sabes desenhar?

É provável que a maioria dos leitores deste post diga que não, que não tem jeito. Essa é a resposta mais comum.

Porém, se tal desejo vos habita de uma forma mais ou menos consciente, que essa primeira resposta nunca seja impeditiva de tentarem. O importante é querer iniciar essa caminhada com vontade e sobretudo sem expectativas, sendo certo que ela levará a um certo “auto-conhecimento” e a adquirir um olhar mais conciso e estético sobre o que nos rodeia.

Neste Dia Mundial do Desenhador não me vou alongar, pois iria repetir-me. Creio que o melhor será irem a este post que publiquei no início do Discretamente em 2016 e onde o desenho foi tema. Nele partilho algumas dicas para quem aceita esse desafio, sendo certo que seis anos depois essas palavras continuam actuais e a reflectir o que penso e sinto.

Antes de terminar gostaria ainda de dizer algo sobre a imagem/desenho que inicia este post. Ele simplesmente significa que tudo o que o que abarcamos com o olhar é desenhável, seja grande ou pequeno. Significa ainda que basta uma simples caneta e um caderno para o fazer, não sendo aceitável a desculpa de falta de material adequado.

E por ultimo significa que, nesta aprendizagem, o desenho mais gratificante é o mais simples, ou seja, aquele em que quer a mão quer o olhar conseguiram “perceber” o essencial e transpor isso para o papel.

Tentem e não desistam desta viagem. Ela é para toda a Vida!

Este dia justifica-se porque foi a 15 de Abril de 1452 que nasceu Leonardo da Vinci, talvez o maior desenhador de sempre. Em Portugal também é conhecido como o Dia Mundial da Arte, sendo que no Brasil, por exemplo, é conhecido como o Dia Mundial do Desenhista.

25 de abril

Numa época em que os extremismos de direita ganham força em Portugal e no mundo, mais do que nunca os portugueses têm o dever de recordar o dia 25 de Abril de 1974 e a Revolução dos Cravos, levada a bom termo por um grupo de militares que enfrentaram o regime vigente.

Esse dia permitiu a Portugal sair de uma longa ditadura, terminar a guerra do ultramar, dar liberdade aos presos políticos e abrir progressivamente as portas ao mundo. A democracia foi-se instalando e com ela a vontade de igualdade, a liberdade de movimento, de expressão e de escolha. Se até aí imperavam os deveres, com a revolução de Abril surgiram também os direitos, sendo que ainda hoje ambos procuram encontrar um ponto de  equilíbrio.

Nestes quarenta e sete anos, a maioria respirou essa nova liberdade de uma forma saudável. Outros porém, como sempre acontece, abusaram e continuam a usá-la em proveito próprio e distorcendo os seus valores.

Por aqui, nunca este dia será esquecido mas sempre discretamente lembrado. E faço-o muito agradecida pelo que representou nas dinâmicas do meu país (apesar dos erros que sempre se vão cometendo), mas igualmente pela liberdade de decisão e de expressão que, em última linha, permite construir, manter e partilhar espaços como este.

 
(Desenho e texto de Dulce Delgado)