
Praia de Santo Amaro, Oeiras, Portugal, Junho 2021
(Um mar bem tranquilo para equilibrar o mar irreverente do ultimo post!)
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Bom fim de semana!🌞
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Bom fim de semana!🌞
Enormes,
as ondas envolviam-se sobre si
num aconchego ao espaço
e olhar para o interior.
Crescendo em tamanho e força
libertavam um véu
que se desfazia no tempo
no vento
no mar
e no espanto do meu olhar!
Por fim,
a explosĂŁo
e a festa do branco,
um campo de espuma
como um campo de neve,
sem desaparecer
sem nunca deixar de ser!
Apetece tocar…
Apetece fugir…
Estranho o mar
e as suas formas…
…estranhos os sentimentos que me provoca!
Sempre presente na minha vida,
querendo o meu sentir
agarrando o meu fugir,
nĂŁo me permitindo deixar de olhar.
Porque Ă© mar
de amar…
…e porque eu tenho medo!
Dou as boas vindas ao Outono com um último post sobre as férias de Verão na ilha da Madeira. Creio que é tempo de terminar esta temática no Discretamente, apesar do tema de hoje – os seres vivos – sempre terem a nossa atenção durante todo o ano.
Ao longo dos dias que permanecemos na Madeira foram muitos os animais que cruzaram o nosso olhar e que nos “cumprimentaram”, seja em passeios realizados pelo interior da ilha seja na zona costeira.
Começo por aqueles que utilizam o solo como seu habitat principal….
…e aĂ, a sensação com que ficamos Ă© que os lagartos/lagartixas foram os mais vistos especialmente nas zonas mais perifĂ©ricas e soalheiras da ilha. De tons diversos, eles estĂŁo em muros, pedras ou no calhau rolado, bastando apenas um pouco de atenção para logo os ver. SĂŁo fugidios mas, se pararmos em pouco, sĂŁo capazes de se aproximar….de tal forma que estando eu sentada tranquilamente num muro a apreciar o mar…olho para o lado e vejo um a explorar o exterior da minha mochila. Reagi e ele logo fugiu. Digamos que os aprecio, desde que nĂŁo entrem no meu “territĂłrio pessoal”…
Leves, ágeis e apreciadores quer da terra quer do mar, os caranguejos merecem uma referência, pois foram muitos os que vimos.
De patas bem assentes no solo mas bem mais possantes e pachorrentas, as vacas cruzaram o nosso caminho em vários momentos, sempre com aquele ar que as caracteriza que fica entre a indiferença e a tranquilidade. Cabras e ovelhas deram igualmente um ar da sua graça…
Dispersando um pouco o olhar, Ă© altura de me centrar naqueles que conseguem voar. Vejamos primeiro as aves…
…ficamos com a sensação que quem reina na ilha sĂŁo os sociáveis tentilhões, mais ou menos coloridos consoante o sexo ou idade. A ave que inicia este post Ă© um tentilhĂŁo macho já adulto. As fĂŞmeas, como geralmente acontece no mundo das aves, sĂŁo bem mais sĂłbrias.
Adaptaram-se tão bem à dinâmica dos muitos turistas que visitam a ilha, que fazem da sua presença uma mais-valia. Constatamos que muitos procuram o final dos trilhos, locais onde a maioria das pessoas pára para descansar, comer qualquer coisa…e aà deixar migalhas! Então é vê-los a aproximar-se sem qualquer medo, como mostram as duas fotos que se seguem.
Este permaneceu perto de mim, por imenso tempo!
Para além dos tentilhões foram poucas as espécies de aves que vimos. Pela minha parte apenas consegui fotografar uma lavandeira (que no continente tem o nome de alvéloa-cinzenta) e um pensativo garajau comum a apreciar a ondulação!
Saltitões ou voadores, os insectos sĂŁo sempre um desafio. Ainda consegui captar estes gafanhotos (um maior e outro pequenĂssimo), um escaravelho (?), uma aranha e vários abelhões, ficando aqui apenas o melhor exemplar deste Ăşltimo.
Por fim, as borboletas! Sempre irrequietas e coloridas, foram muitas as que vimos. Eu porém, apenas consegui fotografar decentemente estes dois exemplares que se seguem.
