experimentações #40

Em 2015 comecei a sentir alguma necessidade de estar em férias sem o “compromisso” de registar esse período através de desenhos, textos, etc. Ainda fiz alguma coisa, mas já sem aquela vontade e interesse dos anos anteriores. São esses derradeiros registos em bloco que hoje partilho e que se referem a um período de férias passado entre o Algarve e o sul de Espanha.

No ano seguinte, em 2016, comecei a concentrar uma boa parte da minha energia criativa no Discretamente, pelo que após essa data a maioria dos desenhos realizados foram em função das necessidades do blog.

É muito provável que alguns de vós pensem que os blocos de férias seria algo para não deixar de fazer. De certa forma têm razão, mas precisei de parar por serem uma tarefa bastante exigente. Cada um deles foi uma descoberta e um prazer, mas a partir de certo momento deixou de o ser. Apenas isso. Na verdade, senti que queria começar a ter férias sem compromissos, sem objectivos e libertando a atenção e o olhar. No futuro porém, não descarto a ideia de voltar a eles.

Actualmente faço um ou outro desenho/aguarela, seja em férias seja para oferecer a familiares e amigos em aniversários ou no Natal. Mas nesta fase da minha vida, o tempo e a disponibilidade são realmente escassos. A actividade profissional… o dia-a-dia… a família/ netos…o Discretamente…e uma energia que já não é a mesma, não me permitem fazer mais.

Hoje, é com imensa ternura e alegria que olho para todos os blocos com registos gráficos que possuo e que guardo religiosamente. Afinal é uma parte de mim e da minha vida que está ali a descansar na prateleira de uma estante.

Boa semana!🤗

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o tempo em palavras

No início de 2018 partilhei um post sobre agendas, aqueles clássicos livrinhos que ainda não foram substituídas pelas suas congéneres digitais.

Volto hoje a essas companheiras que, dia a dia, guardam momentos efémeros ou anotações com futuro e memória, escritas pela mais bela ferramenta que possuímos, ora através de uma letra perfeita e bem legível, ora por outra apressada, impaciente…e por vezes mesmo ilegível.

Há uns anos resolvi começar a compilar o conteúdo de décadas de agendas, um manancial de informação com muitos dados concretos e bem localizados no tempo.

E resolvi fazer isso logo que percebi que um dia os meus filhos perderiam rapidamente o interesse por aquele “espólio” porque não perceberiam muito do que lá estava escrito. A minha letra não é fácil, por vezes bastante corrida, pelo que teria que ser eu a retirar o que tivesse interesse para a vida familiar ou para a vida deles, em particular.

Foi uma tarefa complexa e que me exigiu bastante tempo. E o mais curioso foi o facto de, em vários momentos, eu própria não perceber o que escrevera…

Apesar disso, as muitas informações retiradas e associadas a outro tipo de fontes permitiram-me oferecer um “livro” a cada um dos meus filhos quando fizeram trinta anos. Primeiro foi a ela… depois a ele…ficando ambos para a vida com dados sobre o seu crescimento/desenvolvimento, muitos dos quais não sabiam nem recordavam.

Seleccionei em simultâneo aqueles com interesse sobre a minha vida, opções, sensibilidade, sentires, etc., a que fui associando memórias pessoais e familiares. Um dia, quando eu partir para aquela desconhecida viagem, ficará disponível um “retrato” escrito desta mãe que também foi criança e filha…depois mulher e mãe…e agora também avó.

Encaro a passagem por esta Vida como um momento especial que devemos valorizar e agradecer ao máximo. Todos escrevemos algo nesse infinito livro… sendo a nossa família um capítulo por nós também habitado. Se não registarmos nada, algo se perderá.

Nesse trilhar, a clássica agenda foi e sempre será uma valiosa companheira. Para mim, obviamente.

Entre olhares, silêncios e palavras – escritas ou faladas – que o fim-de-semana seja tranquilo e a gosto de cada um!🤗

em família

Este ano, o habitual almoço de Páscoa em família terá mais um elemento. Perto de nós estará no seu berço o Vicente, uma “amostra de gente” com um mês de idade e, para já, portador de uma natureza bastante tranquila.

Será a sua primeira grande reunião familiar/festiva, evento em que irá certamente dormir o tempo todo, apesar do barulho que haverá em redor. Estando habituado a ruídos é muito provável que não se incomode com isso.

