morangos floridos

Todos os frutos nascem de uma flor fecundada.

De uma forma muito simplista, a fecundação acontece quando um insecto… a gravidade… o vento… ou o homem proporcionam que o polén que se encontra na extremidade dos estames (a parte masculina), chegue ao carpelo onde se encontram os óvulos, a parte central e feminina da flor.

Após a fecundação começa o processo de crescimento do fruto, o que leva normalmente à queda das pétalas. Já o cálice da flor, formado pelas sépalas, mantem-se muitas vezes agarrado ao fruto. No caso dos morangos, esta estrutura é composta por aquelas folhinhas verdes que retiramos antes de os saborear.

Muito recentemente adquiri uns morangos que ainda apresentavam as pétalas da flor, algo muito pouco habitual.

Achei tão engraçado que não resisti a tirar umas fotografias.

Gosto de pensar que foi uma oferta da natureza para apreciar…saborear….e porque não partilhar?😉

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diospiro surpresa

Gosto muito de diospiros de roer, mas não aprecio os de abrir. Nestes últimos nem sempre é fácil perceber o momento ideal em que devem ser consumidos, pelo que estamos sujeitos a sentir aquela desagradável sensação de adstringência que os seus muitos taninos provocam na nossa mucosa bucal quando o fruto não está suficientemente maduro.

Sendo um alimento muito rico em vitaminas A e C, e ainda em potássio, cálcio e fósforo, é excelente para consumir no Outono e no Inverno, época em que são comercializados. Por tudo isso sou uma forte adepta da espécie de roer e à qual dedico hoje este post.

Visualmente é um fruto alegre, de bela cor e que nos oferece de presente uma espécie de flor quando cortado a meio, forma que é mais evidente e perfeita se o diospiro está no grau certo de maturação. Normalmente essa “flor” tem oito pétalas, mais já as encontrei com um número diferente.

O mais curioso foi o ter descoberto há poucos dias, não sei se por estar mais atenta ou por ter feito um corte diferente do habitual…que o diospiro não guarda apenas uma flor…mas que guarda também uma aranha!

Como as demais aranhas, esta tinha igualmente quatro pares de patas ligadas a um corpo… e facilmente a visualizei a passear sobre a mesa… e pelos meandros desta imaginação! Acrescente-se, para melhor compreensão, que aprecio aranhas e que tudo faço para as salvar quando decidem ocupar o meu território.

No dia seguinte abri este diospiro. Encontrei a flor…cumprimentei a aranha…captei estas imagens….e depois saboreei-o tranquilamente e com o prazer de sempre.

Gosto imenso destas surpresas que a natureza esconde!

lírio-da-paz

 

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Talvez pela proximidade com a minha filha grávida e com tudo o que isso implica, estou mais atenta do que nunca a fenómenos associados à procriação e ao aparecimento de novas gerações.  Tenho a sensação que encontro mais grávidas que em anos anteriores e, mais estranho ainda, é o facto de que tudo o que se assemelha com “barrigas” vir naturalmente ter com o meu olhar. Este será certamente o “síndrome de futura avó”…

Ao reparar que os meus Lírios-da-paz (Spathiphyllum wallisii) estavam “grávidos” de flores, resolvi fotografar esse desenvolvimento ao longo de duas semanas, tempo que decorreu entre a primeira e a ultima imagens que hoje partilho.

Entretanto… mais flores continuam a nascer a bom ritmo neste início de Verão. E eu, um tanto dispersa e aérea… continuo a vibrar com a ideia deste mesmo Verão fazer nascer um “rebento” na família!

 

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Por fim… mostrou a face e sorriu-me!

 

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malmequer

 

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No Dia da Espiga de 2018 publiquei um texto sobre este evento, acentuando os laços afectivos e as recordações a que ele me leva. Não gostando de me repetir e sendo hoje novamente esse dia, fica o link para esse post caso algum leitor esteja interessado em ler.

Contudo, volto a este tema numa outra perspectiva e centrando-me na flor do malmequer, uma das que compõem o ramo da espiga e que simbolicamente representa a riqueza, um termo amplo e de várias leituras. Relembro…

…a riqueza material

…riqueza anímica

…riqueza interior

…riqueza moral

…riqueza afectiva

…riqueza criativa

…riqueza de olhar

…muita riqueza disponível para ser partilhada, exteriorizada, espalhada, assimilada, etc., e aqui simbolicamente representada na fotografia que inicia o post.

Pode ter tanto para dar um campo de malmequeres!

