a fuga

Mantendo a tradição, também o jantar deste Dia de S. Martinho será passado com a família em redor de uma mesa com petiscos confeccionados pela minha irmã (contrariamente a mim, ela é perita nessa matéria!) e envoltos num ambiente de boa disposição.

Como sempre acontece as castanhas estarão presentes no menú……excepto estas duas que conseguiram fugir a tempo!😉

Um bom Dia de S. Martinho e, sendo sexta-feira, que o fim-de-semana seja calmo e a gosto de cada um!

🌰🍄🍂🍁🍷🍀🌞

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diálogos de outono

Gosto de “brincar” com as dádivas do Outono, seja com as folhas secas seja com as sementes que ele nos oferece. Esta ultima brincadeira juntou duas pacíficas castanhas e duas irrequietas sementes de tipuana.

Na foto acima algo não estava a correr bem entre as sementes-pássaro, revelando ambas uma evidente situação de confronto. Porém, decidiram dialogar e, como todos bem sabemos, os conflitos resolvidos com base no diálogo levam normalmente a um entendimento/conciliação e ao restabelecimento do equilíbrio.

Foi exatamente isso que aconteceu com esta dupla de sementes….

…que, tranquilamente num recanto de minha casa, desfruta em paz estes últimos dias deste Outono!

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em dia de s. martinho…

…entre outros detalhes, uma boa castanha não pode faltar!

A cada estação do ano associamos uma imagem, um cheiro, um lugar ou um sentir.
Se me perguntarem qual o cheiro desta estação, respondo de imediato que é o das castanhas assadas, aroma que “vive” nesta época do ano em muitos recantos da cidade de Lisboa e certamente de outros locais do país. Ele é tão irresistível (para quem gosta, obviamente), como é reconfortante e delicioso o prazer de deambular pelos passeios da cidade, num dia frio, a saborear castanhas quentinhas acabadas de assar. Verdade seja dita, castanhas é comigo, pois gosto de as degustar em qualquer circunstância ou forma, seja cruas, cozidas, assadas, fritas, piladas, como acompanhamento culinário ou em doces.

Neste Dia de S. Martinho, em que por tradição as castanhas acompanhadas de jeropiga, água-pé ou vinho estarão presentes na mesa da maioria dos portugueses, eu não serei excepção. Não apenas porque gosto do seu sabor…mas porque gosto da ideia de dar continuidade a uma tradição popular num tempo em que a globalização e a importação de paladares é uma realidade dos nossos dias.

Para quem aprecia esta tradição, desejo um bom dia de S, Martinho!

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em dia de s. martinho…

castanha

…e das deliciosas castanhas a ele associadas, volto pela quarta vez a este tema desde que em 2016 iniciei o blog, reflectindo uma tradição que o tempo continua a guardar e que na minha família gostamos de celebrar.

Por questões logísticas, este ano o habitual encontro aconteceu de véspera, ontem portanto. Em volta da mesa os presentes e os ausentes, e em cima da mesa, para além das castanhas, outras iguarias tradicionais como o quente caldo verde, o chouriço e a batata doce assada, a tábua de queijos, as azeitonas, o doce de abobara e outros complementos que sempre aparecem para adoçar o evento.

O vinho acompanhou o degustar dos petiscos e o ritmo da conversa. Ele não foi “o primeiro vinho maturado do ano” como mandaria a tradição para esta data. Porém, não havendo agricultores ou vinhas na família, recorre-se ao supermercado onde a escolha é vasta. Também a jeropiga, um licor de vinho doce típico desta época esteve presente na hora de degustar as castanhas.

Da tradição faz parte um brinde colectivo, um tchim-tchim direccionado aos presentes, à saúde, à Vida e aos projectos pessoais. E ao mundo também, porque bem precisa de boas energias! Intimamente lembramos ainda os ausentes, já falecidos ou não. Afinal eles são as nossas raízes, o tronco de onde nascemos.

Ontem, num flash, esta imaginação trouxe igualmente para a mesa o S. Martinho de Tours envergando metade da sua capa vermelha. A outra metade ficou algures no séc. IV protegendo um pedinte da chuva e do frio, ou no corpo de Jesus como visionou o santo. Diz ainda a lenda que depois do S. Martinho agasalhar o pedinte, as nuvens desapareceram do céu e o sol brilhou durante três dias para os aquecer.

