boas festas!

Que nesta época festiva e sobretudo que no Novo Ano que se aproxima cultivemos a capacidade de…

… estar atentos e partilhar

… nos colocarmos no lugar do outro

… ouvir e tentar entender

… acreditar

… ser solidários

… e que consigamos alcançar aquele equilíbrio sempre necessário, seja como seres individuais seja colectivamente.

A todos os que continuam a passar pelo Discretamente, desejo um Bom Natal e um ano de 2023 com tudo o que é importante para vós e para os que vos são queridos.

E para o mundo, que seja definitivamente um tempo de resolução e de apaziguamento de conflitos. Creio ser esse o desejo de todos nós.

Um abraço e voltarei em 2023!🤗

(Desenho de Dulce Delgado)

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de férias!

Como sempre tem sucedido no meu período de férias, o Discretamente também irá descansar temporariamente para um qualquer virtual lugar longe de mim.

Esta mudança de estação levar-me-á por aí, por caminhos e descanso, entre verdes e mar, e com os sentidos bem alerta. Preciso muito de tranquilizar as emoções da vida e as preocupações com o mundo, algo que quase três semanas em contacto com a natureza deverão certamente ajudar.

Assim, neste ultimo dia de Primavera e em véspera de mudança de estação, desejo um bom Verão a uns e um tranquilo Inverno para outros. E desejo especialmente melhores noticias para o mundo e para todos nós!

Um abraço e até meados de Julho! 🤗🌳😎🌞⛱🍉

antes do verão

Ofereceu-nos o Algarve o primeiro dia de praia e o primeiro banho de mar do ano. Maio é normalmente o mês dessa estreia (raramente a sul, diga-se de verdade), sendo este ano um momento excepcional pelas temperaturas do ar e da água que essa região nos proporcionou.

Adoro esse reencontro do corpo com a areia, com o sol, com a água e, de certa forma, também com a Vida que me habita. Sempre agradeço essa possibilidade renovada que o tempo me vai oferecendo em cada Primavera e que tanta alegria e satisfação me dá.

A maré vazia, a tranquilidade do mar e a transparência da água valorizaram esse primeiro banho, tomado entre ondas suaves e na companhia de um imenso cardume de pequeninos peixes que, pelo brilho pareciam sardinhas. Confirmei essa hipótese mais tarde, ao encontrar dois sem vida à beira-mar. Há sempre aqueles que não resistem à jornada….

Sempre posso caminhar pela beira-mar, mas o primeiro passeio de cada ano com o sol no corpo e os pés na água tem um gosto especial. Representa um reencontro dos sentidos com algo que foi estruturante e que está intimamente ligado à minha pessoa e, sobretudo, à minha sensibilidade. Na realidade sinto uma forte ligação entre a infância/adolescência que tive e a praia/beira-mar que sempre me acompanhou, elo que renovo há quase cinco décadas de uma forma ainda mais intensa quando o palco é o Algarve que me viu crescer.

Nesse envolvimento, em qualquer direcção o olhar reencontra raízes. Seja…

…no céu azul, no mar ou na linha do horizonte

…na beira-mar, nos brilhos ou nos reflexos da areia molhada

…nas pedras, conchas ou algas que espreitam mais ou menos timidamente na areia

…ou na presença das gaivotas que sempre pontuam estes espaços.

No baú das emoções guardei esta “estreia” da época balnear com um sentir especial. E mais do que nunca envolta num grato obrigado a par daquela frase tão certa como é “este momento já ninguém me tira”!

Ao olhar para o estado do mundo as incertezas são imensas. Como nunca as sentimos. Por isso, seja em dias excepcionais como o descrito, seja num daqueles aparentemente igual como o de hoje ou naquele mais difícil que sempre surge no caminho, aproveitemos as suas possibilidades. Afinal todos eles são “vida para ser vivida”. E isso já é tanto! 🤗

por abril

Começa Abril com o estranho “dia das mentiras” (e subsequentes verdades) e com o orgulho de ser o primeiro mês cheio de Primavera.

Entre muitos outros provérbios, a sabedoria popular diz  “em Abril águas mil” e “ao princípio e ao fim, Abril costuma ser ruim”…..bem… que venham as águas mil e até um tempo ruim, mas que a ruindade não passe disso, pois já basta a que grassa pelo mundo. Sobre isso, poderia rapidamente elaborar uma lista de más notícias, em várias áreas, de âmbito local, nacional e especialmente internacional. Mas não, não quero ir por aí neste primeiro dia de Abril, mês de bela e fluida sonoridade e de muitas energias em latência que pairam por aí….

