o cata-vento

 

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Irrequieto,
o vento
fustiga o cata-vento,
que roda loucamente
sem parar.

Pára!
Pede o galo
do alto do cata-vento,
estou tonto,
cansado
sem norte
e farto desta sorte!

Porquê?
pergunta o vento,
num rodopio
sonoro e menos turbulento…

Porque…
não canto
não voo
não acordo ninguém
não tenho par
nem um quintal onde reinar!
E estou preso
nesta alma de metal,
fria e intemporal!

Mais calmo,
o vento soprou
com ternura
e ecoou…

Puro engano
meu amigo!

Tu és norte,
orientação,
e o corpo que me dá voz.
És o vento que o olhar mais simples
compreende,
linguagem universal
clara e sem igual.

Não voas
é certo,
mas desse lugar
podes ver mais mundo
e horizonte que muitos
a voar.

O teu “quintal” é vasto
aprecia-o com alegria.
E voa,
quando quiseres
e disso precisares.

Basta sentires
o meu afagar em teu corpo
com emoção,
ou a minha loucura
sem razão,
e  terás penas
e asas
e voos de imaginação!

Se este é o teu lugar
e destino,
não vires as costas
ao sopro que te dá vida,
sente-o simplesmente
guiando a emoção
para junto do coração!

 

(Dulce Delgado, Junho 2019)

 

 

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vida aventura

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Há quem aprecie insectos e quem os deteste.

Eu gosto, numa relação inversamente proporcional ao gosto que eles demonstram pela minha pele. É claro que uns são mais interessantes do que outros mas, na generalidade, aprecio a sua leveza, subtileza, resistência, função e, em muitas espécies, a beleza.

Muito recentemente, um insecto diferente dos habituais decidiu entrar em minha casa. Era noite quando o encontramos na dispensa e, parecendo morto, ficou sobre a mesa a fim de o observar melhor no dia seguinte.

De manhã, bem vivo, passeava tranquilamente na superfície onde o deixara. Percebi que era bonito, mas só a sessão fotográfica que se seguiu revelou a textura e as cores metalizadas do seu corpo. Algumas pesquisas realizadas levam-me a supor que se tratava de uma Chrysolina americana Linnaeus, 1758

Depois….

…transportado numa pequena caixa levei-o cuidadosamente para um jardim e depositei-o num canteiro com flores. Não sei se o local foi do seu agrado ou se terá ficado aborrecido pelo facto de eu contrariar o seu esforço na busca de um tecto…

…contudo, não tenho dúvida que escolheu a habitação certa para tal aventura. Para além de encontrar gente amigável que lhe poupou a vida e o apreciou, ainda foi fotografado e irá perdurar num post, algures no éter…na “nuvem”…ou por aí…

Até na vida de um insecto, há dias em que as energias e o destino estão de acordo!

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destino

 

Se uma parte do “destino” está nas nossas mãos e nas escolhas e caminhos trilhados enquanto seres conscientes, acredito que haverá uma outra parte relacionada com a nossa evolução enquanto seres espirituais, ligada a energias mais complexas e sempre associada ao princípio da causa-efeito. Ou seja, o que somos e o que nos acontece terá uma razão de ser, teve algures uma causa e tem um sentido para a nossa evolução. Provavelmente porque teremos que aprender algo, seja na forma como encaramos determinada situação, como a resolvemos ou como a superamos. Ou como não conseguimos nada disso.

O video do tema musical que se segue intitula-se Bom destino, pertence ao album Quarto Crescente (2015) e é interpretado pela cantautora Márcia. Ele deu origem a este post não apenas porque gostei do que ouvi, mas especialmente porque me foi enviado por alguém que admiro imenso pela coragem e pela força com que tem enfrentado e superado as tais “prendas” do destino que não dependem das nossas escolhas conscientes. Apesar disso, a essa lutadora associo a alegria, a boa disposição e a positividade. Com certeza que terá momentos de quebra, mas creio que já é suficientemente sábia na forma de lhes dar a volta.

Devolvo-lhe o Bom Destino com estas palavras. Porque acredito profundamente que as pequenas ou grandes vitórias conseguidas perante as adversidades ou situações menos boas que nos estão destinadas (e para as quais não há escolha possível!), talvez sejam as que mais contribuem para que nos tornemos melhores seres humanos e para dar mais um passo na senda evolutiva.

Obrigada Augusta!