Este ano o S. Martinho não se fez acompanhar desses típicos “três dias de Verão”, presenteando-nos com um estranho leque de condições meteorológicas. Até ele foi obrigado a se a adaptar à instabilidade dos tempos…

Neste seu dia será celebrado e lembrado em muitos lugares… pela minha parte, gosto de pensar que ontem, virtualmente sentado à nossa mesa, ele apreciou a companhia, o calor humano, a boa disposição e os petiscos!

Obrigada Lena!

 

(Dulce Delgado, Novembro 2019)

 

 

 

 

reflexões de uma castanha…

 

castanhas

…em dia de S. Martinho!

 

“Discretamente ela pegou em mim, limpou alguns resíduos de pó da minha pele e, com cuidado, fotografou-me de vários ângulos. Depois atirou-me para o mesmo saco de onde saíra, para junto de outras da minha espécie.

Em anos anteriores e neste mesmo dia, já aqui escreveu que gosta muito de castanhas seja de que forma for. Mas…reconheçamos…o fim que nos espera revela uma estranhíssima forma de gostar…

A verdade, pura e dura, é que ainda hoje iremos ser cozidas ou assadas, depois despidas e por fim comidas com prazer. Naturalmente e sem qualquer remorso.

Por isso… e caso eu tenha direito a um último desejo, preferia ser cozida! Pelo menos ficaria inebriada com o aroma da erva-doce!

A espécie humana é deveras incongruente…..”

 

 

s. martinho

IMG_3690

Segundo a lenda, S. Martinho  de Tours foi uma altruísta alma quando há muitos séculos atrás rasgou ao meio a sua capa para proteger dois mendigos do frio. Por tão bondoso acto, Deus decidiu afastar as nuvens para que o sol aquecesse o seu corpo.

Então o sol, fazendo jus à tradição, foi sempre voltando nos dias de S. Martinho para nos brindar com “três” soalheiros e amenos dias que iluminavam outonos já acinzentados, frescos e chuvosos. Obviamente que este número era variável, mas sempre apareciam e eram bem recebidos.

Mas isto acontecia quando o clima deste nosso planeta era equilibrado. Entretanto…tanto o incomodamos que ele mudou de atitude, ficou alterado, confuso e deixou de ligar às tradições. No meu país, por exemplo, estamos a viver uma espécie de S, Martinho perene, apesar de estarmos a meio do Outono. Meses e meses sem chuva deixaram o país em seca extrema e numa situação muitíssimo preocupante. O céu apenas nos brindou com chuvas muito pontuais, algumas no momento certo de apagar alguns incêndios, mas persiste em continuar muito azul, sendo essa a previsão para os próximos tempos. Apenas o frio está a dar um ar da sua graça.

Diria que o S. Martinho se instalou confortavelmente neste recanto do sudoeste europeu, depois de nos visitar anos a fio apenas como turista.  Agora, parece que se tornou residente…

Por isso, tendo em conta este contexto e neste seu dia…

…peço encarecidamente ao S. Martinho de Tours que faça umas férias noutra região deste planeta, permitindo assim que as nuvens se aproximem e a chuva caia nesta Ibérica Península tão carente desse precioso liquido.

Precisamos que a chuva regue as nossas raízes, as nossas árvores, faça crescer a relva e as culturas dos nossos campos, alimentos vitais, quer para os animais quer para nós.

É ainda urgente que a precipitação tenha alguma continuidade de forma a encher as nossas barragens que estão praticamente vazias, assim como a restabelecer o nível dos aquíferos que alimentam o nosso solo e as nossas fontes naturais, agora quase esgotados.

Ao partir… deixaria o Outono ser, o Inverno acontecer e nós ficaríamos eternamente gratos!

 

Entretanto…enquanto o S. Martinho medita neste pedido que será certamente o de milhões de portugueses, apreciemos as tradições deste dia de convívio, de muitos petiscos e de castanhas assadas acompanhadas de água-pé ou jeropiga. E que em muitas regiões do país, a tradicional prova do vinho novo que hoje se realiza, revele um bom ano vinícola.

Que procuremos a alegria no meio da tristeza!