Manifesta-se com elegância a energia da Primavera, seja no alongar das horas de luz dos nossos dias, seja no aparecimento de temperaturas mais amenas nas emoções da nossa pele… e sempre, sempre no imenso acordar da natureza que está a acontecer em nosso redor.
Neste momento das nossas vidas e dadas as circunstâncias de retenção e de isolamento social em que estamos…
…não tenho um prado com flores para deleitar o olhar, mas tenho a florescência de algumas plantas de interior que aqui e ali dão cor a minha casa;
…posso não ter o aroma da terra, mas tenho o aroma intenso de um manjericão;
…não tenho a liberdade de ir passear e de proporcionar ao corpo e aos sentidos a vital energia deste início de estação, mas tenho o privilégio de ter uma casa com boa vista, muita luz e muita natureza no seu interior;
…
Apesar de confinada a algumas paredes e com o corpo e a mente claramente centrados num receio/medo que se pegou à nossa pele e ao nosso pensamento, eu tenho quase tudo. Em meu redor acontece o desenrolar silencioso da nova estação, os novos rebentos que brotam, as folhas em busca de um espaço próprio ou as flores revelando o seu potencial de forma e cor.
É essa Primavera que hoje quero partilhar convosco.
A viver numa varanda fechada (apesar de ser uma planta de exterior), a minha buganvília está cheia de flores e de rebentos neste início de Primavera, como revelam as primeiras três imagens. Tenho por ela um carinho muito especial uma vez que me foi oferecida após a publicação do texto que marcou o início deste blog e onde mencionei a empatia que sinto por esta espécie vegetal.
Também o azevinho, outra planta de exterior a viver no interior, acompanha a vitalidade da buganvília e a sua energia expansiva. As pequenas flores brancas estão a dar lugar aos frutos, que um dia serão vermelhos.
Todas as violetas estão felizes, cheias de botões e de vontade de partilhar as suas flores!
Se as flores das begónias espalham o seu tom rosado, já o clorófito oferece a singeleza das suas pequenas flores brancas pontuadas pelo amarelo da antera dos estames.
Contrariamente à planta-melancia, cujas flores são tão minúsculas que quase não se vêem, as orquídeas têm vaidade no tamanho das florescências, agora ainda em botão.
Os fetos e as avencas não apresentam flores, mas são imensas as folhas que neles desabrocham…
…assim como no Lírio da Paz ou no Scindapsus, acontecendo o mesmo em várias outras espécies.
Termino com o cheiroso mangericão porque ele, como sucede na maioria das aromáticas, é uma planta “sociável” e que sempre dá algo em troca. Na vossa imaginação deixo o seu aroma e na fotografia a evidente vontade de multiplicação das suas folhas.
Nestes tempos loucos que estamos a viver precisamos, mais do que nunca, de ser um pouco como os mangericões: sermos troca, sermos dar e receber. Como?
Procurando a beleza que continua viva perto de nós e cheia de vontade do nosso olhar. Procurando os detalhes positivos, porque eles são alimento. Procurando descobrir os pequenos prazeres que podem ser gratificantes e gerar uma boa energia. Procurando aqueles detalhes que podemos dar, receber e trocar mesmo à distância, sem toque, afagos ou abraços.
Precisamos muito…seja por nós, seja pelos outros.