os dias dos dias

Vinte e quatro horas separam estas imagens captadas sobre a região de Lisboa. Vinte e quatro horas envoltas numa certa magia, uma vez que também as separa um ano tendo em conta que a primeira se refere ao nascer do último dia de 2021 (31 Dezembro) e a segunda ao nascer do primeiro dia de 2022 (1 de Janeiro).

A natureza não conhece passagens de ano nem as festas do nosso calendário. As suas festas envolvem equinócios e solstícios, movimentos, alinhamentos e rotações de planetas, cometas, estrelas, etc, tudo numa dimensão que nada tem a ver com a nossa. Contudo, fazemos parte e dependemos dessas “festas” planetárias e passagens de ciclos, apesar de esquecermos amiúde essa conexão e interdependência.  

Mas voltando às duas imagens acima, aos nossos dias e à nossa dimensão humana…

…nada se repete pois não há dias, emoções ou olhares iguais. Assim como variam as neblinas no horizonte da terra e nas certezas ou incertezas do nosso olhar, também as nuvens que interferem com as nossas emoções podem ser reais ou falseadas por interferências alheias. E aquele detalhe que o olhar percepciona, ou não, talvez possa fazer toda a diferença, seja nas escolhas, seja na beleza dos nossos dias.

O tempo passa demasiado rápido e cada dia que acontece é menos um na nossa vida. Olhemos por isso com humildade para a riqueza de cada um desses detalhes do tempo. Como? Estando Presentes com um P grande e apreciando e valorizando as particularidades que eles sempre nos apresentam.

Para finalizar, pode parecer uma comparação um pouco absurda, mas para mim tem sentido o que vou escrever: assim como o ouro, o incenso e a mirra oferecidos ao menino simbolizavam humildade e de certa forma submissão dos reis magos perante o Rei/energia acabado de nascer (realmente o menino não precisaria minimamente dessas riquezas materiais…), também o nosso olhar perante a Vida deve sobretudo basear-se na humildade e no enaltecer dos valores que são realmente essenciais. Não há “ouro, incenso ou mirra” que valha, se outros valores não habitarem a nossa alma.

Um bom dia para todos…e um bom Dia de Reis para os que vão seguindo a tradição cristã!

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ao ritmo de um chá…

Entre as mãos e a alma
uma chávena de chá
aquece    
e acalma,
infusão de natureza
que o corpo recebe
com paz
e gentileza!  

15 Dezembro – Dia Internacional do Chá 
Na origem deste dia dedicado ao chá não está propriamente a temática deste pequeno poema, ou seja o prazer de o degustar, mas algo mais profundo e que se prende com os problemas associados à sua produção, como é o caso dos direitos dos trabalhadores e preços justos na sua comercialização. 
Para nós é muito fácil ir a uma loja, adquirir um pacote de chá e apreciá-lo com toda a tranquilidade. Porém, esse gesto simples resultou do trabalho de muitos, por vezes sem condições nem direitos. Aliás, como acontece em muitos dos produtos que fazem parte da nossa vivência diária.
Por isso, lembrar a existência destes datas é importante e, no mínimo, podem-nos levar a reflectir sobre a origem de algumas das nossas escolhas.

dar uma volta…

… ao jardim

… à beira mar

… ao quarteirão

… nos meandros da cidade

… na serra

… pelo interior do país

Qualquer lugar é bom para “dar uma volta”, desde que nos habite abertura de espírito para usufruir daqueles momentos em que o corpo e os sentidos estão disponíveis para estar, dar e receber. Além disso, “dar uma volta” é saudável em qualquer idade ou circunstância, seja no caminho de todos os dias, seja num novo trajecto ou lugar. Na verdade, sempre existe algo de novo quando existe essa abertura interior e vontade de dialogar com o exterior.

O “Dia de dar uma volta” que hoje se comemora (22 de Novembro) deveria ser lema para os restantes dias do ano. Porque faz bem ao corpo e alimenta a alma.

Sendo fã desta frase e ideia, e porque todos os dias, com raras excepções dou a “minha volta”, não poderia deixar de mencionar a data.

Que “as voltas” nos acompanhem ao longo da Vida e, se for caso disso, que tenhamos a coragem de dar também uma boa “volta à Vida”!

o cata-vento

 

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Irrequieto,
o vento
fustiga o cata-vento,
que roda loucamente
sem parar.

Pára!
Pede o galo
do alto do cata-vento,
estou tonto,
cansado
sem norte
e farto desta sorte!

