arriba fóssil

Atraí-me imenso tudo o que se relaciona com a geologia do nosso planeta e com os efeitos, formas e texturas que os elementos naturais lhe provocam através da erosão.

O território português é pequeno, mas apresenta uma grande diversidade de ambientes naturais, uns convertidos em parques naturais, outros em paisagens protegidas e muitos sem qualquer classificação mas igualmente interessantes.

A Área Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica foi criada em 1984 e, entre as suas várias componentes, tem uma arriba paralela à zona costeira constituída por estratos de rochas sedimentares com cerca de 10 milhões de anos (do período Pliocénico). Uma arriba fóssil é uma zona costeira alta, mas “morta”, ou seja, onde o mar já não chega e não lhe provoca erosão. Contudo, é afectada pelas chuvas, vento, temperatura, etc, que a vai desgastando e dando origem a formas muito peculiares.

Na costa portuguesa existem outros locais com arribas fósseis, mas creio que pelas características e antiguidade, esta é a única integrada numa área protegida.

Um percurso de alguns quilómetros ao longo do areal que separa o mar desta arriba permitiu-nos visualizar muitas formas de grande beleza e expressividade, imagens que hoje gostaria de partilhar.

A deposição de sedimentos diferenciados deu origem a estratos com várias colorações e sobretudo com diversos graus de resistência à erosão. Este facto levou ao aparecimento de formações não uniformes, seja em volumetria seja em textura.

Por tudo isso, esta paisagem é propícia a aliar a imaginação com o olhar e a vislumbrar o que a criatividade quiser. Nesta foto que se segue, por exemplo, facilmente encontro um conjunto de silenciosos seres numa marcha parada no tempo…

Uma aproximação à arriba através da máquina fotográfica (era difícil chegar perto devido ao terreno acidentado e à vegetação), permitiu perceber melhor a textura e os elementos constituintes de alguns desses estratos.

A par deste olhar mais terreno, outro bem mais aéreo ia acompanhando o voo das gaivotas sobre o mar…ou, na imensidão do azul do céu, estas “nuvens-ave” gigantes que livremente se deslocavam na tranquilidade do momento.

Num plano mais intermédio – entre esta terra que nos sustenta e o céu que nos aconchega – aproveitamos com prazer mais este momento de contacto com a natureza e a boa energia de um belíssimo dia de Primavera.

Depois de muitos quilómetros percorridos em areia, sentíamos bem o cansaço nas pernas. Mas estávamos felizes!

Boa semana!

29 thoughts on “arriba fóssil

  1. Que fotos tão bonitas de uma parte da Costa da Caparica onde nunca estive, e que me faz lembrar um dos locais de que mais gosto da Costa Alentejana, a Praia da Galé das Fontainhas. E a Dulce está mesmo com um ar feliz!! 😊 Obrigada pela partilha, fica na minha lista para uma visita futura. Boa semana Dulce 🌻

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    1. Sim, quer a praia da Galé na costa alentejana quer a da Falésia na costa algarvia (e provavelmente outras que eu não conheço), têm muitas semelhanças com esta zona, mas a erosão sempre faz “esculturas” em estilos diferentes. E aqui parece-me que são bastante mais elaboradas em detalhes, para além de estarem incluídas numa área protegida.
      Mas todas oferecem paisagens lindíssimas para usufruir tranquilamente à beira-mar!
      Pela minha parte… sempre fico feliz quando ando por aí a passear!!😊
      Obrigada Antónia e um dia agosto!

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    1. Adoro…e gosto muito de estrelas do mar!
      Eu não sou mada de me mostrar, mas pontualmente é importante personalizar visualmente o que escrevo. E soube-me tão bem este passeio bem arejado em tempo de máscaras e confinamentos…que me apeteceu mostrar isso!
      Bjs e obrigada.

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  2. Que belas fotos, parabéns. Estes cenários levaram-me a um passado não muito distante… dias de sol e calor, dias de praia e relax na bonita zona de Melides… dias de caminhadas longas pelo areal, daquelas que deixam as pernas cansadas.

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    1. A costa alentejana, a costa da Caparica ou outros grandes areais deste nosso belo país são realmente fabulosos lugares para passear e relaxar. E nesta altura do ano em que as férias já estão bem próximas, são ainda muito mais apelativos. Apetece ir…
      Obrigada Nelson e boas caminhadas aí pelo norte!

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    1. Ainda bem que apreciou esta faceta criativa da nossa mãe-natureza!
      Sobre esta Dulce…ela é bastante discreta (ou o blog não teria o nome que tem) mas de vez em quando também é importante “dar a cara”…
      Obrigada Silvana e um dia a gosto!

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  3. Fossil cliffs are interesting remnants of the past where time is frozen, preserved as if in amber. I’ve always wanted to go see one, but I live in Canada and the nearest fossil sites are all in the badlands of Alberta. Alberta is one province away from where I live but the provinces are huge, and that’s a far distance. Still, I might end up going to see it one day.

    — Catxman

    http://www.catxman.wordpress.com

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    1. Certainly, life will give you the possibility of seeing a cliff of this kind where, as you said, time is frozen and preserved. They are really beautiful!
      Thank you so much.

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  4. Há lugares e fenómenos em Portugal de inegável beleza e que só os bloguers me deram a conhecer. Este é um deles. Obrigada, Dulce.
    As arribas que lembram pessoas, não sei porquê fizeram-me lembrar o poema que reza, “quem pôs assim os homens frente a frente…” e é relativo a um quadro de autor desconhecido, onde figura o infante D. Henrique e mais gente. Não recordo o nome do autor do poema e nem sequer sei se o verso está conforme, mas foi o que me ocorreu. Talvez marchem também para o desconhecido, como acontecia nos descobrimentos; ou sejam somente aqueles que, cinzelados pelo tempo, reaparecem em saudade viva e aguardam sem quebra o regresso dos embarcados.

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    1. Com este comentário a Bea concretizou de certa forma o que eu escrevi, ou seja, aliou o olhar à imaginação e nesta imagens “viu” uma história, algo que eu senti imenso in loco.
      As formas daquelas arribas são realmente fabulosas e levam-nos por aí. Basta apenas um pouco de criatividade.
      Muito obrigada e desejo um dia a gosto!

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    1. Sim, as semelhanças são muitas entre ambas as zonas, sendo que estas me parecem ser um pouco mais “esculpidas” pela erosão. Mas ambos são belíssimos troços da nossa costa para passear e apreciar.
      Obrigada Luisa e desejo um bom fim-de-semana!

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  5. Que espectáculo! E eu, como apaixonado também por Geologia desde os meus tempos de escola, adorei ler/ver este post.
    Ver formações rochosas, com os mais diversos formatos, que surgiram depois de milhares de milhões de anos de transformações lentas e delicadas, é incrível.

    A Islândia seria também um sítio que iria adorar!

    Muito obrigado pela partilha, Dulce.

    Boas férias!

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