os monstros enfrentando a tempestade…

…. é a ideia que logo me surge perante esta imagem obtida por volta das 16 horas do passado dia 23 de Maio, terça-feira, na região de Lisboa, um pouco antes das fortes chuvadas acompanhadas de relâmpagos/trovoada que se abaterem sobre a cidade.

Por falta de oportunidade não a partilhei na devida altura, e só hoje, sexta-feira me é possível fazê-lo. A semana revelou-se complexa e a disponibilidade para o Discretamente tem sido nula, seja a publicar seja no acompanhamento de outros blogs.  De qualquer forma fica aqui este registo, o possível antes do fim-de-semana.

Voltando ao título deste post…

…apenas vos posso garantir que a natureza venceu a contenda e que os “monstros” apanharam uma belíssima molha!

Desejo um bom fim-de-semana!🤗

detalhes citadinos


Há algum tempo publiquei um post sobre as pequenas caravelas que pontuam as paredes de algumas habitações localizadas relativamente perto da zona ribeirinha de Lisboa.

Essa busca levou-me a reparar noutros elementos/sinalética que, por este ou por aquele motivo me chamaram a atenção.

Alguns, são apenas detalhes do tempo que “desaguaram” neste séc. XXI. Não guardarão em si o significado ainda meio desconhecido das pequenas embarcações, mas cada um deles reflecte uma dinâmica citadina que usualmente nos passa ao lado. Objectivamente, eles revelam algo facilmente perceptível (ou não), mas são sempre formas de comunicação entre a cidade-espaço e a cidade-pessoas, sejam eles os habitantes locais ou os passeantes como eu.

A fé, no geral associada a uma certa religiosidade e intrínseca à maioria das pessoas, ultrapassou paredes e assentou raízes em fachadas de edifícios através de pequenos azulejos ou grupos de azulejos pintados com santos, virgens, etc

Reflectirão estes elementos a fé de quem as habita…a fé dos proprietários das habitações (que muitas vezes não as habitam)…ou uma fé que entretanto as desabitou e se perdeu no tempo?

A maioria, julgo eu, foi provavelmente ali colocada com a finalidade de proteger a habitação de energias menos simpáticas e/ou negativas.

Os momentos de glória sempre deixam marcas. Encontrei-a em duas ruas que no início deste século ganharam o concurso da “Rua mais florida” de Lisboa. Hoje, muito pouco as aproxima desse título…

Detalhes informativos são muito comuns e clarificam de imediato o tipo de proprietário, a função dos edifícios ou aspectos relacionados com a segurança das habitações.

Há detalhes na cidade (e em todo o lado!) que visualmente me incomodam. É o caso dos fios, eléctricos/comunicações que aqui, ali e além “decoram” ruas, paredes, recantos, varandas, etc, etc. De certa forma eles reflectem a profusão desses meios nas últimas décadas e o modo pouco controlado como “invadiram” o nosso espaço e vidas. Incomodam ainda mais quando não respeitam aspectos arquitectonicos que muitas vezes caracterizam os edifícios.

Sendo no geral demasiado inestéticos, partilho apenas dois exemplos dos imensos que poderia ter fotografado.

Aqui e ali, a arte urbana também está presente, seja em pequeno ou em grande formato. Limitei-me ao primeiro, pois a ideia deste post é a de partilhar essencialmente detalhes.

Entretanto deliciei-me com as imagens que se seguem, sendo com esse conjunto que termino. Já conhecia duas destas esculturas porém, este deambular permitiu-me encontrar mais algumas dessas figuras em ferro que decoram o topo de algumas habitações localizadas na área de Alcântara.

Acho-as simplesmente deliciosas!

Este post é a prova provada que, se passarmos atentos pelos lugares eles têm imenso para nos dar em troca. Na verdade eles contam histórias, momentos, modos de viver, revelam opções e sempre nos comunicam algo, seja ou não do nosso agrado.

