liberdade de abril

Não é cravo mas é flor
Não é vermelha mas tem cor…

Nasceu na liberdade deste Abril,
vive junto a um muro que a ampara,
olha o sol
projecta sombra
é beleza…
…e leveza,
apesar das raízes
e terrena natureza.

Não é cravo mas é flor
Não é vermelha mas tem cor…

Recordando a Liberdade nascida em Abril
e que o nosso imaginar
também permitiu libertar,
escolho esta flor como símbolo do dia,
viva
vibrante
e de cor amarelo energia!

Ao 25 de Abril de 1974, dia de uma liberdade conquistada em Portugal através da Revolução dos Cravos e sempre um dia para lembrar…
…os muitos que sofreram e deram a vida pela liberdade de hoje
… os direitos e os deveres adquiridos
… a liberdade de expressão e a igualdade que se deseja
…o que somos, o que conseguimos, o que queremos e o que poderemos ser como pessoas e como comunidade
…que a nossa liberdade só tem sentido quando a liberdade do outro for respeitada
… 
… e por aqui, é também o dia de discretamente valorizar a flor silvestre, um dos detalhes da natureza que mais respira liberdade!
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a rotunda das papoilas

 

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Por muito criativas que sejam os milhares de rotundas de circulação rodoviária existentes neste país, nenhuma até agora me cativara o suficiente a ponto de lhe dar duas voltas a pé para apreciar e fotografar o espectáculo que me oferecia. 

Esta rotunda tem meia dúzia de árvores plantadas, vivendo o restante espaço da dinâmica das estações do ano. Diria que é um círculo de terra gerido pela natureza onde naturalmente ela expõe a sua criatividade, sem qualquer interferência humana.

Este ano a Primavera pintalgou-a de várias cores, mas é o vermelho das papoilas que impera fortemente.

 

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Hoje vou olhar apenas para estas flores silvestres e para a sua cor, beleza, força, simplicidade e fragilidade. E para a atracção que exercem sobre muitos de nós, atracção que eu penso vir exactamente desse misto de sentires quase opostos que nos proporciona, como é a força da cor versus a fragilidade da flor.

Primeiro atrai-nos pela cor, pelo vermelho da paixão e das emoções fortes. E depois pela  fragilidade com que reage a qualquer aragem e pela aparente vulnerabilidade. Essas sensações desencadeiam naturalmente uma vontade de aproximação e de protecção… originando em nós um olhar bastante emocional e afectivo.

 

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A par da cor e da fragilidade, também a expressividade é evidente. Manifesta-se especialmente nas hastes que seguram os botões das futuras flores, exprimindo um misto de submissão e saudação ao olhar que nelas pousa. Como se tivessem a dizer um tímido e silencioso olá…

 

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O próprio nascimento da flor é quase “humano” e muito “orgânico”. As pétalas nascem amarrotadas, frágeis, inseguras e quase pedindo que cuidemos delas.

 

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Será a própria brisa/vento a que são tão sensíveis que as ajudará a desabrochar, a alisar …e a fortalecer a personalidade. E então, em plena maturidade, brincam com o sol, abrem-se para os insectos e dançam ao sabor do vento que as abana… inclina… quase dobra…mas não quebra. Orgulhosamente elas resistem, continuando a alimentar muitos olhares e também o nosso imaginar.

Foi tão fácil encontrar uma papoila-borboleta a voar!

 

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Terminado o tempo da dança e desta estação do ano, o vento levará uma pétala…outra cairá…e outras secarão E ficará a essência, materializada no ovário e nas sementes, qual útero que as próximas estações ajudarão a abrir…a dispersar…e que daqui a um ano  voltarão certamente a dar cor e beleza a este lugar!

 

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Como complemento, falta dizer que esta rotunda situa-se no extremo oeste da Avenida de Portugal, em Carnaxide, nos arredores de Lisboa.

Ontem voltei a visitá-la, tem ainda mais papoilas e está simplesmente magnífica! E hoje, neste Dia da Mãe, algumas vieram à pouco ter comigo pela mão da minha filha. Para tentar secar e guardar com todo o carinho!