A chegada do Outono reflecte-se em todos os aspectos da natureza. As alterações mais visíveis serão no reino vegetal, mas estas acontecem igualmente nas dinâmicas do reino animal. É no início desta estação, por exemplo, que ocorrem as migrações de aves, que se deslocam para sul em busca de temperaturas mais agradáveis e de alimento. Para muitas das espécies que deixam o hemisfério norte, Portugal é um ponto de referência e de passagem, sendo aqui que descansam e se alimentam antes de prosseguir viagem.
O facto de estarmos em plena época de migrações, levou-me a escrever este post sobre observar e fotografar aves, acção que pode ser realizada não apenas nesta época, mas em qualquer altura do ano porque muitas aves são residentes ou passam aqui longos períodos.
Em primeiro lugar, esta actividade deve ser um acto de humildade. Quando se penetra num território que não é o nosso, mas sim controlado por determinadas espécies, a ideia base é sempre o não perturbar e passar o mais possível despercebido. Não temos o direito de actuar de outra forma, na medida em que somos os intrusos num espaço que não é nosso. Na verdade, as espécies que lá habitam é que mandam.
Para além deste princípio, é necessário gostar de silêncio, cuidar dos nossos movimentos – que devem ser calmos e sem ruído associado – e ter disponibilidade de tempo e muita paciência. De preferência devem ser escolhidos locais com água por perto, sempre um chamariz para a maioria das aves.
Com estas condições e postura, começamos a perceber o que se passa à nossa volta, sejam as nuances e pormenores da paisagem, sejam os movimentos das aves que habitam esse território e como o controlam.
Apenas este conhecimento permite observar e eventualmente fotografar determinadas aves. O guarda-rios, por exemplo, tem sempre o seu território junto a rios ou ribeiras e controla-o fazendo voos cíclicos ao longo das margens. Perceber esse movimento, permite estar alerta, sendo maior a possibilidade de o poder captar. Mesmo assim, e dada a sua rapidez, é bastante difícil fazê-lo.
Para observar/fotografar aves, os melhores lugares são os observatórios ou…. dentro de um carro! Ao longo de gerações, as aves “aprenderam” e, certamente já terão esse dado no seu “código genético”, que o ser humano é perigoso, pelo que fogem dele. Mas não o fazem perante um carro em movimento lento, ou parado. Para elas, nós somos bem mais assustadores que um carro…
Fora de um observatório, é sempre necessário manter uma distância que lhes seja confortável, algo que se vai aprendendo com a experiência. Ao permanecermos quietos e em silêncio durante um certo período de tempo, é possível que algumas comecem a aproximar-se, porque começamos a fazer parte da “paisagem”. Mas as probabilidades de fuga são bem maiores.
Nos últimos anos, tenho partilhado em muitos momentos esta actividade com o meu companheiro. Quatro olhos vêem muito mais do que dois e especialmente vêem detalhes diferentes. O olhar masculino é mais eficaz e objectivo no seu propósito, sendo o feminino muito mais abrangente e facilmente rendido a outros aspectos e pormenores envolventes. São complementares e ambos fundamentais na equipa.
Mas sendo este post também sobre fotografia, ficaria incompleto sem algumas imagens. E possuindo o meu companheiro melhores fotografias do que eu, ficam aqui algumas da sua autoria, mas que ambos gostamos especialmente.








Para terminar, duas libélulas: não são aves…mas voam!