E principalmente, alimentam a nossa curiosidade!🤗

equilíbrio

Há muito que este edifício localizado nas traseiras do meu local de trabalho espera recuperação e um novo rumo. Ainda não teve a sorte de uma boa parte dos prédios mais antigos de Lisboa que na última década foram intervencionados melhorando de sobremaneira o visual da cidade. É certo que o destino da maioria foi o de hotel ou alojamento local, mas isso é uma outra e longa história…

Neste edifício a degradação é evidente, seja pelo abandono seja por algum vandalismo. Nas traseiras, onde captei esta imagem, o seu aspecto é ainda mais decrépito e triste do que da fachada principal.

Porém…

…habita-a Vida, oferecida pelas muitas ervas daninhas que vão nascendo nos seus interstícios ou perto de zonas onde a água da chuva /humidade se acumula, como caleiras, tubos de escoamento de água, etc. Aí essas plantas vão cumprindo o seu ciclo de vida, engrossando seus troncos e até discretamente florindo.

Diria que esta imagem é um perfeito “conflito visual”, porque nela encontramos a morte e o renascer, a degradação e a vida, o enfraquecimento e o fortalecimento. E como acontece amiúde, também aqui a natureza revela a sua força e incrível capacidade de aproveitar oportunidades mesmo em condições totalmente adversas.

Um verdadeiro conflito visual que acaba por ser uma lição. Naquele edifício, assim como nesta construção que somos, sempre existe um recanto mais inseguro, difícil, frágil, obscuro e, quiçá aparentemente incapaz, passível de ser transformado/sublimado e revitalizado por um qualquer acontecimento, detalhe ou sentir.

Por algo que, numa certa perspectiva, poderá ser o tal factor de equilibrio.

fevereiro

Neste belo recanto europeu
Fevereiro chegou num dia frio e soalheiro.

Bem cedo, em lazer ou a trabalhar
uns seguiam por terra e outros viajavam no ar.

O frio não impediu um madrugador passeio sobre as águas do rio,
seja num cansativo remar… seja num paciente pescar.

Ora tranquilas ora irrequietas
as gaivotas não darão pela recente chegada,
será apenas mais um dia…para uma boa banhada!

Na marina de Belém
barcos, mastros e cordas vibravam com o vento,
talvez sonhando com um tempo capaz de libertar…e de os levar a navegar!

E esta,
que discretamente vos escreve
aproveitando as possibilidades que a manhã sempre oferece,
escolheu saudar Fevereiro com um fresco respirar
e fazer estas fotos…

…antes de ir trabalhar!

Ou seja, aproveitemos os dias…os meses…e a Vida! 🤗

uma semana…

A imagem acima foi captada hoje ao nascer do sol, exactamente uma semana depois do conjunto de imagens que se segue e que, por diversos motivos, não consegui publicar no dia em que foi captado (quarta-feira, 18 Janeiro).

Como a beleza não tem data vou hoje partilhá-las, uma vez que a zona ribeirinha de Belém e os edifícios/monumentos que a pontuam são sempre um cativante lugar e um iman para o meu olhar.

Entre estes dois momentos…

…passaram precisamente sete dias;

…a terra deu sete voltas no seu eixo imaginário;

…nos relógios passaram 168 horas o que corresponde a 10 080 minutos;

…os dias cresceram alguns minutos, pois na foto de hoje o sol já nasceu nitidamente mais à esquerda do Cristo-Rei do que na imagem similar obtida no dia 18;

… as nuvens e a chuva desapareceram para dar lugar a dias muito frios e de céu limpo;

…centenas de aviões atravessaram este céu antes de aterrar no aeroporto de Lisboa;

…imensas pessoas passaram por aqui, simplesmente passeando, fazendo jogging ou andando de bicicleta/trotinete…

…e as aves que por aqui deambulam diariamente, como é o caso das gaivotas, guinchos, corvos marinhos, gansos do Egipto, pombos, melros, etc, continuaram as suas rotinas de sobrevivência.

Visto desta forma, sete dias parecem muito tempo…mas guardo a sensação que esses dias se esfumaram e quase não dei pela sua passagem, apesar de ser uma pessoa relativamente atenta.