Entre ele e o elemento mais velho presente haverá sete décadas de tempo e Vida…sete décadas de mundo, história e de muitas histórias… de Páscoas, Natais e aniversários…de dolorosas perdas familiares e felizes nascimentos…de tristezas e alegrias…e de milhares de dias e noites transformados em memórias, sejam pessoais sejam familiares.

No corpo e na alma todos guardamos um pouco das raízes dos que já partiram e que fizeram parte deste círculo mutável que é a família. Apesar de ausentes fisicamente, eles estarão presentes em memórias e ternura; já o Vicente, apesar de presente fisicamente, estará ausente no seu mundo restrito e ainda virgem de memórias, mundo apenas direccionado para a satisfação das necessidades básicas. Duas realidades que se complementam, ou a Vida no seu mais belo continuar.

Sinto-me grata por fazer parte deste acontecer e por ser um fio que, ao lado dos que me são queridos, forma um entrelaçar que se inscreve num tempo….neste nosso tempo familiar.

Sinto-me grata por estarmos todos com saúde e com vontade de futuro.

Sinto-me grata… e isso é tanto!

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Neste post, o mundo ficou lá fora. Por vezes temos que o fazer.

Ele apenas entra aqui, agora, para que eu possa desejar a todos os meus leitores….

…uma Páscoa Feliz e um bom fim-de-semana! 🤗

abril!

Existe uma harmonia entre Abril-palavra e Abril-tempo!

Abril-palavra

… mistura “abrir” com “iluminar”

… tem abertura e luz

… sonoridade aérea e vibrante

… e a sílaba il, que voa em plena liberdade!

Abril-tempo

… é luz e energia

… um latente desabrochar

… vontade de exteriorizar

… primavera

…de amar e procriar!

Diria que Abril é uma palavra totalmente Primaveril!

Um doce Abril e um tranquilo fim-de-semana! 🤗

experimentações #39

Depois da “traumática” experiência com o bloco do ano anterior, em 2014 adquiri um da marca Winsor&Newton, adequado a aguarela e que me desse alguma garantia de solidez. Cumpriu essas exigências, mas lamento que nove anos depois o papel esteja extremamente amarelecido nos bordos, como é bem visível nas imagens que hoje partilho.

Comparativamente com o do ano anterior, este registo tem muito menos texto e  abrange um período de férias que contemplou a Extremadura espanhola e o Algarve. A par dos desenhos e de uma ou outra fotografia, integra também detalhes naturais, como folhas e casca de árvores, conchas, algas e ainda parte de uma pele de cobra encontrada num trilho pedestre em Espanha.

Em certos desenhos optei por colorir apenas detalhes pontuais, normalmente aqueles que apresentavam mais cor ou que tinham mais importância no contexto geral. E gostei bastante do efeito conseguido.

Seguem-se então algumas folhas das mais de quarenta que formam este livro de registos em tempo de férias.

Obrigada pela presença!🤗

experimentações #38

Continuando esta partilha de registos e sentires, diria que a palavra a que associo as férias do ano de 2013 é “contratempos”. A começar pelo bloco que utilizei e sobre o qual escrevi no seu final o excerto que se segue:

 “Logo nas primeiras páginas percebi que a encadernação deste caderno era tão má, mas tão má, que ao virar uma folha ela logo se soltava da lombada senão total pelo menos parcialmente. Foi uma luta complexa, porque às vezes me apetecia rasgá-lo todo! Apenas relaxei um pouco quando decidi separar as folhas da lombada sempre que isso não interferia com o registo. Além disso detestei este papel que se dizia adequado a todas as técnicas…mas que se mostrou péssimo para aguarela por ser extremamente absorvente…”

Recordo bem que não desisti por muito pouco. E que apenas continuei porque me habitam umas boas doses de paciência e persistência…

Para além do bloco e entre outras situações desagradáveis que me sucederam, logo no primeiro dia de viagem perdi a carteira com todos os documentos importantes e algum dinheiro. E quem a encontrou não foi honesto, pois não me contactou nem avisou a polícia. Só meses mais tarde – quando já não era necessária – a dita voltou às minhas mãos, sem o dinheiro e depois de já ter obtido uma segunda via de todos os documentos importantes.

