
A Costa Rica é um pequeno país da América Central, actualmente com importantes preocupações ecológicas. Li há algum tempo que, para além da energia gasta ser quase na totalidade proveniente de fontes renováveis, há alguns anos baniu a pesca ao tubarão porque algumas espécies estavam ameaçadas, fechou os seus zoos, está na vanguarda do ecoturismo e, numa próxima etapa, pretende ser o primeiro país do mundo a banir o uso de plástico de uso único, como garrafas de água, palhinhas, sacos, pratos e talheres, substituindo-os por materiais biodegradáveis, não derivados do petróleo e possíveis de compostagem.
Esta vontade não surgiu do acaso, mas da constatação que o próprio país estava a sofrer um grave problema com os plásticos produzidos. Então decidiu actuar e pretende fazê-lo até 2021.
Posto isto…
… neste Dia Mundial do Ambiente, em que os portugueses ficaram a saber que estão a produzir mais lixo (não sei especificamente de que tipo, se corresponde a lixo reciclável e, muito menos, se o país está a dar a devida resposta a esse aumento), e ainda,
… uma semana depois da divulgação pela Comissão Europeia do plano estratégico até 2030 para redução dos plásticos e sua total reciclagem….
…apetecia-me um pouco mais de ambição a este nível!
Pergunto:
– Porquê o ano de 2030, o que significa na prática mais doze a contribuir para a poluição do planeta, especialmente dos oceanos, onde já se acumulam enormes ilhas de plástico?
– Porque não assumir a Europa, como “velho continente e por isso talvez mais sábio”, as rédeas de uma intensa campanha de sensibilização, pesquisa e inovação, impondo a ela própria um prazo de quatro ou cinco anos para mudança de um modelo que, definitivamente, está a ser prejudicial a esta bela esfera que nos abriga e sustenta? Não poderia ela abraçar essa grande causa, a par, por exemplo, da Organização das Nações Unidas?
As campanhas resultam, desde que sejam bem organizadas e seriamente divulgadas. As pessoas adaptam-se, mesmo que inicialmente essa mudança de hábitos gere alguma controvérsia. Esse processo é natural.
A verdadeira razão de um “plano estratégico a doze anos” num contexto em que deveria ser urgente, não são as pessoas. Não somos nós que, em percentagem sempre crescente, temos todo o cuidado em separar os diferentes materiais e de os colocar no devido contentor para reciclar; não será também daquele que, apesar de não fazer isso, facilmente se adaptaria a um novo modelo/material menos poluente, mais ecológico e biodegradável; provavelmente a grande razão desse timing exagerado são os interesses económicos associados a uma enorme, produtiva e rentável indústria que “vive e se alimenta” de um material que já foi inovador, mas que o tempo, o mau uso e o abuso tornou prejudicial: o plástico!
(Imagem retirada de https://marcioantoniassi.wordpress.com/2016/11/12/reciclagem-de-garrafa-pet-bacterias-que-comem-plastico/)