Na Natureza…

…campos e prados estão a ficar lindos e cheios de flores!

…árvores e arbustos já exibem os novos rebentos e o desabrochar de pequenas folhas cheias de vontade de crescer;

…muitos animais estão concentrados nos seus ritos de acasalamento. Aves e insectos –  talvez os mais fáceis de observar – estão em pleno namoro. Aliás, basta observar os pombos que abundam nas nossas cidades e jardins e ver o rodopio dos machos em redor das fêmeas. Dá para perceber que pode ser bastante difícil conquistar uma mulher!

Por esta Europa…

…acredito que a energia primaveril de Abril poderá minimizar as dificuldades de integração de milhões de refugiados ucranianos especialmente neste hemisfério norte. É apenas um detalhe, é certo, mas é algo que poderá contribuir positivamente para a força dos que estão a ser ajudados e de todos aqueles que solidariamente os apoiam;

…as temperaturas de Primavera serão igualmente uma grande ajuda no controle da pandemia, seja na diminuição drástica do número de casos ainda activos, seja no regresso ao equilíbrio que tanto se deseja.

Pelos nossos dias…

… acredito que as energias de Abril – em Portugal muito associadas à ideia de Liberdade – surjam em força e em todo o seu potencial. E que no campo da criatividade, os espectáculos, as exposições e todo o género de eventos acelerem o processo de reabertura/ expansão e voltem em pleno ao vigor pré- pandemia;

…em Lisboa, já são muitos os turistas que vagueiam pelos recantos da cidade, no geral muito encalorados e vivendo o seu Verão na nossa Primavera. Entre jovens e menos jovens, é bom ver a disponibilidade que os guia e a atenção que dão a detalhes já indiferentes à rotina dos nossos olhos e dos nossos dias. São sangue novo nas artérias da cidade!

E por aqui…

…com os período de férias já definidos em Março, Abril é naturalmente um mês de fazer o balanço entre o que se gostaria de concretizar e as possibilidades reais. Um mês em que a “liberdade” fica mais próxima e o desejo de férias começa a minar o pensamento;

…Abril será o mês de aniversário do Discretamente. Seis anos será a conta. Um tempo importantíssimo na minha vida e na minha estabilidade criativa.

…por fim, habita-me um desejo maior, que creio será de todos nós: que Abril “ilumine” as mentes obscuras de alguns e seja berço daquele momento que o mundo tanto anseia: que a paz e a estabilidade regresse rapidamente a este velho continente!

Caro Abril, com a tua energia primaveril…sê um mês gentil!🤗

(Foto captada hoje, dia 1 de Abril, ao nascer do dia na zona de Belém, Lisboa)

duna da crismina

Quando imagens dolorosas e sentimentos de revolta nos habitam em virtude da actual situação do mundo, instala-se uma inquietação que interfere com a nossa sensibilidade, dinâmica, ritmos de sono, etc, etc,. No sentido de tentar equilibrar e até de “distrair” tanta inquietação, é urgente recorrer ao que nos possa dar alguma paz interior. Nesse rol de possibilidades, a natureza sempre foi para mim uma fonte de paz, porque nela encontro um saudável respirar e olhares de encantar.

Muito recentemente tentamos esquecer o mundo por algumas horas fazendo um passeio pela Duna da Crismina, um espaço localizado no Parque Natural de Sintra-Cascais com características e dinâmicas muito próprias e que pode ser percorrido através de passadiços aí instalados há alguns anos.

Toda a área costeira a norte do farol da Guia intervém na dinâmica deste sistema dunar e abrange zonas arenosas, rochosas e praias, sendo as praias do Guincho e da Crismina as mais activas em todo este processo. Nessa linha de costa também se insere o Cabo Raso, área que percorremos antes de entrar no perímetro da Duna da Crismina propriamente dito.

Penetramos na duna pela entrada norte a fim de percorrer todos os passadiços em madeira aí existentes. Estes tanto atravessam áreas com rara vegetação como outras bastante arborizadas, predominando nestas ultimas o pinheiro.

Envolvia-nos um dia de inverno demasiado tranquilo e primaveril, o que tem sido comum em Portugal e uma verdadeira fonte de preocupação para todos nós devido à seca extrema daí resultante e já instalada em todo o território.

No céu, uma diversidade de olhares. Mas à medida que as horas iam passando, algumas nuvens foram dispersando, algo muito comum em toda aquela região próxima da Serra de Sintra.

O que mais gosto e o que mais me tranquiliza neste tipo de paisagem são os detalhes que salpicam a paisagem de beleza especialmente em áreas onde a vegetação escasseia e que geralmente coincidem com as de maior mobilidade da duna.