Mas sendo estas fĂ©rias partilhadas com o meu companheiro e um tempo inesquecĂvel para ambos, termino com mais trĂŞs exemplares de borboletas lindamente fotografadas por ele (Jorge Oliveira) e de que gosto muito.
Se estas fĂ©rias foram um “voo a dois”, que este final seja tambĂ©m de ambos!
Para terminar…
… desejo sinceramente que a mudança de estação hoje ocorrida – Outono para uns e Primavera para outros – seja um tempo de tranquilizar o mundo e, indirectamente, de tranquilizar a Vida de todos nĂłs.
Bom fim-de-semana!🍀
NĂŁo resisto a partilhar mais um expressivo e curioso feijĂŁo-verde!đź’š
Como pĂ©rolas, caĂram do cĂ©u as primeiras chuvas…
Cheira a terra
e a raĂzes,
a castanhos
e seus matizes,
a fresco
e a humidade…
..e cheira a um odor sem idade
nascido de uma terra feliz,
que recebe no seu seio
a chuva que tanto quis!
Dois anos e um mĂŞs depois do Vasco ter nascido e de eu adquirir o estatuto de avĂł, posso agora partilhar convosco que, se tudo correr como previsto, na prĂłxima Primavera serei duplamente avĂł.
A notĂcia foi divulgada de uma forma extremamente criativa como bem mostra o grafismo da t-shirt que o meu neto vestiu nesse dia.
Dou os meus parabĂ©ns aos papás designers pela engraçada ideia que tiveram e ao meu neto por desempenhar tĂŁo bem o papel que lhe foi atribuĂdo neste futuro evento familiar.
Entretanto….se a alegria e a ternura que este tipo de notĂcia sempre envolve sĂŁo uma realidade nas minhas emoções, quando a minha parte mais racional prevalece incomoda-me muito o estado do mundo onde esse bebĂ© irá nascer e os meus netos irĂŁo crescer.
Diria que aquele optimismo “genĂ©tico” que sempre me habitou está em fase de reflexĂŁo perante tanta insensatez, ganância, guerras absurdas, despotismo, etc., e pelo mais que evidente desequilĂbrio ambiental que nos envolve.
Não é agradável pressentir um futuro que não gosto para os meus netos. É certo que eles aprenderão a viver nele, criarão defesas e espero que tudo façam para o melhorar.
Pela minha parte e enquanto a vida me permitir, tentarei ser aquela avĂł que prefere a paz e a sensatez, que respeita muito o outro e ainda mais a natureza e, especialmente, que sempre valoriza o imenso que temos e que nos rodeia.
Para já, o único e mais profundo desejo é que tudo corra bem com a futura mamã e seu rebento!
Os detalhes…
…um a um, eles vão encaixando como um puzzle e formando uma realidade paralela que complementa a paisagem. São pequenos mosaicos de uma grande construção e um verdadeiro privilégio da natureza, seja nesta ilha seja em qualquer lugar do mundo.
Olhando para o solo…
…ele Ă© o grande receptáculo da água/humidade existente. Por ele correm rios, ribeiros, canais e levadas… repousa a água das chuvas e dos nevoeiros…. assim como toda a que se condensa na vegetação em quantidades inconcebĂveis.
Esse solo Ă© por isso o cerne da vida e Ăştero de uma imensa rede de raĂzes de uma flora caracterĂstica e muito diversificada. Mais recentes ou centenárias, formam um verdadeiro mundo subterrâneo que espreita Ă superfĂcie.
O nosso caminhar afaga-as e talvez as perturbe. Ou talvez não. Certo é que nos oferecem beleza e expressividade, mas em troca requerem atenção pois, sendo muitas vezes escorregadias… facilmente passam uma “rasteira” à nossa desatenção.
As bermas das levadas mostram uma vegetação de beleza única composta por fetos, musgos e muitas outras espécies. Deliciam o olhar dos mais atentos e estão ali para ser apreciadas.
Alguns caminhantes porém, percorrem os trilhos com tamanha velocidade que me pareceu nada verem….
Os fetos tĂŞm nesta ilha um dos seus paraĂsos. Abrindo-se em folhas gigantes ou de pequena dimensĂŁo, a sua presença Ă© realmente marcante. E o seu desabrochar Ă© e será sempre um detalhe que nos encanta.
