em família

Este ano, o habitual almoço de Páscoa em família terá mais um elemento. Perto de nós estará no seu berço o Vicente, uma “amostra de gente” com um mês de idade e, para já, portador de uma natureza bastante tranquila.

Será a sua primeira grande reunião familiar/festiva, evento em que irá certamente dormir o tempo todo, apesar do barulho que haverá em redor. Estando habituado a ruídos é muito provável que não se incomode com isso.

Entre ele e o elemento mais velho presente haverá sete décadas de tempo e Vida…sete décadas de mundo, história e de muitas histórias… de Páscoas, Natais e aniversários…de dolorosas perdas familiares e felizes nascimentos…de tristezas e alegrias…e de milhares de dias e noites transformados em memórias, sejam pessoais sejam familiares.

No corpo e na alma todos guardamos um pouco das raízes dos que já partiram e que fizeram parte deste círculo mutável que é a família. Apesar de ausentes fisicamente, eles estarão presentes em memórias e ternura; já o Vicente, apesar de presente fisicamente, estará ausente no seu mundo restrito e ainda virgem de memórias, mundo apenas direccionado para a satisfação das necessidades básicas. Duas realidades que se complementam, ou a Vida no seu mais belo continuar.

Sinto-me grata por fazer parte deste acontecer e por ser um fio que, ao lado dos que me são queridos, forma um entrelaçar que se inscreve num tempo….neste nosso tempo familiar.

Sinto-me grata por estarmos todos com saúde e com vontade de futuro.

Sinto-me grata… e isso é tanto!

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Neste post, o mundo ficou lá fora. Por vezes temos que o fazer.

Ele apenas entra aqui, agora, para que eu possa desejar a todos os meus leitores….

…uma Páscoa Feliz e um bom fim-de-semana! 🤗

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a fuga

Mantendo a tradição, também o jantar deste Dia de S. Martinho será passado com a família em redor de uma mesa com petiscos confeccionados pela minha irmã (contrariamente a mim, ela é perita nessa matéria!) e envoltos num ambiente de boa disposição.

Como sempre acontece as castanhas estarão presentes no menú……excepto estas duas que conseguiram fugir a tempo!😉

Um bom Dia de S. Martinho e, sendo sexta-feira, que o fim-de-semana seja calmo e a gosto de cada um!

🌰🍄🍂🍁🍷🍀🌞

doce notícia!

Dois anos e um mês depois do Vasco ter nascido e de eu adquirir o estatuto de avó, posso agora partilhar convosco que, se tudo correr como previsto, na próxima Primavera serei duplamente avó.

A notícia foi divulgada de uma forma extremamente criativa como bem mostra o grafismo da t-shirt que o meu neto vestiu nesse dia.

Dou os meus parabéns aos papás designers pela engraçada ideia que tiveram e ao meu neto por desempenhar tão bem o papel que lhe foi atribuído neste futuro evento familiar.

Entretanto….se a alegria e a ternura que este tipo de notícia sempre envolve são uma realidade nas minhas emoções, quando a minha parte mais racional prevalece incomoda-me muito o estado do mundo onde esse bebé irá nascer e os meus netos irão crescer.

Diria que aquele optimismo “genético” que sempre me habitou está em fase de reflexão perante tanta insensatez, ganância, guerras absurdas, despotismo, etc., e pelo mais que evidente desequilíbrio ambiental que nos envolve.

Não é agradável pressentir um futuro que não gosto para os meus netos. É certo que eles aprenderão a viver nele, criarão defesas e espero que tudo façam para o melhorar.

Pela minha parte e enquanto a vida me permitir, tentarei ser aquela avó que prefere a paz e a sensatez, que respeita muito o outro e ainda mais a natureza e, especialmente, que sempre valoriza o imenso que temos e que nos rodeia.

Para já, o único e mais profundo desejo é que tudo corra bem com a futura mamã e seu rebento!

