dar uma volta…

… ao jardim

… à beira mar

… ao quarteirão

… nos meandros da cidade

… na serra

… pelo interior do país

Qualquer lugar é bom para “dar uma volta”, desde que nos habite abertura de espírito para usufruir daqueles momentos em que o corpo e os sentidos estão disponíveis para estar, dar e receber. Além disso, “dar uma volta” é saudável em qualquer idade ou circunstância, seja no caminho de todos os dias, seja num novo trajecto ou lugar. Na verdade, sempre existe algo de novo quando existe essa abertura interior e vontade de dialogar com o exterior.

O “Dia de dar uma volta” que hoje se comemora (22 de Novembro) deveria ser lema para os restantes dias do ano. Porque faz bem ao corpo e alimenta a alma.

Sendo fã desta frase e ideia, e porque todos os dias, com raras excepções dou a “minha volta”, não poderia deixar de mencionar a data.

Que “as voltas” nos acompanhem ao longo da Vida e, se for caso disso, que tenhamos a coragem de dar também uma boa “volta à Vida”!

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Madrid foi o destino que obrigou a estar no aeroporto de Lisboa às cinco e meia da manhã de ontem.
Em tempo de Uber’s e afins…porque te levei?

Porque sou mãe!

Porque o último abraço dado no aeroporto ficou mais próximo deste primeiro dia de Setembro dos teus 36 anos;

Porque a energia desse abraço perdurou pelo dia de ontem e hoje será sentida por ambas perante a tua voz/imagem, mas igualmente quando leres estas palavras-oferta, que percebi recentemente serem um mimo desejado neste dia;

Porque hoje não estarás perto de mim para fazeres as habituais perguntas associadas ao teu nascimento…à gravidez… ao parto…como eras…como foi…e eu não irei repetir as respostas que tu já sabes de cor. E também não irei ouvir aquela exclamação “Tãaaaaao giro!”, que naturalmente aparece após esse diálogo.

 

Para além disso, minha filha…

Os lugares guardam memórias dos seus visitantes, certamente mais emocionais se associadas a dias de aniversário. Copenhaga, Dublin, Barcelona em anos anteriores e Madrid este ano, guardarão um pouco de ti e da tua boa energia.

E eu, discretamente, gosto de pensar que as emoções despertadas por estas palavras escritas para ti e lidas por aí, ficarão algures a pairar na memória desses lugares.
Sem tempo e doces como um abraço!

 

Muitos Parabéns e um dia muito feliz!

 

 

(Dulce Delgado, 1 Setembro 2019)

 

 

de regresso…

 

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…começo por agradecer a todos os que apreciaram o meu ultimo post e nele deixaram de uma forma mais ou menos objectiva o desejo de umas boas férias. Neste momento já não tem sentido responder individualmente a esses comentários, pelo que o faço colectivamente, agradecendo a vossa gentileza.

Para cada um de nós, e dependendo de várias situações, o termo “boas férias” terá uma leitura diferente. Ele é suficientemente ecléctico para, em termos práticos e entre inúmeras possibilidades significar uma viagem pelo mundo…..o prazer em percorrer uma região do país fora da rapidez e da “efemeridade” das auto-estradas…. ou apenas ficar num mesmo lugar a descansar e a usufruir de um tempo de tranquilidade mais ou menos absoluto. E férias pode ser simplesmente o quebrar das habituais rotinas.

No momento em que escrevo estas linhas, reservo-me ao prazer de ainda estar em férias, mas agora em casa. O tempo anterior foi de estrada, de quase dois mil quilómetros partilhados com o meu companheiro, de muitos lugares novos e outros revisitados, de descobertas, de surpresas… e de muita, muita natureza!

A decisão de nada publicar durante duas semanas foi uma premissa que impus a mim própria. Porque não queria o computador no meu olhar nem o blog na minha mente. Como um “filho”, um blog acaba por nos absorver e por capitalizar muita da nossa energia. Queria liberdade de tempo e de compromissos. E foi com esse espírito que parti para férias.

Contudo…

… tal como um filho se aloja na alma, na pele e é uma parte de nós para toda a vida, também o blog se “entranha” nos nossos sentidos, olhar, pensamentos, etc. E assim, naturalmente e sem avisar, ele apareceu sorrateiro associado a uma imagem, a um momento ou lugar, a um detalhe ou sensação.

E com ternura voltei discretamente a este meu espaço em vários momentos, como exemplificarei de seguida.

