
Partilho hoje mais algumas páginas desse primeiro bloco de registos/diário gráfico datados de 1992.
São mais alguns momentos… e um verdadeiro transpirar de emoções!









Partilho hoje mais algumas páginas desse primeiro bloco de registos/diário gráfico datados de 1992.
São mais alguns momentos… e um verdadeiro transpirar de emoções!
Neste Dia Mundial dos Avós já sei o que é sentir o aconchego (e o peso!) de um neto nos braços e uma nova ternura no coração!
O nascimento do Vasco em Agosto de 2020 permitiu recordar alguns detalhes já desfocados na minha memória de mãe e, especialmente, perceber que o empirismo intuitivo, a tradição familiar e também a simplicidade logística da maternidade de há quase quatro décadas foi bastante ultrapassada, dando agora lugar a uma maternidade centrada em conhecimentos e conceitos, assediada pelo marketing, e onde a tecnologia está bastante presente através de um mundo de aplicações disponíveis num telemóvel.
Isso leva a adaptações que os avós de hoje têm necessariamente que fazer. Que eu continuo a fazer. Contudo, essas clivagens associadas à passagem do tempo tornam-se secundárias porque as emoções têm muita força e nada interfere com o amor que generosamente cria raízes entre avós e netos.
Sou apenas avó, papel que assumo com alegria, com prazer e com a necessária distância que separa este “segundo” encontro com a maternidade da verdadeira maternidade que vivi por duas vezes nos anos oitenta do século passado.
Percorro um tempo na minha vida em que impera o que me dá prazer e já não tanto o dever, desfrutando cada momento da presença, crescimento, aprendizagens e aquisições do meu neto como algo novo e encantador. E assumo: é realmente um deleite ser avó deste bebé de sorriso cativante e forte personalidade!
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A foto acima foi tirada há precisamente três semanas. Deste então, o Vasco aprendeu a deslocar-se rastejando, chegando onde quer com todo o dinamismo e muita curiosidade, o que requer atenção redobrada.
Dentro de duas semanas, ele já fará um ano!
E eu, dentro de duas semanas…também farei um ano como avó do Vasquinho!💛🤗
(26 Julho – Dia Mundial dos Avós)
Lua cheia
inteira
nua,
de olhares
vestida
de emoções
aquecida
de sonhos
inspirada
Lua plena
nossa
una.
Partilhadas com o necessário distanciamento físico de segurança…
…mas com as emoções e os afectos bem pertinho!
Com carinho, a todos vós desejo…. o mesmo que desejo para mim e para os meus!
Esconde-se a realidade
com um único olhar…
…mas próximo ficaremos
se outro o complementar.
Porém,
nesse encontro imperfeito
percebem-se as formas,
certos detalhes
e superficiais emoções,
mas humildemente sentimos
que longe ainda estamos
de a compreender e apreciar!
Na década iniciada em 1980 as “experimentações” centraram-se nas emoções e na Vida.
Para além de ter casado, decidi que a profissão de Terapeuta Ocupacional não era realmente para mim e enveredei para um ramo profissional completamente diferente e associado à conservação e restauro de obras de arte. Isso implicou um novo curso, muita matéria diferente para estudar e consequentemente uma quebra quase total de tempo e disponibilidade para a vertente criativa.
Na fase final do curso nasceu a minha filha e poucos anos depois o meu filho. Gosto de dizer que este foi o período mais criativo da minha existência, porque criei Vida, explorei um mundo de emoções, desenvolvi a imaginação com os meus filhos e as minhas mãos ficaram mais ágeis e experientes em todas as áreas possíveis. Creio que a tal “criatividade” se diluiu naturalmente nas emoções e no dia-a-dia. Na verdade, aquela necessidade de “fazer algo” que sempre existiu em mim estava bastante apaziguada, manifestando-se apenas em certos trabalhos necessários ao curso, nos álbuns pós-nascimento dos meus filhos e ainda naqueles detalhes-surpresa oferecidos em datas marcantes.
Este foi o tempo de “experimentar” a família. Mas foi essencialmente um tempo de imensas aprendizagens, como é sempre o tempo de ser Mãe.
A viagem que anualmente promoves em tempo de aniversário será este ano bastante diferente, pois não haverá aviões, aeroportos ou cidades a explorar.
Em tonalidades bem mais intimistas viverás a tua primeira viagem como mãe por estes ciclos anuais que marcam a nossa Vida. Nesse novo estado sentirás as rotinas e o cansaço próprio de quem cuida e alimenta um filho com três semanas, mas terás certamente detalhes inesperados e momentos diferentes do habitual. E neles viajarás com os sentidos mais atentos e uma imensa ternura à flor da pele!
Pela minha parte, agora de mãe para mãe, um obrigada por teres nascido, um abraço bem apertado…. e um poema!
Ser Mãe,
é viajar por um trilho
de experiências novas
e profundas descobertas.
Com o teu filho
irás percorrer prados de ternura
e brincadeira,
caminhos semeados de dúvidas,
cansativas subidas,
atalhos surpreendentes,
florestas de insegurança…
…e alcançarás uma nova visão
da Vida
sem subires a qualquer montanha!
Rirás com detalhes mínimos
e chorarás por pouco
ou nada.
E viverás desconhecidas emoções
como se os teus sentidos,
corpo
e pele,
habitassem um novo mundo
de sentimentos
e sensações.