(Foto de Diana Oliveira/ André Simóes)

páscoa

Num dia em que muitas famílias se juntam para celebrar a Páscoa, muitas outras estarão dolorosamente separadas devido a uma guerra e a atrocidades inconcebíveis. Abstraindo-me da importância religiosa que a data terá para muitos, prefiro agarrar a ideia de transformação e renovação a que indirectamente a Páscoa está associada e desejar…

… que as diferenças, seja da cor da pele, de ideologia, de país, mas também de língua, tendência, gostos ou culturas não seja sinónimo de descriminação, isolamento ou guerra.

… que impere o respeito por todas as fronteiras, sejam elas físicas ou de ideias

… que o desejo de possuir e de controlar a qualquer preço seja neutralizado e banido

… que a convivência pacífica e alicerçada na diferença e no respeito se torne uma realidade entre todos

… que…

Utópico? Sim, é verdade… mas será certamente o grande desejo de muitos de nós, seja neste dia, seja em todos os outros.

Boa Páscoa!🧡

memória e ternura

Se estivesse connosco a minha mãe teria agora noventa e quatro anos. Porém, a sua passagem por esta vida terminou em 1998, faz hoje precisamente vinte e três anos (30 de Novembro).

É raro o dia em que a sua imagem não passa como uma brisa pelo meu pensar, seja por isto… por aquilo …ou por quase nada. Detalhes que a memória guardou, que aparecem nas circunstâncias mais variadas e que eu gosto de sentir como um “olá” que ela me está a dar…

Há muito que essas memórias não são associadas a dor, mas apenas a uma enorme e doce ternura que me habita e que considero o seu principal legado. Da sua personalidade sempre recordo a disponibilidade e a atenção que tinha com todos, a constante actividade e energia “tipo formiguinha”, o cozinhar muito bem, a capacidade de fazer tudo e mais alguma coisa, e ainda o facto de gostar bastante de conversar. Além disso, adorava a natureza e sabia o nome de imensas espécies de plantas e flores.

De vez em quando gosto de ir ao encontro da sua sensibilidade…e das suas mãos. Encontro isso em vários recantos da minha casa, seja através de uma colcha em crochet que me ofereceu, nos lençóis ou toalhas que bordou para o seu enxoval e que hoje são das filhas, nos deliciosos casaquinhos que fez para os meus filhos quando eles nasceram, etc., etc.

Mas há outros detalhes um pouco diferentes que habitam dentro de uma caixa. É o caso de alguns desenhos… rendas de vários tipos…muitas amostras de pontos de tricot com a explicação escrita por si….escritos diversos…poemas…etc, etc.

Ao optar por constituir família e ser “dona de casa”, afastou de certa forma a sua criatividade no sentido mais artístico, uma vez que tinha jeito para o desenho e grande precisão de mão.

Creio que focalizou essa energia e vontade criativa em actividades manuais como o tricot, crochet, bordados ou nas costuras que fazia com grande perfeccionismo. Eram pequenas obras de arte que nasciam do seu dia-a-dia orientadas para a família, aquele círculo que foi decididamente o centro do seu mundo.

Neste dia de memórias… a ternura e a gratidão tudo preenchem! Seja pelo que foi na sua enorme simplicidade, seja pelo que representou nas nossas vidas. E pessoalmente, por tudo o que deixou em mim, especialmente o invisível.

O seu nome era Maria Teresa.

experimentações #28

Dando continuidade aos dois posts anteriores desta série, diria que outros blocos se seguiram preenchidos com o mesmo tipo de registos “gráfico-emocionais”, como eu gosto de lhes chamar. Inicialmente isso aconteceu com uma certa continuidade, mas amiúde os intervalos foram aumentando e os registos sendo cada vez menos. Até desaparecerem simplesmente.

Não minto ao dizer que nos últimos anos da década de noventa as minhas “experimentações” ficaram reduzidas a postais de aniversário e/ou de Natal para oferecer, e ainda a um ou outro desenho realizado em férias.

