Bom dia!

Têm sempre uma magia muito especial aqueles momentos em que os raios de sol se individualizam ao passar entre nuvens. Num instante sou levada aos meus desenhos de infância e aos raios de sol que cuidadosamente desenhava a partir do seu centro.

Com eles sempre viajo pelos céus…. e com eles sempre regresso “escorregando” em alta velocidade ao longo do seu declive. Gosto desse imaginário e desse vertiginoso “reencontro” com o astro-rei.

Hoje, ao nascer do dia, mais uma vez fui levada nessa viagem pelos céus. Estava bonito e apeteceu-me partilhar.

Apenas isso.🤗

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para amenizar o olhar…

Com nevoeiro ou céu azul, as gruas continuam ali impávidas e metálicas perturbando certamente muitos olhares. O meu, como já partilhei aqui, é um deles. Ponto final.

Porém…e porque há sempre um “porém” que inventamos para tentar amenizar as questões que tendem a perturbar-nos, apercebi-me há poucos dias que, quando o sol se encontra a oeste – portanto na parte da tarde – as quatro gruas-gigantes que se intrometeram no meu olhar ficam mais “simpáticas” pois adquirem uma cabeça, um rosto e, vejam só, também uma boca aberta!

É então com um sorriso um pouco amarelo a rondar-me as emoções que nessa altura do dia eu consigo ver esta parte do porto de Lisboa invadida por quatro gigantes criaturas com pernas/corpo…um enorme pescoço e, na face, talvez um grito de desespero… talvez um sorriso….não sei. Na verdade, não percebo nada sobre as emoções de gruas gigantes!

Há um provérbio que diz ”se não consegues vencê-los junta-te a eles”. Eu não me irei aliar porque definitivamente não compreendo a sua localização nesta zona de Lisboa. Apenas tento coabitar…e nessa tarefa a imaginação pode ter muita, mas muita força.

Desejo um bom fim-de-semana!🤗

as voltas da vida

Num recanto da cidade
um estendal…
…e uma branca camisa
em sonhos de liberdade!

Ora enfuna com o ar
e na vontade de voar…
ora na corda se enrola
esgotada de tanto lutar.

Na rotina dos dias
o desalento é total,
usada
e depois despida,
na roupa suja é metida
numa indiferença brutal.

Se a lavagem é desventura,
pior é a tortura
dum ferro quente a passar
percorrendo o seu corpo
para os vincos alisar.

Sucedem os dias difíceis
e nada de bom acontece,
até o tal sonho,
gasto de tão usado
em dor se desvanece.

Um dia…

…estando presa no estendal
um fortíssimo vento norte
faz renascer a esperança,
pois nas molas sentiu desnorte
e na corda insegurança.

Uma rajada maior
liberta-a
daquele lugar,
começando ofegante
numa aventura invulgar.

Como um balão insuflado
voou feliz pelo ar,
e quando longe chegou
viu-se com riso e espanto
uma manga a acenar!

(Poema e desenho, Dulce Delgado, 2016)
Há seis anos, quando iniciei o Discretamente, partilhei alguns poemas que tiveram pouquíssimas visualizações, algo comum no início de qualquer blog. Porque os aprecio, tenho a intenção de os publicar novamente.
As voltas da vida” é um deles e foi agora escolhido porque, não estando a vida e os tempos com qualquer tendência para o humor, que seja a imaginação a nos permitir, talvez, um pequeno sorriso. 
Este poema, agora revisto e com ligeiras alterações relativamente ao original, surgiu num dia de grande ventania ao observar uma camisa branca num dos estendais das habitações localizadas nas traseiras do meu emprego.
 

diospiro surpresa

Gosto muito de diospiros de roer, mas não aprecio os de abrir. Nestes últimos nem sempre é fácil perceber o momento ideal em que devem ser consumidos, pelo que estamos sujeitos a sentir aquela desagradável sensação de adstringência que os seus muitos taninos provocam na nossa mucosa bucal quando o fruto não está suficientemente maduro.

Sendo um alimento muito rico em vitaminas A e C, e ainda em potássio, cálcio e fósforo, é excelente para consumir no Outono e no Inverno, época em que são comercializados. Por tudo isso sou uma forte adepta da espécie de roer e à qual dedico hoje este post.

Visualmente é um fruto alegre, de bela cor e que nos oferece de presente uma espécie de flor quando cortado a meio, forma que é mais evidente e perfeita se o diospiro está no grau certo de maturação. Normalmente essa “flor” tem oito pétalas, mais já as encontrei com um número diferente.

O mais curioso foi o ter descoberto há poucos dias, não sei se por estar mais atenta ou por ter feito um corte diferente do habitual…que o diospiro não guarda apenas uma flor…mas que guarda também uma aranha!