Neste caminho partilhado
procurarás rios
de informação
para te saciar os medos e as dúvidas,
mas logo perceberás
que a melhor resposta a essa sede
estará em ti,
no teu coração
e sempre na tua intuição.
Ser mãe
é esta viagem em poucas palavras.
Mas ser mãe não são palavras,
é algo imenso
intenso
e de um Amor sem fim!
No meu dia-a-dia profissional, o olhar pousa amiúde sobre uma paleta com tintas e acompanha o gesto de encontrar um tom específico que logo será depositado em determinada área de uma pintura em fase de restauro.
Neste vai-e-vem do olhar e da mão, a atenção não fica presa ao acto em si, algo já bastante automatizado depois de anos e anos de experiência. O pensamento vagueia por ali, com e sem objectivo, factor que também depende dos dias, dos momentos, das preocupações e até do grau de empatia com o trabalho.
Neste divagar, recentemente percebi algo interessante…
Na paleta, eu sei com segurança…
…as cores a misturar para certo tom encontrar
…como neutralizar um tom que se quer afirmar
…que misturas não é conveniente fazer
…a importância de um toque mínimo ou de uma velatura no resultado final
…ou o efeito do tempo sobre camadas aplicadas à pressa.
Na Vida, eu nem sempre sei…
…que escolha fazer
…como resolver de imediato um problema que tenho pela frente
…as consequências exactas dos meus actos
…como evitar um problema de se agravar
…ou o que o tempo e o futuro dirão das minhas opções
Ou seja, nesta paleta de emoções, de escolhas e de partilha que é a Vida, a mistura de “cores” é totalmente imprevisível. Aqui prevalece a incerteza e as circunstâncias que podem levar de um momento para o outro a uma mudança de rumo ou de estratégia.
Apesar disso, estará na pureza, na qualidade e na escolha dessas “cores” a possibilidade de o “tom final” ser mais genuíno, enriquecedor e duradouro.
(e continuei a trabalhar…)
Vivia um tempo em que as emoções me tocavam de uma forma muito nova, sendo igualmente nova a tentativa de tentar compreender a nossa existência, escolhas, caminho e evolução por uma via mais espiritualista e esotérica.
Leituras, conversas e amizades estavam muito associadas a essa via, que também acabou por ser temática de muitos desenhos então elaborados.
Manifesta-se com elegância a energia da Primavera, seja no alongar das horas de luz dos nossos dias, seja no aparecimento de temperaturas mais amenas nas emoções da nossa pele… e sempre, sempre no imenso acordar da natureza que está a acontecer em nosso redor.
Neste momento das nossas vidas e dadas as circunstâncias de retenção e de isolamento social em que estamos…
…não tenho um prado com flores para deleitar o olhar, mas tenho a florescência de algumas plantas de interior que aqui e ali dão cor a minha casa;
…posso não ter o aroma da terra, mas tenho o aroma intenso de um manjericão;
…não tenho a liberdade de ir passear e de proporcionar ao corpo e aos sentidos a vital energia deste início de estação, mas tenho o privilégio de ter uma casa com boa vista, muita luz e muita natureza no seu interior;
…
Apesar de confinada a algumas paredes e com o corpo e a mente claramente centrados num receio/medo que se pegou à nossa pele e ao nosso pensamento, eu tenho quase tudo. Em meu redor acontece o desenrolar silencioso da nova estação, os novos rebentos que brotam, as folhas em busca de um espaço próprio ou as flores revelando o seu potencial de forma e cor.
É essa Primavera que hoje quero partilhar convosco.
A viver numa varanda fechada (apesar de ser uma planta de exterior), a minha buganvília está cheia de flores e de rebentos neste início de Primavera, como revelam as primeiras três imagens. Tenho por ela um carinho muito especial uma vez que me foi oferecida após a publicação do texto que marcou o início deste blog e onde mencionei a empatia que sinto por esta espécie vegetal.
Também o azevinho, outra planta de exterior a viver no interior, acompanha a vitalidade da buganvília e a sua energia expansiva. As pequenas flores brancas estão a dar lugar aos frutos, que um dia serão vermelhos.
Todas as violetas estão felizes, cheias de botões e de vontade de partilhar as suas flores!
Se as flores das begónias espalham o seu tom rosado, já o clorófito oferece a singeleza das suas pequenas flores brancas pontuadas pelo amarelo da antera dos estames.
Contrariamente à planta-melancia, cujas flores são tão minúsculas que quase não se vêem, as orquídeas têm vaidade no tamanho das florescências, agora ainda em botão.
Os fetos e as avencas não apresentam flores, mas são imensas as folhas que neles desabrocham…
…assim como no Lírio da Paz ou no Scindapsus, acontecendo o mesmo em várias outras espécies.
Termino com o cheiroso mangericão porque ele, como sucede na maioria das aromáticas, é uma planta “sociável” e que sempre dá algo em troca. Na vossa imaginação deixo o seu aroma e na fotografia a evidente vontade de multiplicação das suas folhas.
Nestes tempos loucos que estamos a viver precisamos, mais do que nunca, de ser um pouco como os mangericões: sermos troca, sermos dar e receber. Como?
Procurando a beleza que continua viva perto de nós e cheia de vontade do nosso olhar. Procurando os detalhes positivos, porque eles são alimento. Procurando descobrir os pequenos prazeres que podem ser gratificantes e gerar uma boa energia. Procurando aqueles detalhes que podemos dar, receber e trocar mesmo à distância, sem toque, afagos ou abraços.
Precisamos muito…seja por nós, seja pelos outros.