
Lisboa sempre nos oferece curiosos detalhes, seja qual for a área da cidade que nos acolha. O facto de profissionalmente me enquadrar entre as zonas de Santos e Alcântara, leva a que privilegie esse segmento da capital para os passeios que faço habitualmente à hora de almoço, seja a um ritmo activo ou mais tranquilo e fotográfico.
Nesse deambular passo inúmeras vezes pelas pequenas caravelas em pedra inseridas nas fachadas de algumas habitações desta zona da cidade, baixos-relevos cujo estado de conservação varia entre o bom e o bastante mau. Li que existem elementos deste tipo noutras zonas da cidade próximas do rio Tejo, mas ainda não os fui procurar.
Creio que ninguém saberá ao certo o seu verdadeiro significado, sendo várias as versões conhecidas. Uns dizem que estariam na fachada de edifícios onde habitavam pessoas cuja profissão estaria relacionada com o mar; outros afirmam que poderiam ser marcos sinalizadores relacionados com os limites do município, cujo símbolo tem por base uma caravela. Outras versões existirão certamente, mas deixo isso para historiadores e especialistas na matéria.
Eu prefiro o papel de observadora destes curiosos detalhes que pontuam a cidade e de deixar a imaginação “navegar” com eles por onde quiser. O importante é constatar que ainda persistem, sendo um legado que temos a obrigação de cuidar, preservar, apreciar e partilhar.


Calçada da Pampulha nº 4 e Rua Presidente Arriaga nº 124


Rua Presidente Arriaga, nº136/138 e nº142


Rua Presidente Arriaga, nº150 e nº152/154


Rua Presidente Arriaga nº172, e Rua Prior do Crato nº40


Rua Prior do Crato nº175 e Rua da Costa nº43


Rua da Costa nº63 e Travessa da Costa nº81
Com um enquadramento diferente, outras caravelas podem ser vistas nesta zona, como a existente no Fontanário nº10 localizado da Praça da Armada e ainda na fachada do nº19 da Calçada do Livramento, esta de maior dimensão e creio que bem mais recente.


Estas imagens mostram claramente que alguns destes elementos se encontram em mau estado de conservação e que não tem havido cuidado na sua preservação. Se a erosão e a poluição são importantes factores de desgaste, também a incuria humana tem dado uma boa contribuição. Aliás, a presença de cabos electricos e de telecomunicações colocados sobre alguns estes baixos-relevos é bem demonstrativa disso.
Numa pequena investigação que fiz encontrei referência a outras caravelas…mas in loco não existiam, provavelmente porque as fachadas dos edifícios foram remodeladas e/ou esses elementos entretanto retirados.
Antes de terminar, gostaria ainda de referir que a imagem que inícia o post é um detalhe da fachada da habitação nº10 da Rua da Costa e que a zona da cidade onde todos estes elementos se encontram está assinalada no mapa abaixo.

Neste vaguear recolhi outro tipo de detalhes que oportunamente poderão dar origem a uma publicação de titulo semelhante mas de conteúdo bastante diferente.