O seu nome é Ria Formosa, mas não é uma verdadeira ria nascida na foz de um rio. Resultou de movimentações arenosas provocadas pelos ventos e marés ao longo do tempo, de que resultou um vasto cordão dunar com seis aberturas para o mar e que abriga no seu interior uma ampla zona lagunar/sapal que é diariamente exposta à dinâmica das marés.
Apesar de ter vivido os primeiros dezassete anos da minha vida no Algarve, pouco conhecia da geografia desta área. Nos últimos anos percorri alguns trilhos dispersos na região, mas sem o espírito de aprofundar as suas características. Agora, depois de alguns dias de férias e de exploração, posso partilhar um pouco do que aprendi, vi e senti.
A Ria Formosa situa-se na metade mais oriental da província localizada mais a sul de Portugal, estende-se por cinco concelhos (Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António), abrange sessenta quilómetros da costa sul e é formada por duas penínsulas nos extremos (Ancão a ocidente e Cacela a oriente), e por cinco ilhas-barreira localizadas entre estas (Barreta ou Deserta, Culatra, Armona, Tavira e Cabanas).
Imagem retirada de http://evrest.cvtavira.pt/study-sites/
Esta área foi classificada como Parque Natural da Ria Formosa em 1987, com o objectivo de preservar e conservar as suas características e interesse biológico. Nessa altura foi necessário arranjar uma legislação de compromisso e não demasiado restritiva, uma vez que algumas das ilhas são habitadas durante todo o ano. Além disso, no Verão são palco de relevantes fluxos turísticos e a actividade piscatória assim como a cultura de marisco em viveiro são muito importante na economia das populações.
Possui um grande número de habitats, como dunas, areais, salinas, lagoas, sapal, áreas agrícolas, matas, etc., assim como flora e fauna característica, sendo muito procurada pelas aves durante todo o ano e intensamente em tempo de migrações.
Esta última vertente, que muito nos agrada, associada ao facto de possuir vastas zonas de areais e praia, foi mais do que suficiente para nos seduzir a explorá-la nestas férias.
Sendo este primeiro post essencialmente informativo, gostaria de referir que a Sede e o Centro de Interpretação Ambiental do parque se localizam em Marim, perto de Olhão. Ele está integrado num percurso de poucos quilómetros que abrange alguns habitats (mata, lagoas, salinas e sapal) e passa por vários locais de interesse, como observatórios de aves, ruínas romanas, um moinho de maré ou uma antiga barca utilizada na pesca do atum.
Deixo-vos com algumas imagens desse trilho…
…terminando com o olhar frontal (e talvez de saudação!) de um dos imensos exemplares do caranguejo “boca-cava terra” que habitam os sapais da Ria Formosa.
Deixo ainda algumas informações práticas sobre os acessos a cada uma destas ilhas. Assim:
– Ilha da Barreta/Deserta – apenas a partir da cidade de Faro
– Ilha da Culatra – a partir das cidades de Faro e de Olhão
– Ilha da Armona – a partir de Faro e de Olhão para a parte ocidental da ilha, e a partir da vila da Fuseta, para a parte oriental da ilha;
– Ilha de Tavira – a partir da cidade de Tavira para a ponta oriental da ilha; da vila de Santa Luzia para a praia da Terra Estreita; da zona de Pedras d’el Rei para a conhecida praia do Barril (através de um pequeno comboio); e da vila da Fuseta para a ponta ocidental da ilha.
– Ilha de Cabanas, a partir da vila de Cabanas
São ainda muitos os operadores privados que complementam esta rede oficial de transportes para as ilhas-barreira, seja para deslocações simples ou para a realização de circuitos turísticos.
Em breve, voltarei a partilhar convosco outros aspectos deste Parque Natural.