
Portugal é um pequeno país em área, mas grande na diversidade que agrega e que oferece ao nosso olhar. É um pouco dessa variedade que pretendo partilhar convosco neste segundo post sobre o recente período de férias vivido e que já foi anteriormente abordado de uma forma muito genérica.
A maioria desses dias foram passados em Trás-os Montes e Alto Douro, naquele território quente e agreste que forma o nordeste português. Apesar do calor e das esperadas curvas das estradas nacionais dessa região, algumas memórias precisavam de ser reavivadas e novos lugares conhecidos. Não sendo fácil, era o que queríamos e assim o fizemos.
Cada lugar tem uma orografia própria, uma textura de “pele” e detalhes que o personalizam. É esse olhar que hoje gostaria de partilhar sobre esta região de Portugal, território de montes e vales, de rios e escarpas, de uma vegetação muito própria e de dois Parques Naturais, o do Douro Internacional e o de Montesinho, espaços que têm sabido manter as suas características e personalidade.
O rio Douro, que marca a sul este território e a leste faz fronteira com Espanha, esteve presente em diversos momentos no nosso olhar, mas não ladeado dos socalcos e dos vinhedos que tanto o caracterizam em certas áreas e que lhe permitiram obter o título de Património Mundial da Unesco. Nesta região as vinhas aparecem como parte de uma manta de xadrez e riscas, como uma parte da decoração da paisagem. O que realmente predomina são as oliveiras e as amendoeiras, numa harmonia de verdes diferenciados que pontuam encostas suaves ou em socalcos.





É em Barca de Alva, onde descansam cruzeiros-hotel que percorrem o rio Douro, que esta linha de água nos começa a separar de Espanha. Adquire então o nome de Douro Internacional, titulo que empresta ao Parque Natural que atravessa. No outro lado da fronteira este espaço preservado toma o nome de Parque Natural de Arribes del Duero.
O rio separa os dois países, mas Espanha está ali tão perto. Na paisagem de um qualquer miradouro dos muitos que observam esta região, basta estender um braço e o rio quase é nosso. Como uma linha. Como um abraço.
Nessa fronteira leste, as arribas são mais mais altas e sinuosas, mais agrestes e intranquilas. Mas o Douro não se importa e segue o seu rumo. Na paisagem destaca-se um penedo, sendo Durão o seu nome. Um ex-libris da região, bem protegido pelas aves de rapinas que o sobrevoam e que as imagens não pretendem hoje mostrar.


A um miradouro, segue-se outro. E outro mais. Sempre com aquela linha de água azul esverdeada a serpentear entre montes.


Deixemos o rio Douro em paz e voltemos o olhar mais para oeste, para o interior daquela terra quente transmontana onde correm outros rios, como o Tua e o Sabor. O segundo deteve até há poucos anos o titulo de “último rio selvagem de Portugal”. Mas as barragens domaram os seus ímpetos porque outros valores “mais altos” se levantaram.
Hoje, mais tranquilizado, o Sabor deu lugar a uma sequência de “lagos” que marcam uma paisagem ainda desconhecidos para muitos.


Já o rio Tua, um pouco mais a oeste, ainda oferece recantos maravilhosos e de paz em pleno Verão.

Seguimos depois para norte e para o já mencionado Parque Natural de Montesinho, terra pouco povoada e ainda habitada pelo lobo, o que revela a sua natureza mais selvagem. Os montes ondeiam no horizonte e as curvas na estrada são presença constante. Mas a vegetação mudou e agora são os carvalhos e os castanheiros que aconchegam a paisagem. Estes últimos, individualizados e imponentes ou formando soutos são presença no nosso olhar, assim como várias espécies de pinheiros (?) o faz noutros recantos.


Aqui, numa região oficialmente preservada, são as espécies autóctones que predominam. A seu lado, também a actividade agrícola se desenrola em lugares próximos da presença humana, seja nas hortas que todos possuem, seja nos campos com cereais maduros, dourados e prontos a serem colhidos.



Se a paisagem faz a textura de uma região, outros detalhes são o complemento que a consolida. Encontramos muitos, imensos, mas o post já vai longo e o objectivo é essencialmente um olhar aéreo sobre esta parte de Portugal.
Contudo, não resisto a partilhar alguns aspectos que o olhar guardou e que são uma parte importante da textura da paisagem, como os telhados vermelhos no xadrez caótico mas cheio de personalidade de muitas vilas; as casas em pedra e xisto que continuam a resistir aos tempo; ou ainda as flores, que aqui, ali e além pontuaram o nosso olhar de cor e de prazer.




E é assim, com cor, que termino por hoje. Mas regressarei em breve, com outros olhares e mais lugares!