Como as demais aranhas, esta tinha igualmente quatro pares de patas ligadas a um corpo… e facilmente a visualizei a passear sobre a mesa… e pelos meandros desta imaginação! Acrescente-se, para melhor compreensão, que aprecio aranhas e que tudo faço para as salvar quando decidem ocupar o meu território.

No dia seguinte abri este diospiro. Encontrei a flor…cumprimentei a aranha…captei estas imagens….e depois saboreei-o tranquilamente e com o prazer de sempre.

Gosto imenso destas surpresas que a natureza esconde!

experimentações #10

 

#10 - Julho78ab

 

#10 - Junho 78 ab

 

Continuei a busca por algo que eu não sabia bem o que era… e que foi expressa em muitos desenhos realizados por volta dos meus vinte anos, como mostram os dois exemplos acima.

Entretanto, acompanhava-me uma imaginação um tanto“pueril” e infantil que me levava a penetrar em mundos bastante mágicos e fora da realidade e dos dias…

 

#10 - Agosto 78ab

 

Como sempre acontece, apenas a idade e as experiências vividas nas décadas seguintes me ajudaram a chegar a algumas das respostas que então procurava…e ainda a perceber que a realidade e a imaginação têm muito pouco em comum.

 

 

(Dulce Delgado, lápis cor/grafite sobre papel, 1978)

 

 

 

 

 

liberdade em dia

 

IMG_1825bc

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Neste Dia da Liberdade…

…posso ler e pensar o que quiser,
partilhar as ideias que me apetecer,
voar com o imaginar,
e ser livre de pensamento
e com ele passear ao vento.

Porém,
neste Dia da Liberdade…

…estou presa em grades invisíveis
e isolada da comunidade,
com movimentos limitados
e liberdades impossíveis.

Hoje,
quarenta e seis anos depois
vivemos o paradoxo da Liberdade de Abril,
uma liberdade que nos limita os dias
os movimentos
e os gestos,
é certo,
mas que existe e é nossa.

Agora,
a liberdade espera-nos atrás da porta
e canta nas varandas do país,
respira na criatividade das redes sociais
revela-se em gestos generosos
nos detalhes partilhados
e vive,
segura e adulta,
nos direitos por Abril conquistados.

Hoje,
neste Dia da Liberdade
e um tanto à revelia,
a Liberdade é nossa
a Liberdade está em dia!

 

Dulce Delgado
(Portugal, 25 Abril 1974 / 25 Abril 2020)

 

 

 

 

desanuviando…

 

8

 

Quando estamos em situações difíceis e associadas a alguma ansiedade, se tivermos a capacidade de, nesse contexto, encontrar algo que nos faça sorrir é sempre bom e por instantes pode afastar-nos da realidade e até ajudar a encarar as situações com outra perspectiva. É um dom que nem sempre temos, mas que é bom e pode neutralizar algumas cargas negativas.

No contexto actual, é salutar um certo afastamento da realidade profusamente divulgada e debatida durante todo o dia pelos meios de comunicação escrita e falada, algo que nos deixa bem amargurados. Para ajudar a desanuviar e a “esquecer” por alguns momentos, existem aquelas imagens, videos, frases, etc., de diversas temáticas e fruto da criatividade de muitos, que nos chegam por diversos meios e que pontualmente nos fazem sorrir ou até dar uma gargalhada. Que bom conseguir dar uma gargalhada nestes loucos tempos!

Esperando uns sorrisos desse lado, hoje vou partilhar algumas imagens que me foram enviadas nos últimos dias. Provavelmente proliferam nas redes sociais e já as conhecem. Se assim for, estou certa que sorrirão pela segunda vez!

 

2

 

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1

 

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Se o cartoon, o único com o autor identificado, tem um humor um tanto negro, as restantes criações são mais leves e valem pela imaginação. Lamento contudo não saber a autoria e publicá-los sem essa referência. De qualquer forma fica um agradecimento a esses autores anónimos por ajudarem a desanuviar as nossas mentes nestes tempos tão difíceis.

 

 

 

 

 

 

o outro lado…

mundo - ultima - Cópia

 

Não quero revolta
ou raiva
em meu sentir,
não é o caminho a seguir!

Mas ela espreita…
toca a pele
belisca o acreditar
sufoca o respirar
aperta o coração.

Reajo.

Reajo ao frio desumano
que aqui
ali
e além
mostra o lado negro do poder
e tamanha indiferença
pelo humano sofrer.

Não,
eu não quero esse sentir
negativo
em mim…

…mas questiono…

…o que dou eu ao mundo
com este discreto pensar,
e com este olhar de imaginação
e contemplação
por ondas
céu
natureza
ventos
areia
ou ar?

É algo parecido com paz…
…ou um egoísmo sem par?

 

(Dulce Delgado, Dezembro 2019)

 

 

(Imagem composta por detalhes de fotografias retiradas de diversas páginas da Internet)