É aqui, neste mundo dos fetos que encaixa a fotografia inicial deste post, uma imagem simbĂłlica e onde encontro uma belĂssima e solidária parceria visual entre um tronco queimado/cortado e o feto que a seu lado cresceu empaticamente. Gosto de imaginar que a solidĂŁo e tristeza deste tronco assim ficou menor…
É importante referir que a Madeira sofreu grandes incĂŞndios na ultima dĂ©cada, creio que em 2010 e 2016, eventos que deixaram feridas ainda bem visĂveis em vários locais.
Erguendo um pouco o olhar….
…tĂŁo ou mais expressivos que as raĂzes sĂŁo os troncos, solo e abrigo de muitas espĂ©cies e onde naturalmente a vida ganhou novas formas. TambĂ©m aqui, fungos, musgos e lĂquenes sĂŁo uma presença que o olhar nĂŁo consegue ignorar.
A beleza está na vida mas também a encontramos na morte, especialmente no reino vegetal. A expressividade das árvores e troncos secos, são puros gritos de beleza para as nossas emoções.
Diversificando o olhar é tempo de reparar nas flores, um verdadeiro ex-libris desta ilha que lhes dedica inclusivamente uma festa em cada Primavera. Pela minha parte lamento que tantas sejam plantadas e depois cortadas para decoração desse evento. Pessoalmente isso dói-me.
Neste post apenas me interessam as flores que decoravam os caminhos por onde andamos. Foram muitas, variadas e sempre belas, na sua simplicidade ou sofisticação.
Destaco o massaroco da Madeira, uma planta endémica que marca presença em muitos lugares, especialmente de média altitude. Formam feixes de flores cónicas de tom azul-lilás e são sempre um encontro agradável sejam quais forem as condições atmosféricas envolventes.
Detalhe maior relacionado com esta ilha e que nĂŁo pode realmente ser esquecido sĂŁo as bananas, um fruto com caracterĂsticas um pouco diferentes das que consumimos normalmente, uma vez que sĂŁo mais pequenas e o seu gosto ligeiramente diferente.
SĂŁo cultivadas em grande escala a baixas altitudes, especialmente nas vertentes e fajĂŁs do lado sul.
Das muitas fotografias que tirei na Madeira, o foco esteve essencialmente na paisagem e na flora, mas também na fauna, temática que estará presente no próximo post desta série e que será o ultimo sobre as férias de 2022.
Mas outros detalhes despertaram a minha atenção, nomeadamente a nĂvel da geologia, sendo com dois deles que termino este post. Fazem parte de um lote de imagens captado na Ponta de S. Lourenço, no Ăşltimo dia e antes de nos dirigirmos para o aeroporto.
Escolhi-os por serem curiosos e por transmitirem um dinamismo que Ă© real e constante neste planeta que nos recebe. Certo Ă© que, ao observá-los, quase consigo ver o movimento daqueles nĂşcleos a virem Ă superfĂcies e a serem “paridos” pela terra. Mas escolhi-os, especialmente, porque foram os Ăşltimos detalhes fotografados antes do regresso.
Num silĂŞncio pĂ©treo, estes “filhos” daquela terra despediram-se do nosso olhar. E nĂłs simplesmente agradecemos!
Porque o teu olhar aprecia a simplicidade…..
…porque prefere “aquele menos” que diz mais…
…e porque sempre consegue encontrar no aparentemente banal aquela linha de força, energia ou estĂ©tica que pode tornar algo mais belo…
…ofereço-te neste dia uma fotografia que tirei no inĂcio deste ano e que muito aprecio. Na sua subtileza encontro uma certa transcendĂŞncia, seja na nudez dos troncos que revelam o essencial, seja nas nĂ©voas que temos que ultrapassar para chegar Ă clareza, Ă luz e a um “cĂ©u mais azul”.
Gosto da sua harmonia, mensagem e por este pouco me dizer-me tanto. E hoje gosto especialmente porque sei que também a irás apreciar.
A par destas palavras é o que te quero oferecer neste mundo virtual. No real terás muito mais. Haverá presenças, partilha e sentirás aquele abraço especial e aquela ternura que só uma mãe sabe dar. E que tu como mãe, já sabes bem como é profundo, intenso e tudo preenche.
Muitos parabéns minha filha!🧡