mar emoção

Mar
emoção
pleno de vida
grávido de ondas e energia
reflexo do meu coração.

Ondas crescentes
acariciam o mar azul
invadem o meu corpo
penetram os meus sentimentos.

Depois de tanta ternura
a alegria da explosão,
na pele do mar vivi
o gosto da aventura!

Numa fusão entre águas
dilui-se a espuma no azul sereno,
alimentando o sonho eterno
dos amores que não deixem mágoas.

(Dulce Delgado, poema antigo, não datado)
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experimentações #34

São inúmeras as possibilidades de registar graficamente o que se observa/pensa/sente se o objectivo final for o guardar memórias de lugares.

Foi exactamente com essa vontade de encontrar outros caminhos que, a par de registos mais tradicionais como o desenho e a aguarela, elaborei o bloco de férias do ano de 2010. O Minho, a província mais a norte de Portugal foi a área escolhida nesse ano, região que nos proporcionou belos passeios e agradáveis momentos gastronómicos.

Neste bloco, a par de alguns desenhos utilizei igualmente recortes de postais e fotografias assim como materiais naturais que ia recolhendo por onde passava. A escrita, como sempre, foi um complemento fundamental.

Partilho a seguir algumas páginas representativas desse livro de férias.

Estes registos foram maioritariamente realizados in loco. Quando não tinha o que precisava para concretizar determinada ideia, nomeadamente fotografias ou recortes, planeava a página deixando espaços em branco para preencher posteriormente.

Recordo ainda que na altura gostei muito desta experiência de utilizar recortes por ser uma técnica bastante versátil, rápida e de me permitir “brincar” com as imagens com um certo humor.

Boa semana!

pela ilha da madeira (I)

Foram os históricos trilhos e veredas da Madeira, nomeadamente as chamadas “levadas” que nos levaram este ano a essa ilha atlântica, numas férias há muito pensadas mas, por diversas razões, ainda não concretizadas.

A percepção que o tempo passa demasiado rápido nas nossas vidas e que em cada ano a resistência física vai naturalmente diminuindo, fez-nos decidir que este seria o momento certo de conhecer através de caminhadas as entranhas de uma ilha que até aqui apenas nos mostrara aquela sua vertente mais turística e acessível de carro.

Pela sua localização, na ilha da Madeira as zonas mais montanhosas e situadas essencialmente a norte são bastante chuvosas, pelo que a água abunda em toda essa região, brotando de inúmeras nascentes.

Sendo este vital elemento mais escasso a sul, desde o séc. XV que os habitantes locais começaram a hercúlea tarefa de orientar essa água através de canais que percorrem as encostas das montanhas num deslizar mais ou menos suave, passando inclusivamente por muitos túneis escavados na rocha. Muitas inserem-se em vertentes de grande declive, tornando-se difícil compreender como foram aí implantadas. Sabe-se contudo, que muitos homens morreram na construção destas estruturas, obra que se prolongou até ao séc. XX.

Estes canais “domesticados”, a par das ribeiras que seguem de uma forma natural, formam um imenso aparelho circulatório que permite que a água chegue a quilómetros e quilómetros de distância para posteriormente ser gerida com responsabilidade e democraticamente aproveitada por todos para a agricultura.

Nas muitas pesquisas que fiz antes de férias li que existem cerca de duzentas levadas na ilha, totalizando mais de 2000 Km. Isto permite perceber a importância que conquistaram ao longo dos séculos na tarefa de gestão da água e dos solos cultiváveis. Em média, esses canais terão talvez entre 50 a 90 centímetros de largura e, uma mesma levada, pode ter alturas/profundidades diferentes consoante a zona por onde passa. Por vezes correm em declives acentuados através de escadarias, dando origem a uma ruidosa sequência de cascatas. Em resumo, são uma fabulosa obra de engenharia tendo em conta a orografia da ilha e as circunstâncias em que se inserem.

Lateralmente a essas levadas existe um espaço para circulação, a chamada “esplanada”, que varia muito em largura, sendo por aí que os trilhos foram maioritariamente traçados. Nos percursos que realizamos, com grau médio de dificuldade (não fizemos nenhum considerado dificil), o cruzamento de caminhantes não criou problemas de maior, apesar de haver muitas zonas em que o espaço disponível era bastante estreiro. Nessas situações há que perceber previamente onde parar ou encostar de modo a evitar situações de instabilidade ou desequilibrios.

São percursos que exigem atenção e cuidado, especialmente porque os terrenos têm muitas raízes e são escorregadios devido ao excesso de humidade. Mas não os sentimos como perigosos, seja porque os trilhos estão muito bem sinalizados, seja por existirem protecções estáveis e seguras nos locais adjacentes a precipícios. Essencialmente, é necessário ter muito respeito pelas caracteristicas do lugar onde estamos.

Outro tipo de trilhos existentes na ilha são as chamadas “veredas”, percursos onde a água pode não estar directamente presente, mas são igualmente muito bonitos. Neles encontramos imagens encantadoras e quase mágicas, especialmente de majestosas árvores,

A grande magia dos percursos desta ilha está na paisagem mas especialmente na flora exuberante e endémica que os envolve, a chamada floresta Laurissilva da Madeira. Ocupa cerca de 20% do território e pelas suas características, foi englobada na lista de lugares do Património Mundial Natural da UNESCO.

Foi portanto neste contexto de uma natureza quase “histórica” que passamos os primeiros nove dias das nossas férias…

… entre muito verde e água, envoltos em sol, nuvens, nevoeiro e também alguns chuviscos

… deixando entrar no olhar vastos lugares e detalhes encantadores

…acumulando nas pernas e no corpo dezenas de quilómetros, muitas subidas e descidas, mas tudo envolto num saudável e doce cansaço

… e especialmente sentindo uma imensa alegria e gratidão por, dia a dia e na altura certa, termos cumprido sem contratempos um dos itens presentes na nossa “lista de desejos”.

Em próximos posts voltarei a estas férias, com outras perspectivas, detalhes e mais imagens.

(As fotos onde eu estou presente foram captadas pelo meu companheiro Jorge Oliveira)

regressada de férias…

…. faço nestes dias um evidente esforço para me integrar no trabalho e em certas rotinas indispensáveis, sendo certo que este tempo absurdamente quente, irrespirável e inquietante que vivemos torna tudo mais complexo. Amiúde a minha mente envolve-se em imagens refrescantes como esta obtida no final das férias, detalhe que me recorda outros momentos igualmente frescos vividos nas ultimas semanas.

Em breve voltarei também à “rotina” do Discretamente. Assim como existe uma re-adaptação ao trabalho, também com calma e discrição me sintonizarei com a blogosfera, seja como autora seja como leitora.

Tal como me desprendi de tudo nestas ultimas três semanas, também o blog foi englobado nessa “limpeza”. Esqueci-o completamente, pelo que terei que fazer uma “revisão da matéria” pois, honestamente, não me recordo o que estava em projecto ou tinha possibilidade de ser partilhável. Preciso mesmo de me encaixar nos dias…

Por hoje, limito-se a agradecer os votos de boas férias deixados por muitos de vós no último post que publiquei há três semanas. Muito obrigada a todos.

Para já, apenas posso dizer que foi um excelente período de descanso (e de um saudável cansaço também), que oportunamente partilharei convosco.

Bom resto de semana!