Estas férias de 2013 decorreram em Portugal, contemplaram o norte e o sul…. e também tiveram bons momentos para neutralizar os menos simpáticos!

O facto de várias situações/circunstâncias não terem corrido bem, levou-me também a incluir numa das suas páginas o desenho que dá início a este post. Porque o humor sempre ajuda a enfrentar qualquer contratempo!

Um bom resto de domingo e uma boa semana para todos!🤗

boas festas!

Que nesta época festiva e sobretudo que no Novo Ano que se aproxima cultivemos a capacidade de…

… estar atentos e partilhar

… nos colocarmos no lugar do outro

… ouvir e tentar entender

… acreditar

… ser solidários

… e que consigamos alcançar aquele equilíbrio sempre necessário, seja como seres individuais seja colectivamente.

A todos os que continuam a passar pelo Discretamente, desejo um Bom Natal e um ano de 2023 com tudo o que é importante para vós e para os que vos são queridos.

E para o mundo, que seja definitivamente um tempo de resolução e de apaziguamento de conflitos. Creio ser esse o desejo de todos nós.

Um abraço e voltarei em 2023!🤗

(Desenho de Dulce Delgado)

experimentações #37

Continuando a partilha de experimentações gráficas, depois do álbum elaborado em 2011 sobre as férias passadas nos Açores e já aqui publicado no último post desta série, só poderia fazer algo mais simples e menos exigente. Por isso, de uma forma muito natural em 2012 predominou a escrita intercalada aqui e ali com alguns registos gráficos, fotografias ou com aquilo que a natureza me ia oferecendo.

Este álbum abarca cerca de dois meses, englobando férias que se realizaram… férias que não se concretizaram…. e ainda outro tipo de situações familiares e sociais ocorridas nesse instável período de crise nacional e internacional. Diria que, mais do que um álbum de férias, ele é um álbum de vivências ocorridas no Verão de 2012.

Tendo em conta a quantidade de texto e as muitas folhas sem qualquer registo de outra natureza, vejo-o mais como um documento vivo do que como um album gráfico. Mas essa perspectiva não lhe tira qualquer valor emocional pois, pelo contrário, creio que até o fortalece.

Sendo este o último fim-de-semana de Novembro, que seja um tempo tranquilo e bem aproveitado por todos!

a fuga

Mantendo a tradição, também o jantar deste Dia de S. Martinho será passado com a família em redor de uma mesa com petiscos confeccionados pela minha irmã (contrariamente a mim, ela é perita nessa matéria!) e envoltos num ambiente de boa disposição.

Como sempre acontece as castanhas estarão presentes no menú……excepto estas duas que conseguiram fugir a tempo!😉

Um bom Dia de S. Martinho e, sendo sexta-feira, que o fim-de-semana seja calmo e a gosto de cada um!

🌰🍄🍂🍁🍷🍀🌞

experimentações #36

Em 2011, no âmbito da quarta visita ao arquipélago dos Açores e à ilha das Flores nasceu o álbum de férias que hoje partilho e um dos que me é mais querido.

As circunstâncias desta viagem foram muito diferentes das anteriores, seja pelo contexto familiar seja porque a disponibilidade era maior e permitiu conhecer a ilha de uma forma mais profunda e exploratória através de percursos pedestres. Foram por isso umas férias de muitos quilómetros andados, de amplas vistas, de imensos detalhes e de momentos inesquecíveis.

A viagem incluiu inda uma ida à menor ilha dos Açores – a do Corvo – ilha que juntamente com a das Flores, formam o grupo ocidental do arquipélago

Seguindo a linha dos anteriores, este álbum foi idealizado e planeado in loco à medida que os dias iam acontecendo. Alguns desenhos foram realizados no momento e possui também colagens, fotografias, elementos da flora, areia, etc.

Contem ainda um CD com os estranhos e inesquecíveis sons das cagarras (Calonectris borealis), aves que nidificam nestas ilhas e que se ouvem especialmente à noite.

Tal como noutros registos já partilhados, este é também um verdadeiro “guardador de memórias e de emoções”. E cada vez lhe dou mais valor porque, muito honestamente, creio que já não teria paciência para elaborar algo semelhante. Se a Vida e a idade nos alteram as prioridades… também nos alteram a forma de viver e de sentir as férias.

Mas como sempre gosto de acrescentar: nunca digas nunca!