No silêncio da noite
ouço o teu respirar
e o meu,
o teu passeia tranquilo
ao ritmo dos sonhos,
o meu caminha acordado
a par dos pensamentos.
Tranquilos,
eu e tu somos ar…
…por aí!
(Dulce Delgado, Maio 2020)
No silêncio da noite
ouço o teu respirar
e o meu,
o teu passeia tranquilo
ao ritmo dos sonhos,
o meu caminha acordado
a par dos pensamentos.
Tranquilos,
eu e tu somos ar…
…por aí!
Ontem adormeci
com o Inverno no ar,
sabendo de antemão
que a Primavera estaria
a meu lado ao acordar.
Foi no escuro da noite
em silêncio
e no tempo de um respirar,
que o Inverno e a Primavera
trocaram de lugar.
Nada ouvi,
pressenti
ou em sonhos percebi,
mas de manhã ao espreguiçar
na minha pele senti
um doce afago no ar.
As boas-vindas
eu dei
a esta nova Primavera,
e com doce emoção
humildemente lhe pedi
força
luz
e serenidade
capaz de neutralizar
este momento tão ímpar
vivido pela humanidade.
A Primavera
nada disse
a esta mente sonhadora…
…mas eu suponho…
…que em breve
irá ao sul
com o Outono conversar,
para em conjunto combinar
o que farão para ajudar!
A melhor Primavera (e Outono) para todos nós!
Sólido e forte,
o tronco é suporte
e alimento
nascido de uma semente.
Une a terra ao céu…
a matéria ao ar…
rio de energia
a circular
em cada ramo
folha
flor
e fruto.
Vida…
Invisível
fluída
leve
e por este olhar tão sentida!
A brisa toca a pele
que o sol aquece…
num leve afago
de energia
luz
e ar…
ventura
que o corpo recebe
com ternura…
e agradece
num interno abraçar!
Olhei,
e vi um pássaro gigante no céu da minha janela…
Seria uma nuvem-pássaro…
um pássaro-nuvem…
ou apenas
esta voadora imaginação?
Talvez fosse uma nuvem distraída que se perdera de outras
e veloz,
as tentasse apanhar…
…ou uma nuvem exploradora da liberdade
deambulando pela vida
pelo mundo, pelo vento
e pelo ar!
Talvez uma nuvem a viajar!
Amanhã,
também eu irei “voar” pela liberdade das férias
respirando paisagens,
olhares
e lugares
desta terra lusitana.
O corpo e a mente
precisam muito de descansar,
e o blog,
discretamente
ficará a aguardar!
Andar,
apenas andar…
…e no rosto sentir
a brisa levar,
dúvidas
e inquietações
nascidas no Ser
ou crescidas no Estar.
Andar
apenas andar…
…e o ar sentir
e em ar se tornar!
No silêncio do meu olhar
sigo uma ave pelo ar.
A distância a levou
e o meu olhar se dispersou.
Então ele vagueou
no desejo de encontrar
outro lugar onde pousar.
Não encontrou.
Fechei os olhos
e guardei esse olhar…
…que feliz se aninhou
num recanto do meu sentir
para o descanso apreciar!
A natureza não cumpre regras nem proibições, especialmente no reino vegetal. A necessidade de sobrevivência leva muitas das suas espécies a adaptações ou a explorar novos caminhos, seja perfurando a terra com as raízes ou espalhando pelo ar sementes, poléns ou esporos. O objectivo final será sempre cumprir o seu desígnio, ou seja, perpetuar a vida.
Os seres vivos da imagem acima não “escolheram” um tronco de árvore ou um muro para se desenvolverem como acontece habitualmente com os líquenes, mas um sinal de trânsito localizado na estrada que liga a Cruz Quebrada a Linda-a-Velha, no concelho de Oeiras. Surpreendida, fotografei a situação e mostrei a imagem a uma amiga bióloga a quem recorro para alimentar com os seus conhecimentos científicos a minha curiosidade de leiga.
Assim…
… os líquenes são uns seres vivos que não existem só por si, uma vez que resultam da união de uma alga com um fungo. Estes dois organismos estão sempre no ar, viajam com o vento ou através da água e, caso encontrem um meio propício – húmido e com algum material orgânico onde se agarrar – podem unir-se, e aí, dar origem a um líquen, uma forma diferente dos seus “progenitores”.
Nesta situação especifica, o material orgânico será mínimo e apenas formado por poeiras e/ou resíduos de terra acumulados em fendas, deformações e na fronteira entre as tintas/películas coloridas que universalmente dão um significado a este sinal de trânsito….e que apenas a natureza tem o direito de não respeitar!
Fico encantada com este tipo de detalhes!
O nosso olhar tecnológico que tudo tenta abarcar através de um écran, está tão focado com o que se passa no mundo virtual que demasiadas vezes se alheia de episódios naturais que, como este, percorrem os nossos dias. Eles fazem parte da história da natureza a que também pertencemos e que, seguramente, é uma das mais belas existentes.
Em voo
levada sou,
nas entranhas
de um ponto
viajante,
no azul
e no instante.
Aventuro o meu olhar…
…e pelo rarefeito ar
vejo que o mar
virou céu
com nuvens a decorar!
Enganou-se o meu olhar?
Será que o céu e o mar decidiram brincar?
E as nuvens…
… gostarão elas de estar
abaixo do humano olhar?
Talvez sim…
talvez não…
Mas,
melhor do que eu estarão
neste meu divagar,
nascido para passar o tempo
e sempre,
sempre pensar…
…que já falta pouco para aterrar!
Por mim passou…
…e o meu olhar com ela voou!
No ar
rodopiaram,
e longe
bem longe
ela pousou…
…a borboleta,
porque o olhar,
feliz
e fascinado,
pelo vasto prado
se enamorou!