A criatividade passou nitidamente para um plano muito secundário, porque outras dinâmicas surgiram na minha vida, nomeadamente a necessidade de fazer trabalhos extra, acompanhar o estudo e crescimento dos filhos de uma forma mais atenta e ainda o início da relação com o meu actual companheiro. Ou seja, muita coisa para me ocupar/preencher… e uma total falta de tempo e de disponibilidade para a vertente criativa.

Em muitos momentos não foi fácil lidar com esse “desligar”…mas era assim, não poderia ser de outra forma e no futuro logo se veria. Diria que a criatividade estava no final da lista de prioridades… mesmo que por vezes bastante intranquila e irrequieta.

E foi assim que cheguei ao século XXI!

cinco anos!

Já aqui partilhei o quanto aprecio um belo prado, seja pela liberdade que concedem à sua própria natureza, seja por acompanharem naturalmente o ritmo das estações do ano e, especialmente, por serem espaços abertos e repletos de possibilidades. Talvez por isso, neste dia em que faz precisamente cinco anos que publiquei o primeiro post no Discretamente, apetece-me divagar sobre a natureza de um prado e com ele fazer uma analogia.

O sentimento que me invadia no dia 28 de Abril de 2016, era algo semelhante à sensação de ter um pequeno terreno pela frente mas não saber se seria bom ou se nele cresceria algo. E especialmente questionava-me se ele seria o lugar mais propício ao desenvolvimento da minha vontade de partilha criativa.

O tempo foi passando, as estações do ano e a vida acontecendo, as emoções e sensações brotando….assim como o prazer e a alegria de ver nascer “naquele terreno” um pouco de tudo. Assim, ao longo destes cinco anos e muito para além do que eu alguma vez possa ter imaginado, brotaram 625 posts que incluíram centenas de textos, 145 poemas, 160 desenhos, assim como muitas centenas de fotografias, tudo de autoria própria.

Se estou grata por ter dado a mim própria a oportunidade de avançar com o objectivo de superar muitas inseguranças e intranquilidades criativas, estou ainda mais grata por ter uma filha que me ajudou na construção do blog e ensinou a lidar com a plataforma WordPress. Estou igualmente agradecida a todos os que me têm acompanhado, comentado, incentivado e que, de certa forma, já fazem parte da minha “outra família”. A todos discretamente agradeço.

Por fim, que a vida me permita continuar a apreciar e a “regar” com alegria este prado imaginário!

páscoa feliz!

E uma borboleta da cor do Sol pousou com ternura na orelha do coelhinho e sussurrou-lhe ao ouvido “Não estejas tristes, eu faço-te companhia nesta Páscoa!”

À semelhança do que se passou em 2020, ao cumprirmos o que nos é pedido esta será mais uma época festiva longe do calor familiar. Inicialmente acreditamos que este processo seria mais rápido, menos doloroso e nunca nos passou pela mente que um ano depois ele persistiria. A Vida é realmente surpreendente, no bom e no mau sentido.

Não haverá “borboletas da cor do Sol” a fazer companhia aos que vivem sós…e que mais sós se sentirão nesta época em que a família é sempre apoio e aconchego. Até os que vivem acompanhados sentem essa privação do calor familiar. Afinal já temos um ano de afectos em défice e muitos, muitos abraços e beijos em lista de espera.

Sobretudo, e apesar do aperto no peito que tudo isto nos provoca, tentemos que a energia da “borboleta” esteja presente nos pensamentos e na esperança que nos move. E na gratidão sentida pelo facto de, apesar de afastados, estarmos bem e saudáveis. Eu agradeço isso todos os dias.

Sendo a Páscoa um tempo de passagem, de transição e de recomeço….é igualmente um tempo de transformação e de renovação. Como a borboleta tão bem simboliza no seu ciclo de Vida.

Desejo a todos uma boa Páscoa!