Esta tranquilidade natural acalmou um pouco a minha intranquilidade. Bastante menos do que eu desejaria, é certo, mas nos tempos que correm tudo o que nos anime, por pouco que seja, é muito bem-vindo.

incompreensível

Não, esta imagem não é do dia de hoje, mas simbolicamente ela representa muito bem o negrume, a dor e a tristeza que hoje se instalou na vida de um povo, na dinâmica de um país e, indirectamente, em todos os povos e países que respeitam a liberdade, a democracia e a independência.

Sou por norma positiva, pacífica e respeitadora do espaço/ideias dos outros. Hoje porém, não sei onde está essa Dulce, pois apenas encontro uma Dulce profundamente revoltada, incrédula, com uma angústia a que não estou habituada e com perguntas prementes no pensamento:

Até onde irá esta absurda e revoltante invasão da Ucrânia?

E o que irá realmente este dia significar na vida de todos nós?

pelo mundo das letras…

Inquieto,
deambulava o P
pelo mundo das letras
da escrita
e da aventura.

Num atalho encontrou o O
e logo a seguir o E,
o que gerou confusão
no momento de decidir
qual a ordenação
deste trio em formação.

As hipóteses eram demais…
…mas a personalidade do P
não era de subestimar,
decidindo com firmeza
que POE seriam
no futuro caminhar.

E assim continuaram.

Mais à frente
ouviu-se um forte suspirar…
…era um S
triste
e muito carente,
desejoso de encontrar
alguém a quem abraçar.

Com ternura no olhar
o E deu-lhe um forte abraço,
fazendo-o logo sentir
que finalmente encontrara
um lugar onde ficar.

E como POES seguiram…

…até num recanto avistarem
um ditongo a namorar
com fulgor e ousadia
em plena luz do dia.
Era o IA!

De imediato perceberam
a forte emoção
que esse par lhes traria,
pois juntos seriam corpo,
alma
acção
e uma imensa energia!

Logo entendeu o IA
o apelo vibratório
que o POES lhe fazia,
e o forte potencial
que a situação traria
a todos na vida real.

Tomada a decisão
o ditongo avançou
e ao S se agarrou…

…com tão forte a atracção…

…que num acto de magia
a palavra ganhou asas
e nasceu a POESIA!

(Poema e desenho de Dulce Delgado)

nevoeiros…

Nos últimos dias a zona ribeirinha de Lisboa não viu o sol matinal. Cobria-a um denso e cinzento banco de nevoeiro que apenas deixava visíveis os topos da Ponte 25 de Abril e do Cristo-Rei.

Sempre que tal sucede, de caminho para o trabalho penetro nessa massa que aí se adensa. Hoje mais uma vez isso aconteceu…. e eu mais uma vez levei o corpo e os pensamentos a passear pelo nevoeiro…

Individualmente ou como parte da sociedade, na vida de todos nós surgem momentos complexos, seja porque nos “enganamos” no caminho, seja porque as circunstâncias exteriores se alteraram bruscamente e nos afectam. Como por exemplo, a crise pandémica que estamos a viver. Naturalmente surge a indefinição, a confusão, o receio e amiúde a falta de perspectivas, por vezes o mais difícil de lidar.

Perante o nosso olhar esbatem-se os caminhos, as ligações, pontes e soluções. Tudo é neutro, de uma “beleza” neutra que nem sempre conseguimos compreender.

Na verdade, o que era dado como certo e quase inquestionável pode, de um momento para o outro desaparecer, alterar-se, entrar em rotura, esfumar-se. Tal como desapareceu no denso nevoeiro, metaforicamente falando, a Ponte 25 de Abril, o ex-libris desta zona ribeirinha de Lisboa e que num dia normal estaria presente na maioria das imagens que se seguem.

Como resposta, é fundamental não perder as referências interiores e algumas exteriores, porque elas sempre existem, mesmo que perdidas nos meandros dos imprevistos e dos “nevoeiros”.

Há que acreditar, continuar a caminhar, fixar objectivos, rever perspectivas e, se necessário, “correr” um pouco mais, mesmo que mais devagar. Eventualmente ter a humildade de pedir ajuda se o cansaço e a desorientação for demais. E ter fé, seja em que tom for essa fé.

Este nevoeiro, tal como os nevoeiros da Vida sempre se dissipam. Porque o sol está lá e aparecerá. Assim como surgirão as respostas, os caminhos e até as pontes, seja as que ligam margens de rios, que nos ligam a nós próprios ou as que nos mantêm ligados ao mundo.

Assim é a Vida, entre margens e em nós. Tal e qual.