A Natureza é poderosa e sábia.
Acredito que de uma forma silenciosa controla as nossas acções, reagindo na devida altura para se defender e equilibrar.
Aqui e ali terá os seus observadores capazes de captar com a sua sensibilidade a nossa (in)sensibilidade, dados que lhe chegarão de uma forma que desconhecemos. Na altura devida, decidirá onde, quando e como actuar na tentativa de restabelecer o equilíbrio necessário.
Ao encontrar este olhar no tronco de uma árvore, imaginei estar perante um desses seres silenciosos e mágicos. Só poderia ser um desses seres!
Magia aparte….
…o “olhar” pertence à Brachychiton acerofolius ou Árvore do Fogo que se encontra no Jardim Botânico do Porto, mais precisamente no espaço que envolve a Galeria da Biodiversidade/Centro de Ciência Viva, o segundo pólo do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto.
Esta Galeria, a que aconselho vivamente uma visita, ocupa a Casa Andresen, aquela que foi a habitação dos avós da poetiza Sophia de Mello Breyner Andresen e que a acolheu em muitos períodos da sua infância. Quer a casa quer os jardins inspiraram Sophia em muitos dos seus contos e poemas.
Numa altura em que se iniciam as comemorações do centenário do nascimento desta escritora (1919 – 2004), quer a casa quer o jardim serão palco de eventos e referências. A par disso, no espaço temporal que se situa entre a Primavera e o Verão, a Árvore do Fogo irá florir, espalhará novamente a sua beleza e cativará muitos olhares. Mas o seu olhar, este olhar que aqui partilho e nos questiona é intemporal e está ali todos os dias.
Não sei a história nem a idade desta árvore, mas gosto de imaginar que é a guardiã daquele jardim. E acredito que, se existisse desta forma há um século, poderia facilmente tornar-se numa fonte de inspiração para Sophia.
Essa ideia torna-a ainda mais bonita!
A natureza é realmente espantosa em seus detalhes!
Não concordam?