O ponto é…
… certeza, definição, segurança. Uma pausa com continuação… ou não.
Quando se juntam dois pontos ( : ) a continuidade é certa. Pode ser em enumeração, citação, discurso directo, etc., mas sempre indica futuro, algo concreto que vai surgir.
Curiosamente, quanto se juntam três pontos ( … ) ou as chamadas reticências, tudo muda. Contrariamente ao que se poderia esperar, não há um reforço dos significados anteriores mas uma mudança total de energia. Surge a dúvida, o jogo, a possibilidade, os segundos sentidos, a desconfiança, etc. Um pouco à semelhança do que pode acontecer quando se juntam três personalidades extremamente seguras e com fortes egos, em que é possível que cada um tente “brilhar” mais, ser superior e dominar. Então pode surgir a desconfiança, a indefinição, jogos de poder e de verdades escondidas. Ou seja, aquilo que era definido e seguro, torna-se incerto, inconsistente e dúbio.
Já a vírgula é…
…caminho, meio, continuação, paragem, respiração. Uma pausa menor para algo que terá continuidade. Ela separa elementos, ideias intermédias ou orações independentes. A vírgula é uma poderosa organizadora, seja na escrita seja na matemática. Nesta ultima área, é um ponto de paragem antes de prosseguir. Uma fronteira virtual. Um respirar que vive à direita da unidade e que é rainha no reino das décimas, centésimas, milésimas, etc.
Três vírgula catorze…
Quarenta vírgula sete…
Zero vírgula vinte e cinco…
Fantástico o poder deste símbolo na matemática!
E quando se junta um ponto e uma vírgula ( ; )…
…nasce a moderação, o meio-termo, uma espécie de ordem. Estes dois símbolos equilibram-se e dão origem a uma pausa um pouco maior que a da vírgula, mas menor que a do ponto. Eles delimitam, organizam e em longas frases, podem substituir a vírgula.
Fazem a fronteira entre ideias semelhantes ou diferentes, mas nascidas de uma premissa comum, de um assunto-mãe. São obedientes, organizados, sistemáticos e descomplicam textos que podem ser difíceis para o olhar.
Juntos ou em separado, usamos estes símbolos a todo o momento de uma forma quase inconsciente, seja na escrita ou na fala, em papel ou virtualmente. Até no acto de pensar podem estar presentes, nas nuances emocionais que sempre acompanham os pensamentos.
Diria que eles pontuam, marcam o ritmo e contribuem discretamente para o design da nossa comunicação.