 

 

 

 

ao inverno

 

kalanchoe ou flor da fortuna 1

 

Há dois dias nasceu a primeira flor da minha Kalanchoe após meses sem florir. A primeira de muitas, pois são imensos os botões que se preparam para esse desvendar para a luz.

O facto de hoje começar o Inverno neste hemisfério norte não perturbou em nada a sua vontade de dar flor, algo talvez natural nesta espécie, não sei. Eu fiquei feliz com isso, porque gosto da ideia de ter esta companhia colorida ao longo do próximo Inverno.

É apenas um detalhe esta primeira flor da minha Kalanchoe. Mas eu gosto de detalhes, são eles que fazem a diferença. Significam que existe atenção, seja com o olhar, seja com o coração. E isso é bom, para nós e para os outros!

Um bom Inverno (ou Verão) para todos vós!

 

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diferença

 

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Uma das orquídeas que possuo começou recentemente a sua floração anual, momento que sempre acompanho com gosto e curiosidade.

Um olhar mais atento sobre as três primeiras flores entretanto nascidas, revelou a presença de uma bastante diferente, seja pela ausência da parte central como pelo tipo de recorte e número de pétalas. A curiosidade levou-me a contactar a Associação Portuguesa de Orquidofilia, que prontamente me esclareceu, dizendo tratar-se de uma flor defeituosa, e que “…hoje em dia e para se chegar aos preços tão baixos a que chegamos fazem-se híbridos por vezes com pouco cuidado. As outras flores devem nascer normais”.

Sendo uma leiga nesta matéria, fiquei obviamente esclarecida. Contudo…

…rapidamente fui levada a transpor esta frase para um contexto mais amplo e para a forma como a filosofia do lucro está implantada em todos os níveis da sociedade e da nossa vida. Interessa produzir rápido e muito, para vender depressa e ganhar mais. A quantidade sobrepõe-se à qualidade, filosofia que acabamos por alimentar constantemente em inúmeras ocasiões quase sem darmos por isso.

Não recordo a origem exacta desta orquídea, mas certamente é um desses híbrido nascidos de “uma linha de montagem” para alimentar o mercado em quantidade e a preços baixos.

Esse desenrolar de pensamentos, porém, não afectou em nada o prazer que tenho em olhar para a sua elegância e detalhes. Diria mesmo que me sinto privilegiada por ter esta planta comigo e por ela ter gerado algo tão diferente sob o meu olhar. Poderá ser defeituosa ou deficiente, mas é portadora de uma beleza única, muito própria e fora do habitual.

Aprecie-mo-la por isso, em toda a sua individualidade.

 

 

 

poema do olhar

 

varias fotos

 

Gosto de desenhar
poesia com o olhar!

Rima a nuvem
com o céu
em seu longo deslizar…

o horizonte
com o mar
que leva o barco a navegar…

o monte
com o pássaro
no seu doce ondular…

a árvore
com a sombra
nascida para refrescar…

a flor
com a sua cor
num efémero vibrar…

e eu,
neste lugar,
procuro rimar com a vida
que a Vida tem para me dar!

 

 

(Dulce Delgado, Junho 2018)

 

 

 

lisboa e os jacarandás

 

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A floração dos jacarandás coincide normalmente com o decorrer da Feira do Livro de Lisboa. Todos os anos este ciclo se repete, na natureza e na cultura da cidade, momento a que assistimos com prazer. É certo que significa que passou mais um ano no cronograma da nossas vidas, mas perante o privilégio de poder apreciar este pulsar da cidade, só podemos ficar felizes.

Como uma história no livro da natureza, acompanhamos em cada página o desabrochar destas flores. Começa uma, depois outra, sendo mais e mais em cada dia, atingindo o auge da floração em Junho, mês do feriado da cidade e das suas festas.

Neste hino de cor e beleza, em poucos dias também o chão se transforma. Ruas, jardins e praças ficam cobertas de flores caídas, surgindo a oportunidade única de cada uma viver uma segunda vida, porque todos as voltamos a apreciar nessa nova situação. Neste capítulo do livro, todas as páginas estão coloridas daquele azul-lilás lindo, que desfolhamos com prazer ao passar o olhar pelos recantos da cidade.

A história continua por mais algumas páginas. Termina gradualmente com o início da nova estação, com o fim das festas da cidade e, talvez, com o fim da leitura daquele livro que compramos na feira.

Algum tempo depois, as flores dos jacarandás simplesmente desaparecerão do chão que as acolheu. Ciclo cumprido e fim da história.

Para o ano tudo recomeçará na Primavera, num novo ciclo, com novos livros, novas páginas e muita cor.

Que a vida nos permita assistir novamente a ele!