detalhes citadinos


Há algum tempo publiquei um post sobre as pequenas caravelas que pontuam as paredes de algumas habitações localizadas relativamente perto da zona ribeirinha de Lisboa.

Essa busca levou-me a reparar noutros elementos/sinalética que, por este ou por aquele motivo me chamaram a atenção.

Alguns, são apenas detalhes do tempo que “desaguaram” neste séc. XXI. Não guardarão em si o significado ainda meio desconhecido das pequenas embarcações, mas cada um deles reflecte uma dinâmica citadina que usualmente nos passa ao lado. Objectivamente, eles revelam algo facilmente perceptível (ou não), mas são sempre formas de comunicação entre a cidade-espaço e a cidade-pessoas, sejam eles os habitantes locais ou os passeantes como eu.

A fé, no geral associada a uma certa religiosidade e intrínseca à maioria das pessoas, ultrapassou paredes e assentou raízes em fachadas de edifícios através de pequenos azulejos ou grupos de azulejos pintados com santos, virgens, etc

Reflectirão estes elementos a fé de quem as habita…a fé dos proprietários das habitações (que muitas vezes não as habitam)…ou uma fé que entretanto as desabitou e se perdeu no tempo?

A maioria, julgo eu, foi provavelmente ali colocada com a finalidade de proteger a habitação de energias menos simpáticas e/ou negativas.

Os momentos de glória sempre deixam marcas. Encontrei-a em duas ruas que no início deste século ganharam o concurso da “Rua mais florida” de Lisboa. Hoje, muito pouco as aproxima desse título…

Detalhes informativos são muito comuns e clarificam de imediato o tipo de proprietário, a função dos edifícios ou aspectos relacionados com a segurança das habitações.

Há detalhes na cidade (e em todo o lado!) que visualmente me incomodam. É o caso dos fios, eléctricos/comunicações que aqui, ali e além “decoram” ruas, paredes, recantos, varandas, etc, etc. De certa forma eles reflectem a profusão desses meios nas últimas décadas e o modo pouco controlado como “invadiram” o nosso espaço e vidas. Incomodam ainda mais quando não respeitam aspectos arquitectonicos que muitas vezes caracterizam os edifícios.

Sendo no geral demasiado inestéticos, partilho apenas dois exemplos dos imensos que poderia ter fotografado.

Aqui e ali, a arte urbana também está presente, seja em pequeno ou em grande formato. Limitei-me ao primeiro, pois a ideia deste post é a de partilhar essencialmente detalhes.

Entretanto deliciei-me com as imagens que se seguem, sendo com esse conjunto que termino. Já conhecia duas destas esculturas porém, este deambular permitiu-me encontrar mais algumas dessas figuras em ferro que decoram o topo de algumas habitações localizadas na área de Alcântara.

Acho-as simplesmente deliciosas!

Este post é a prova provada que, se passarmos atentos pelos lugares eles têm imenso para nos dar em troca. Na verdade eles contam histórias, momentos, modos de viver, revelam opções e sempre nos comunicam algo, seja ou não do nosso agrado.

E principalmente, alimentam a nossa curiosidade!🤗

17 thoughts on “detalhes citadinos

  1. Eu nunca encontrei um estudo específico sobre mas penso que as pessoas gostam de expressar sentimentos também dessa forma para além dos já entranhados nas culturas: obtém-vindo e o Paz ou ainda os de datas marcantes como o Natal. E quem ganha são os que admiram as obras, mensagens, denominações, divertimento…e quebram a rotina de um mero número informativo. É também uma maneira de dialogar com que passa pela rua. Post espetacular de um olhar muito sensível. Abraço, Dulce.

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    1. Fernando, ainda bem que apreciou este meu diálogo silencioso e detalhado com a cidade de Lisboa. Aliás, apenas com um bocadinho da cidade de Lisboa! Fico contente!
      Muito obrigada.

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  2. Esses detalhes me encantam. Aqui em São Paulo, os fios me enlouquecem e são um emaranhado nos posts de energia, telefonia, televisão… Mas a religiosidade já não se faz mais presente. Os detalhes mais agradáveis se foram com a demolição das residências antigas.

    Ps. Adorei esse passeio por detalhes que tocam-lhe. Grazie

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    1. Pois…eu também me passo com os fios que deturpam toda a estética dos lugares. Na cidade e fora dela!
      Relativamente a certos detalhes, sendo esta é uma zona antiga da cidade, o passado ainda persiste neles…
      Muito obrigada.

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  3. Desde os primórdios que a simbologia é parte presente e muito importante da vida humana. Como forma de comunicar e de expressar sentimentos e emoções. Muito interessante a atenção e a valorização da Dulce à simbologia do quotidiano, tão presente e por vezes tão pouco notada. Diria que esse interesse e atenção, ao detalhe, faz parte de ser Mulher. Um bom dia Dulce!

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    1. Sim, no geral somos muito mais atentas a detalhes de todo o tipo. Concordo.
      Nisso, creio que podemos dizer que todos os dias são “nossos”!
      Obrigada e um bom resto de dia da Mulher, algo sempre bem presente nesse seu espírito lutador!

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  4. Sempre gostarei dos perfis recortados no alto dos edifícios. Perfis ou pequenas estátuas, dependendo dos materiais usados. A Dulce é muito atenta à paisagem urbana. Sou sensível aos telhados – como o da primeira foto – que florescem de forma natural, acho bonito. Mas não deixo de pensar que podem causar dano, as telhas têm outro fim.

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    1. Digamos que ervas a nascerem em telhados significa pouca manutenção e provavelmente abandono. E são um mau sintoma. Mas concordo, conseguem “dar um pouco de vida” no que está em risco de se perder.
      Relativamente à cidade…gosto realmente de lhe conhecer detalhes e por ela deambular de maquina fotografica na mão. E ela merece isso!
      Muito obrigada.

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  5. You said the wires annoy you and I understand why but your photos make them look interesting to me. 🙂 I often see wires as lines from a pen or pencil. The second wire photo is very nice because of the shadows and the way you composed it – but I can see how it’s messy, too!
    Best of all are the balloons and the iron figures – wow, how wonderful they are, so light-hearted. It feels like they were put there by someone with a happy, generous spirit. They hoped the little guys would bring a surprise of joy into people’s lives. Did they imagine that someone far away on the west coast of the US would take delight in them, too? 🙂

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    1. I’m glad to know that some details went so far and enlivened your eyes!🙂
      As for the wires that invaded territories and also our gaze, only those “designed” with aesthetics and that run through the fields and plains make me happy. Yes, those can have some beauty!
      In these two details that I published, their eventual beauty results only from my tendency to find something “good”… in the bad!
      Thank you and have a good week!🌼

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