Porquê?
pergunta o vento,
num rodopio
sonoro e menos turbulento…

Porque…
não canto
não voo
não acordo ninguém
não tenho par
nem um quintal onde reinar!
E estou preso
nesta alma de metal,
fria e intemporal!

Mais calmo,
o vento soprou
com ternura
e ecoou…

Puro engano
meu amigo!

Tu és norte,
orientação,
e o corpo que me dá voz.
És o vento que o olhar mais simples
compreende,
linguagem universal
clara e sem igual.

Não voas
é certo,
mas desse lugar
podes ver mais mundo
e horizonte que muitos
a voar.

O teu “quintal” é vasto
aprecia-o com alegria.
E voa,
quando quiseres
e disso precisares.

Basta sentires
o meu afagar em teu corpo
com emoção,
ou a minha loucura
sem razão,
e  terás penas
e asas
e voos de imaginação!

Se este é o teu lugar
e destino,
não vires as costas
ao sopro que te dá vida,
sente-o simplesmente
guiando a emoção
para junto do coração!

 

(Dulce Delgado, Junho 2019)

 

 

dias de primavera

 

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São novas as energias que vagueiam na atmosfera!

Leve e docemente,
invadem os espaços tristes
que o inverno esqueceu no nosso corpo.

Suavemente,
afagam-nos a pele
amaciam as arestas dos dias frios
e a alma fica mais quente!

Como é bom espreguiçar a vida em dias de Primavera!

 

 

(Dulce Delgado, Maio 2019)

 

 

 

 

árvore-poesia

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Poesia…

…uma árvore plantada
na sensibilidade dos dias,
nascida da energia
boa ou dorida
dos afectos
e da vida.

O tronco,
será a Ideia nascida da semente
e amadurecida nas raízes…

Os ramos,
os caminhos a trilhar pelas palavras
na expressão do seu sentir…

E as folhas,
os detalhes que diferenciam
cada árvore-poesia,
pedaços de alma
que lhe dão força e energia!

 

Ao dia da Árvore, da Poesia e da Criatividade

 

(Dulce Delgado, 21 Março 2019)

 

 

 

 

aquele lugar…

 

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Ao ultrapassar a realidade, a imaginação tem algo de mágico e de maravilhoso.
Sem esforço, nessa viagem tudo alcançamos, contornamos e criamos. Os olhos da mente elaboram planos, resolvem situações, alteram comportamentos e criam lugares… por vezes maravilhosos. Certamente que haverá por aí muita imaginação menos prosaica e mais destrutiva que a minha, mas tal não interessa para o tema.

Nos meus sessenta anos de olhares, muitos sobre o céu e as nuvens, foram imensos os momentos que me cativaram e alimentaram a imaginação. Mas nunca encontrara aquele lugar já imaginado, aquele lugar de linhas desenhadas e fluídas… misto de montanha e cidade…uma espécie de mundo paralelo habitado de horizontes e de infinito….

Encontrei esse lugar, recentemente, ao amanhecer.
Estava ali, à espera do meu olhar. Fiquei parada, vidrada e maravilhada. Registei o momento com emoção e depressa percebi a sua efemeridade, porque num dos extremos, o ritmo de dispersão das nuvens era evidente. Minutos depois tudo se alterou e desapareceu. Ele não estava ali só para mim, mas eu estava sensibilizada para o encontrar.

Há momentos na vida em que um detalhe faz toda a diferença.
Por vezes, circunstâncias diversas provocam uma quebra de energia e uma maior dificuldade em manter o habitual positivismo, sendo fácil surgir o sentimento de estarmos a “atraiçoar” a nossa verdadeira natureza. Um sentir um pouco absurdo, porque somos humanos e nada é linear nem igual nesta vida. Mas nesses momentos de maior fragilidade, essa mesma Vida é perita em nos “oferecer” momentos especiais, por vezes absurdos para os outros, mas muito simbólicos para nós. Como foi este, ou outros já ocorridos na minha vida.

Ele significou que…

… não há impossíveis
… não podemos desistir de acreditar/esperar/encontrar
… é importante manter o foco, um “horizonte”, mesmo que o caminho seja por vezes mais complexo
… na altura certa aparecerá algo que nos alerta/ estimula/ questiona e ajuda
… e que é fundamental manter-mo-nos atentos, seja com o olhar, seja com a alma!

Apenas dessa forma as energias que somos e as energias que nos cercam se poderão “alinhar” para nos mostrar de infinitas e estranhas formas aquilo que precisamos de entender/aceitar em determinado momento da nossa Vida.

 

Por vezes os relógios acordam-nos à hora certa…