a rotunda das papoilas

 

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Por muito criativas que sejam os milhares de rotundas de circulação rodoviária existentes neste país, nenhuma até agora me cativara o suficiente a ponto de lhe dar duas voltas a pé para apreciar e fotografar o espectáculo que me oferecia. 

Esta rotunda tem meia dúzia de árvores plantadas, vivendo o restante espaço da dinâmica das estações do ano. Diria que é um círculo de terra gerido pela natureza onde naturalmente ela expõe a sua criatividade, sem qualquer interferência humana.

Este ano a Primavera pintalgou-a de várias cores, mas é o vermelho das papoilas que impera fortemente.

 

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Hoje vou olhar apenas para estas flores silvestres e para a sua cor, beleza, força, simplicidade e fragilidade. E para a atracção que exercem sobre muitos de nós, atracção que eu penso vir exactamente desse misto de sentires quase opostos que nos proporciona, como é a força da cor versus a fragilidade da flor.

Primeiro atrai-nos pela cor, pelo vermelho da paixão e das emoções fortes. E depois pela  fragilidade com que reage a qualquer aragem e pela aparente vulnerabilidade. Essas sensações desencadeiam naturalmente uma vontade de aproximação e de protecção… originando em nós um olhar bastante emocional e afectivo.

 

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A par da cor e da fragilidade, também a expressividade é evidente. Manifesta-se especialmente nas hastes que seguram os botões das futuras flores, exprimindo um misto de submissão e saudação ao olhar que nelas pousa. Como se tivessem a dizer um tímido e silencioso olá…

 

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O próprio nascimento da flor é quase “humano” e muito “orgânico”. As pétalas nascem amarrotadas, frágeis, inseguras e quase pedindo que cuidemos delas.

 

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Será a própria brisa/vento a que são tão sensíveis que as ajudará a desabrochar, a alisar …e a fortalecer a personalidade. E então, em plena maturidade, brincam com o sol, abrem-se para os insectos e dançam ao sabor do vento que as abana… inclina… quase dobra…mas não quebra. Orgulhosamente elas resistem, continuando a alimentar muitos olhares e também o nosso imaginar.

Foi tão fácil encontrar uma papoila-borboleta a voar!

 

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Terminado o tempo da dança e desta estação do ano, o vento levará uma pétala…outra cairá…e outras secarão E ficará a essência, materializada no ovário e nas sementes, qual útero que as próximas estações ajudarão a abrir…a dispersar…e que daqui a um ano  voltarão certamente a dar cor e beleza a este lugar!

 

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Como complemento, falta dizer que esta rotunda situa-se no extremo oeste da Avenida de Portugal, em Carnaxide, nos arredores de Lisboa.

Ontem voltei a visitá-la, tem ainda mais papoilas e está simplesmente magnífica! E hoje, neste Dia da Mãe, algumas vieram à pouco ter comigo pela mão da minha filha. Para tentar secar e guardar com todo o carinho!

 

 

 

 

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diálogo respirado

 

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– Eu respiro!
Diz o corpo

– Eu também!
Responde a alma

– Como?
Pergunta o corpo…

– Suspirando!
Responde a alma.

 

E neste suspiro-respirado libertam-se emoções… talvez inspiradas por engano, porventura nascidas das circunstâncias, do acaso ou fruto das nossas escolhas.

Suspira-se de amor… suspira-se de tédio… suspira-se por um sonho… ou apenas por uma pausa.

Um suspiro…

…é uma brisa que limpa, oxigena e acalma a alma!