Objectivamente esse tempo passou…passou mesmo…

…mas creio que ele correu mais rápido do que a minha Vida!

ciclo de vida

Apesar de passar há muitos anos pela escadaria que une o Jardim 9 de Abril à Avenida 24 de Julho em Lisboa, nunca me tinha deparado com a imagem acima.

Estando a uma certa distância, o primeiro pensamento foi: “Que estranho, um monte de troncos com pequenas flores? Não pode ser! Nunca vi isto aqui!” Além disso estávamos em Dezembro…

Aproximei-me e de imediato percebi que se tratava de restos de tinta da parede que ficaram agarrados às gavinhas da vinha-virgem seca e recentemente arrancada. Entretanto olho para a parede em frente e encontro estes detalhes maravilhosos, que a máquina fotográfica que sempre me acompanha logo registou.

Achei estas imagens tão bonitas que, apesar de significarem o final de um ciclo, resolvi que iria estar atenta e registar o renascimento da trepadeira que sempre cobre uma boa parte da parede que suporta aquela escadaria.

Passou algum tempo até os novos rebentos aparecerem. Depois foi galopante o seu desenvolvimento, até a parede ficar parcialmente coberta.

A vinha-virgem é uma planta extremamente curiosa, característica que sempre a orienta para novos lugares e novas aventuras. Essa vontade de progredir levou-a a abraçar a grade que protege a escadaria e através desta atingir o patamar superior, cobrindo parcialmente os degraus dessa área mais elevada.

Esse enérgico avançar implicou uma verdadeira “dança-exploração” através das ferragens do corrimão sendo assim, replecta de vitalidade, que viveu todo o Verão.

Há poucos meses, com a chegada do Outono começou tranquilamente a alterar o seu aspecto e a adaptar-se às cores dessa nova estação.

Em pouco tempo todas as folhas secaram e caíram, apresentando-se assim neste início de ano….

…precisamente antes de ser arrancada e do momento que antecedeu a imagem inicial deste post, aquela que captou a minha atenção.

Em breve todos os troncos serão retirados da parede e a planta podada, para que na próxima Primavera volte a rebentar cheia de força e pronta a iniciar um novo ciclo.

Entre a primeira e a ultima imagem que hoje partilho passou-se basicamente um ano. Com ele fluiram as quatro estações e passaram doze meses no mundo e também na vida desta vossa interlocutora. Nada estará igual porque um ano é tempo bastante neste Viver.

Ainda guardo aquela espécie de encantamento que deu origem a este post, agora mais completo ao sentir que cumpri a “missão” de ser presença no ciclo de vida desta curiosa planta.

Presença que fui e serei…pois sempre que passar por este recanto de Lisboa, ela terá o meu olhar!

Boa semana!🤗

olá inverno!

Despeço-me do Outono com uma das imagens mais bonitas que ele sempre nos oferece: o amarelecimento e a queda das folhas das Gingko bilobas.

Lisboa tem pequenos núcleos destas árvores, mas creio que será o Jardim das Amoreiras, um aconchegante espaço localizado no centro da cidade, o que possui árvores de maior porte e oferece o espectáculo mais belo.

Visitei-o recentemente, sendo as imagens que hoje publico o resultado desse encantador momento. Ao entrar nele sentimo-nos num outro mundo e dimensão, seja pela cor seja pelo afago das folhas caindo em cada soprar do vento. Se o envolvimento geral é belo, os detalhes que o olhar encontra não o são menos. Pelo menos para mim.

O Inverno começa hoje, dia 21 de Dezembro as 21h 48m, e muito em breve despirá totalmente estas árvores. Aliás, algumas já não possuíam folhas quando lá estive, criando-se por vezes um contraste enorme entre árvores adjacentes. Como acontece connosco, também na natureza os ritmos de crescimento/envelhecimento variam dentro de uma mesma espécie.

É pois com muita cor que dou as boas-vindas ao introvertido Inverno. Oxalá ele aprecie e seja capaz de as sublimar em boas energias!

Desejo então que seja um aconchegante Inverno (infelizmente impossivel para tantos que neste momento sofrem grandes privações)….e já agora, que esta mudança de estação se revele calorosa para todos que vivem abaixo da linha do Equador e que hoje receberão o Verão!🤗