Este mundo,
tão belo quanto imundo
somos nós,
milhões e milhões de seres
homens e mulheres
unidos pelo amor
separados pela dor.
Da partilha ao terror,
o mundo é palco
e actor
de uma triste encenação,
onde metade quer a paz
que a outra metade desfaz,
sem princípios
nem razão.
Em nome de um Deus
tudo vale,
friamente,
sem emoção nem compaixão.
Não,
nenhum Deus quereria
destruição
morte
ou aversão.
E nenhum Deus mataria
pela crença ou religião.
Ódio
dinheiro e poder,
são a fé e o deus
que muitos estão a querer,
num fanatismo
duro, cruel e atroz,
que mata gente
inocente
e sem voz!
Por vezes
doí-me o mundo
e o coração.
Porque há dias
e momentos,
em que é difícil aceitar
que a paz
é apenas uma ficção,
sem sentido
incapaz
e uma profunda desilusão.
(Dulce Delgado, Maio 2017)