 

 

(Dulce Delgado, Julho 2018)

 

 

 

 

versatile blogger award II

 

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Fazendo uma analogia com a natureza, diria que The Versatile Blogger Award é uma espécie de brisa que de vez em quando sopra com mais intensidade pelos meandros da blogosfera. Quando surge, agita um pouco a floresta de blogs que todos cultivamos, incide sobre alguns de uma forma mais activa e, depois, segue viagem ou fica adormecida até ser reactivada e voltar novamente a agitar a tal floresta. Deduzo isto porque, tal como aconteceu em Junho de 2017 em que o Discretamente recebeu três nomeações em poucos dias, agora, quase um ano depois, num único dia ele sentiu essa brisa duas vezes, uma proveniente do Fernando Rosano, autor do ChronosFer2, e outra vinda da Fernanda Leal, autora do Essência da Poesia, dois Fernandos cujo trabalho e sensibilidade sigo com carinho.

Agradeço pois o facto de ambos apreciarem o Discretamente e de o terem indicado para o VBA. Muito obrigada.

Entretanto, e apesar do título ser similar, ao verificar muitas diferenças entre o que me estava a ser agora solicitado e a nomeação anterior, a minha faceta racional entrou em acção e foi pesquisar na Internet. E rapidamente percebi que este “jogo” criou uma grande autonomia e foi alvo de muitas mutações. Para além do “logo” que se deve inserir já ter inúmeras versões, também as regras variam imenso: em Junho de 2017 foram quinze o número de blogs a nomear, agora sugerem dez; também a suposta forma de nos darmos a conhecer é sempre diferente: aqui pedem dez pontos, noutros sugerem onze pontos, em Junho de 2017 pediram-me sete e, noutros ainda, o VBA sugere perguntas para serem respondidas.

Perante tantas possibilidades e considerando que a ideia inicial deve ser respeitada, vou seguir exactamente a conduta de Junho de 2017, que se baseou nas regras indicadas no site do The Versatile Blogger Award. Isto significa que:

– o “logo” inserido é um dos quatro disponíveis nesse site
– indicarei quinze blogs e não dez como me foi agora pedido
– e apenas me darei a conhecer, em sete pontos, às pessoas que me nomearam, o que farei oportunamente através de e-mail.

 

Quanto aos blogs que vou indicar…

… não obstante apreciar devidamente o trabalho de quem me nomeou, considero que não tinha sentido inclui-los na lista. Mas podem o Fernando e a Fernanda crer que estão virtualmente presentes!

… não vou indicar blogs já nomeados em Junho de 2017, pois julgo ser mais interessante dar a vez a outros;

… optei pela ordem alfabética, a forma que me pareceu mais justa para os apresentar.

Passo então a citar:

Amanhã tanto faz de Rafaela Manicka

Depressão com poesia de Cristileine Leão

Divagações & Pensamentos de Geraldo Cunha

Inevitávell de Lucas Sobreira

Listas de Viagem de Zilka Saleh

Lucão de Lucão

Maria Sccarlet de Cris Coelho

Mentiras relativas de Line

Misselenka de Elena

O bem viver de JC Dattoli

O blog do Jauch de Eduardo Jauch

O terceiro acto de Bia Perez

Poesia-me de… Poesia-me

P.R. Cunha de Paulo Renato Cunha

The Perimeter de Quintin Lake

 

Creio que o principal interesse deste tipo de jogo é conhecer outros blogs e formas mais ou menos criativas de escrever e de estar na vida. Por isso, se alguns dos autores indicados optarem por dar continuidade ao processo, será interessante. Se não o fizerem, significa que a brisa do VBA lhes passou apenas ao lado!

Por aqui, o Discretamente ainda sentiu esta brisa!

 

 

 

de olhos fechados

 

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De olhos fechados…
…não há mar
céu
ou areia
a entrar no meu olhar.

Fica a brisa a me tocar…
…e o sol,
a luz do sol
nas pálpebras a vibrar
a entrar sem entrar,
pintando imagens sem forma
intensas como o fogo,
quentes,
fortes e tão presentes,
que as agarro neste divagar.

Aqui,
neste lugar,
é tão fácil sentir a paz
que a brisa suave me traz,
e o poder da luz solar
num profundo,
mágico
e intenso afagar!

 

 

(Dulce Delgado, Outubro 2017)