Assim…

…recordei a natureza artista quando o olhar se cruzou com a expressiva árvore da imagem com que iniciei este post ou ainda com o tronco da fotografia abaixo, ambas captadas no Parque La Salette em Oliveira de Azeméis;

 

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…em vários momentos os passadiços de madeira guiaram-nos por trajectos  ambientalmente mais sensíveis. Com eles eu viajei pela natureza mas igualmente até ao blog, seja aos posts já publicados sobre essas estruturas, seja ao conteúdo que futuramente partilharei sobre outros locais onde estão implantados;

 

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…nas terras quentes de Trás-os-Montes recordei os afectos primaveris ao encontrar este casal de percevejos (Pyrrhocoris apterus, Linnaeus, 1758 ), que indiferentes à agreste envolvente continuavam a sua actividade reprodutora ou, quiçá… talvez partilhassem apenas um afecto veranil!

 

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…foi na periferia da albufeira da Barragem do Azibo (Bragança), que encontrei o lilás de lisboa, não em flores de jacarandá mas nos  vários arbustos de alfazemas que ali espalhavam a sua cor e odor;

 

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…também o humor dos dias esteve no meu sentir e pensamento através das mudanças imprevistas da meteorologia, seja no sol aberto e calor difícil, no fresco desejado, numa inesperada trovoada, na efémera chuva ou no irrequieto vento. Tudo a natureza nos ofereceu!

 

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…este belíssimo castanheiro descoberto num recanto do Parque Nacional de Montesinho trouxe à minha memória o post sobre a árvore europeia do ano. Esta árvore nunca terá certamente esse título, mas proporcionou um encontro cheio de boa e centenária energia!

 

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…e na cidade  de Pinhel, no distrito da Guarda, encontrei o galo do meu cata-vento pousado no cimo da torre de uma Igreja. E sinceramente…pareceu-me tranquilo e bastante feliz!

 

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O que significa tudo isto?

Apenas que não somos estanques e que dentro de nós tudo se relaciona. Essencialmente, este blog sou eu, o meu olhar, o meu sentir e o meu pensar. Como tal, ir sem ele para férias é impossível…porque em muitos momentos ele me apareceu com um sorridente “olá! Talvez as férias tenham sido apenas do computador!!

Por último…

…como sucedeu em anos anteriores, farei outros posts partilhando locais e detalhes destes dias de viagem. Sem tempo nem pressa…porque o tempo ainda é de férias!!

 

(E calmamente também começarei a acompanhar as vossas publicações!)

 

 

 

nuvem viajante…

 

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Olhei,
e vi um pássaro gigante no céu da minha janela…

Seria uma nuvem-pássaro…
um pássaro-nuvem…
ou apenas
esta voadora imaginação?

Talvez fosse uma nuvem distraída que se perdera de outras
e veloz,
as tentasse apanhar…

…ou uma nuvem exploradora da liberdade
deambulando pela vida
pelo mundo, pelo vento
e pelo ar!
Talvez uma nuvem a viajar!

Amanhã,

também eu irei “voar” pela liberdade das férias
respirando paisagens,
olhares
e lugares
desta terra lusitana.

O corpo e a mente
precisam muito de descansar,
e o blog,
discretamente
ficará a aguardar!

 

Isto significa que nas próximas duas semanas não irei publicar nem vos irei acompanhar! Até breve!

 

(Dulce Delgado, Julho 2019)

 

 

 

o humor dos dias

 

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Limpo
alaranjado
cinzento
ou chuvoso,
o dia acorda
lento
e silencioso.

No ar,
uma energia
que gosto de acompanhar,
com o corpo
e o olhar
num calmo respirar.

Então…

…no meu trajecto diário
e matinal
pelas margens da capital,
em vários dias parei
naquele lugar,
a fim de fotografar
a poesia
a energia
e o humor de cada dia.

Seis dias…seis imagens…

Em cada uma
um sentir
único e pessoal,
talvez alimento visual
para o humor do meu dia!

 

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Imagens captadas em Lisboa perto das oito horas da manhã, nos dias 28, 29, 30  e 31 de Janeiro e a 1 e 4 de Fevereiro, de um ponto localizado entre o Padrão dos Descobrimentos e a Torre de Belém.

 

(Dulce Delgado, Fevereiro 2019)

 

 

 

paris emoção

 

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A cidade de Paris foi o destino da minha primeira viagem de avião quando tinha pouco mais de vinte anos. Viagem partilhada e usufruída de alma e coração e, como tal, extremamente marcante. Desde então, diria que Paris ficou guardada num recanto especial do meu romantismo!

