experimentações #34

São inúmeras as possibilidades de registar graficamente o que se observa/pensa/sente se o objectivo final for o guardar memórias de lugares.

Foi exactamente com essa vontade de encontrar outros caminhos que, a par de registos mais tradicionais como o desenho e a aguarela, elaborei o bloco de férias do ano de 2010. O Minho, a província mais a norte de Portugal foi a área escolhida nesse ano, região que nos proporcionou belos passeios e agradáveis momentos gastronómicos.

Neste bloco, a par de alguns desenhos utilizei igualmente recortes de postais e fotografias assim como materiais naturais que ia recolhendo por onde passava. A escrita, como sempre, foi um complemento fundamental.

Partilho a seguir algumas páginas representativas desse livro de férias.

Estes registos foram maioritariamente realizados in loco. Quando não tinha o que precisava para concretizar determinada ideia, nomeadamente fotografias ou recortes, planeava a página deixando espaços em branco para preencher posteriormente.

Recordo ainda que na altura gostei muito desta experiência de utilizar recortes por ser uma técnica bastante versátil, rápida e de me permitir “brincar” com as imagens com um certo humor.

Boa semana!

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experimentações #32

Qualquer concretização é sempre gratificante, mas se for algo saído da nossa criatividade, o sentimento que fica pode ser de equilíbrio, de satisfação e de ficarmos “saciados”. E se o tempo e a energia despendidos nessa construção foram marcantes, é possível que se necessite de um período de descanso…ou de nada… tal como acontece com os atletas depois de uma corrida ou jogo.

Foi precisamente isso que eu senti depois de três anos seguidos a fazer livros de férias (partilhados nos últimos três posts desta série). Senti que não precisava nem queria mais…a não ser descansar!

A realidade mostrou-me que ao partir para umas férias com essa “construção” em mente, a atenção era redobrada e o “material” necessitava ser recolhido, mesmo que não tivesse antecipadamente nada na ideia. Certo é que, se tal atenção e gestos não existissem, seria muito mais difícil a sua construção. Ou seja, comecei a sentir que precisava mesmo de relaxar nas férias e de não estar com qualquer preocupação. Queria apenas férias.

Então nos anos seguintes não fiz álbuns como os já aqui partilhados, mas iniciei outro tipo de empreendimento que ainda hoje, dezoito anos depois, tem continuidade: comecei a fazer álbuns descritivos, com fotografias tiradas quer por mim quer pelo meu companheiro e desenhos apenas muito pontuais. Muitíssimo menos exigentes que os anteriores, abarcavam períodos de férias (volumes únicos) e especialmente aqueles pequenos passeios de todo o ano realizados a dois, em família ou inseridos em grupos, mas também exposições e outros eventos que a memória gostaria de um dia recordar.

A esses álbuns chamamos carinhosamente os nossos “Por aí”, uns magníficos auxiliares de memória já com milhares de fotografias e muitas informações adicionais que neste momento ultrapassam os cinquenta volumes (foto acima). O facto de estarem catalogados por data e lugar permitem encontrar sem dificuldade o que se deseja. Também o percorrer aleatoriamente as suas páginas é sempre um delicioso refrescar de recordações e de emoções.

Com as “experimentações” propriamente ditas em stand by, entre 2004 e 2008 tudo o que fiz foi dar continuidade a estes álbuns e fazer os habituais postais/desenhos para oferecer em aniversários e/ou datas festivas a família e a amigos. Nessa altura realmente não precisava de mais nada.

Deixo agora, como amostra, algumas páginas dispersas desses álbuns “Por aí”.

Creio que eles terão continuidade nos meus/nossos dias, enquanto a Vida e a saúde o permitirem.

Boa semana!🍀


experimentações #30

A gratificante experiência com o livro que partilhei no último post desta série, teve continuidade em 2002 através do registo de uns dias de férias passados no Parque Natural do Douro Internacional e especialmente na província espanhola da Galiza.

Na concepção deste livro o desafio foi bem maior porque decidi que o texto seria essencialmente em poesia. Curiosamente recordo que não me foi nada difícil essa parte, porque tentei não valorizar demasiado a rima relativamente ao que queria transmitir. É claro que os desenhos não poderiam faltar, pelo que cada página ficou com um registo associado ao seu conteúdo.

Entretanto, estava o livro em curso quando no dia 13 Novembro 2002 a costa da Galiza sofreu os efeitos de uma enorme maré negra causada pelo petroleiro Prestige, o que para mim foi um choque profundo pois tinha adorado todos os momentos passados nessa área costeira poucos meses antes.

Então parei com o livro pois não estava a conseguir dar-lhe continuidade, sendo que durante algum tempo nada fiz e estive mesmo para desistir. Este facto explica quer as palavras da imagem acima e presentes no início do livro, quer as palavras da imagem que se segue e que estão inseridas na ultima página desse registo.

Objectivamente, fui capaz de sublimar essa “dor” transformando-a em trabalho, persistência e assim terminar o projecto.

Hoje partilho convosco algumas das páginas dessa parceria entre palavras e desenhos, e a que sempre associo um imenso rol de emoções.

Quase vinte anos passaram sobre a realização deste livro de férias e, apesar da vontade de voltar à Galiza ser real porque adoramos aquela região, ainda não surgiu uma nova oportunidade.

Talvez isso ainda aconteça um dia, sabe-se lá. Mas é grande a probabilidade de não encontrar alguns detalhes que me ficaram na memória…

experimentações #28

Dando continuidade aos dois posts anteriores desta série, diria que outros blocos se seguiram preenchidos com o mesmo tipo de registos “gráfico-emocionais”, como eu gosto de lhes chamar. Inicialmente isso aconteceu com uma certa continuidade, mas amiúde os intervalos foram aumentando e os registos sendo cada vez menos. Até desaparecerem simplesmente.

Não minto ao dizer que nos últimos anos da década de noventa as minhas “experimentações” ficaram reduzidas a postais de aniversário e/ou de Natal para oferecer, e ainda a um ou outro desenho realizado em férias.

A criatividade passou nitidamente para um plano muito secundário, porque outras dinâmicas surgiram na minha vida, nomeadamente a necessidade de fazer trabalhos extra, acompanhar o estudo e crescimento dos filhos de uma forma mais atenta e ainda o início da relação com o meu actual companheiro. Ou seja, muita coisa para me ocupar/preencher… e uma total falta de tempo e de disponibilidade para a vertente criativa.

Em muitos momentos não foi fácil lidar com esse “desligar”…mas era assim, não poderia ser de outra forma e no futuro logo se veria. Diria que a criatividade estava no final da lista de prioridades… mesmo que por vezes bastante intranquila e irrequieta.

E foi assim que cheguei ao século XXI!