anos antes de eu ter nascido já fora instalado um cabo submarino que atravessava o Oceano Atlântico para ligar a Inglaterra aos Estados Unidos e assim permitir as ligações telefónicas entre os dois continentes.

Foi há pouco tempo que percebi a importância e a dimensão desses cabos submarinos que atravessam os nossos mares e oceanos, assim como o papel do meu país nessa matéria em virtude da sua localização. A cidade da Horta, por exemplo, situada na ilha do Faial (Açores), chegou a ser ponto de amarração de quinze cabos da rede telegráfica submarina internacional.

A imagem que se segue mostra a extensão de alguns dos cabos submarinos existentes.

Sobre este assunto e outros relacionados com meios de comunicação, é imensa a informação disponível no Museu das Comunicações (Lisboa), local onde captei as imagens deste post. A segunda e a ultima pertencem à exposição permanente Vencer a distância – Cinco séculos de Comunicações em Portugal e a primeira e a terceira à exposição temporária Cabos submarinos, aí patente até ao final de 2021.

Visitar este museu é fazer uma intensa viagem no tempo, perceber o avanço vertiginoso das formas de comunicar – de todas as formas e de tudo o que lhe está associado – e é igualmente uma viagem por detalhes e memórias da nossa própria vida. Por tudo isso, recomendo vivamente.

Um aspecto da sala dedicada às pequenas obras de arte que são os selos

Neste dia em que se comemora o Dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade de Informação, não poderia deixar de referir este Museu e sobretudo de lembrar que, para chegarmos ao gesto já banalizado de pegar no nosso telemóvel para nos ligarmos ao mundo, foi necessário um caminho complexo, difícil, trabalhoso…mas seguramente genial!

planta-melancia

Como fruto sazonal, a melancia escolhe a altura certa do ano –  a Primavera e o Verão – para partilhar a sua cor, alegria, fresquidão, paladar e poder de hidratação…com quem a aprecia!

Em minha casa porém, tenho “sempre” esse fruto através da Planta-melancia ou Begónia-melancia (Peperomia argyreia), uma planta nativa da América do Sul mas que aprecia o nosso clima temperado.

Algumas das suas folhas mais circulares são imitações perfeitas de uma melancia riscada, tão perfeitas que, durante todo o ano me alimentam o olhar…o paladar da imaginação …e silenciosamente me levam à frescura de uma fatia de melancia!

Dá para perceber que sou uma fã incondicional de melancia!🍉