Anos mais tarde e já com filhos pequenos, a cidade recebeu-nos numa breve passagem. Para além de coincidir com uma fase de mudanças no seio da família, acompanharam-nos igualmente os personagens e o espírito Eurodisney, porque esse espaço foi o principal objectivo da viagem. Apesar dessa circunstância, senti que Paris ainda era aquele recanto tranquilo.

Recentemente, numa curta viagem, essa imagem de tranquilidade que eu guardava foi “engolida” por uma realidade bem diferente, fruto da grande quantidade de turistas presentes na cidade. Desconhecendo a existência de dois feriados na semana escolhida (pura falta de cuidado no planeamento…), encontrei, juntamente com o meu companheiro, uma Paris meio louca e com um dinamismo completamente diferente do desejado….mas, talvez inconscientemente esperado, tendo em conta a explosão turística que a Europa vive.

Apesar disso o planeado foi cumprido… pontualmente com vontade de fugir, mais não seja porque a natureza dos dois viajante em causa é tranquila, pacífica e sem qualquer atracção por confusão, multidões ou barulho. Contudo, naquele contexto por vezes adverso, percebi que o “romantismo” não está associado a lugares, mas que depende unicamente de nós e da nossa capacidade de partilhar detalhes, pormenores e cumplicidades. Talvez por isso, seja qual for a forma com que Paris se me apresente, será sempre um lugar especial, desde que seja visitada a dois e partilhada com prazer.

E por último, percebi ainda que, para mim, a Paris mais turística terminou com esta viagem. Não preciso mais dessa sua faceta. Mas Paris é enorme e ainda tão desconhecida! Por isso, gostaria(mos) de voltar um dia, para partilhar novos recantos e descobrir as “notas de rodapé” que a cidade guardará na sua imensidão.

 

 

 

pelas cores de águeda

 

Em 2006 a criatividade passou por Águeda pela primeira vez, tal como os baldes de tinta coloridos. Inspirou-se a cidade e os artistas que aderiram ao projecto para a animar de pormenores que são uma delícia.

Tendo o chapéu-de-chuva como mote e certamente o símbolo mais conhecido deste evento, ele é rei em algumas ruas mas também espreita em muitos recantos ou mesmo em edifícios públicos ou casas particulares.

Se a cor e a imaginação invadiram os equipamentos urbanos, também a arte urbana associada aos murais está presente em muitos locais, sejam eles mais expostos ou mais recônditos. Criatividade não falta por ali, basta procurá-la percorrendo aleatoriamente as ruas ou seguindo um folheto-roteiro publicado, esta sem dúvida a melhor forma de nada perder.

Apesar de saber da existência deste evento denominado AgitÁgueda há alguns anos, neste aliaram-se informações mais concretas com a passagem pela região, o que proporcionou um momento muito agradável.

Os concertos e performances terminam hoje, dia 24 de Julho, mas as instalações coloridas permanecerão na cidade até ao final de Setembro. Muitas já são permanentes.

Vale a pena a deslocação. Para melhor a planearem, Águeda é uma cidade que fica na região centro do país, a 25 quilómetros a este de Aveiro.

 

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turismo industrial

 

O termo “curiosidade” é vasto e abrange inúmeras vertentes, por vezes opostas. É o caso da curiosidade intelectual pura, aquela que se alimenta de leituras filosóficas e abstractas, por oposição à curiosidade tipo “paparazzi”, cujo único objectivo é saber e explorar a vida dos outros. Entre esses extremos encontram-se muitas alternativas, tal como a curiosidade que se centra nos mistérios da vida e da natureza, ou aquela que se foca  em gostar de saber como algo é fabricado ou funciona.

Este post é para este último tipo de curiosos e integra-se no âmbito de um turismo em desenvolvimento denominado Turismo Industrial.

  • S. João da Madeira é a cidade do país mais avançada neste conceito. Sendo uma área predominantemente industrial, resolveu apostar nessa vertente também para estimular o turismo. Nesse sentido, disponibiliza visitas guiadas a baixo custo a uma série de fábricas durante o período de laboração, o que é muitissimo interessante para os curiosos do tipo “como se faz?” Abrange fábricas de sapatos, lápis (a tão nossa conhecida Viarco!), peles, chapéus e passamanarias (elásticos, fitas, cordões). Este site, permite conhecer o projecto e fazer marcações. Para além desta vertente, S. João da Madeira é uma cidade muito agradável e com um grande parque urbano que se desenvolve ao longo do rio Ul, permitindo usufruir de excelentes passeios. Uma boa escolha para os curiosos fazerem uns dias de férias!
  • A zona da Marinha Grande possui igualmente vários projectos nesta área, permitindo a visita a fábricas de vidros, moldes e plásticos. Deixo aqui o link com toda essa informação.
  • Ainda nesta região, mais precisamente no concelho de Alcobaça, encontra-se a Vista Alegre Atlantis, que há muitos anos disponibiliza visitas à sua fábrica.
  •  Também a Autoeuropa em Palmela, indica no seu site que disponibiliza visitas, mas neste momento estão canceladas por tempo indeterminado. Creio que possa estar relacionado com o facto de estarem a preparar a produção de um novo modelo de carro.
  • Numa vertente bastante diferente, ou seja, no ramo alimentar, encontra-se o Lagar de Oliveira da Serra em Ferreira do Alentejo. Permite visitas durante todo o ano, mas a melhor altura para o fazer é no Outono, período em que ocorre a apanha da azeitona. É uma visita gratuita, muito educativa, que se desenvolve em instalações relativamente recentes e num edifício muito bonito.

Muitos destes polos têm associados museus que complementam a história dessas industrias nas respectivas regiões.

Haverá certamente outros locais deste tipo para visitar, mas este conjunto é muito interessante e asseguro que é um bom “alimento” para os mais curiosos.

 

passadiços

 

Não me vou debruçar sobre as estruturas construídas na envolvente do rio Paiva e no último ano tão largamente divulgadas por bons e maus motivos, simplesmente porque ainda não as conheço. Passeei por aquela região no verão que antecedeu a sua construção mas não sei quando a ela voltarei, sendo certo que, quando isso suceder, será para os percorrer em toda a sua extensão. Para já, limito-me a ir conhecendo as estruturas desse tipo que estão mais perto de Lisboa.

Os passadiços em madeira sobre zonas ambientalmente sensíveis são uma inovação relativamente recente e advêm não só de uma maior consciencialização para as questões ambientais, mas igualmente como resposta ao pouco cuidado que muitos demonstram ao pisotear zonas frágeis e em risco, caso dos cordões dunares, zonas de costa, sapais, etc.  Por outro lado funcionam também como chamativos turísticos, ou como locais agradáveis para a prática de actividade física ao ar livre e em ambiente natural. associados a estas finalidades, eles vão aparecendo por todo o país, esperando-se que sejam usufruídos por muitos e respeitados por todos.

Na zona de Lisboa e arredores é possível que existam outros que ainda desconheço. Não obstante, fica aqui uma referência a alguns que permitem uns agradáveis passeios:

– Junto à costa ocidental, na base da serra de Sintra e perto da praia do Guincho, encontram-se vários passadiços que permitem visitar o sistema dunar Areia-Guincho. Formam três percursos que acompanham as ondulações da duna da Cresmina e que, associados a um pequeno centro de interpretação, permitem conhecer a dinâmica natural da zona.

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– Um pouco mais a este, na zona de Murches e no limite do Parque Natural Sintra-Cascais, situam-se as Penhas do Marmeleiro, integradas no parque urbano com o mesmo nome. É uma área arejada, algo agreste por ser escarpada, mas muito bonita. Integra um circuito de passadiços, escadas e miradouros, que oferecem amplas vistas sobre a região. Com um espírito explorador, outros passeios são possíveis para além dos limites destas estruturas.

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– Perto da Póvoa de Santa Iria, ou seja, numa área adjacente ao estuário do Tejo, encontra-se um consistente e largo passadiço em madeira, denominado Trilho do Tejo. Foi construído sobre uma área de sapal e dá acesso a outros trilhos de terra, como o trilho da Verdelha e o do Forte da Casa. Toda esta zona, para além de proporcionar um agradável passeio de vários quilómetros, tem potencialidades ornitológicas a explorar.    A paisagem e as cores que o passadiço e os trilhos proporcionam na Primavera são fantásticos, o que já não deve acontecer durante a época mais quente, em que toda a vegetação deve estar seca. Não tem qualquer sombra, pelo que deve ser evitado nas horas de mais calor.

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– Por último e para além destes, não posso deixar de referir o conhecido percurso existente no Parque das Nações e que liga a torre Vasco da Gama (agora Myriad, Sana Hotel) à foz do rio Trancão. Possui diversas áreas de passadiços em madeira, que infelizmente estavam muito degradadas da última vez que os percorri. Entretanto passou algum tempo, pelo que espero que essa já não seja a realidade actual.

Bons passeios!

 

  • Se conhecerem outros no distrito de Lisboa partilhem-nos, pois gostaria de saber.