
Irrequieto,
o vento
fustiga o cata-vento,
que roda loucamente
sem parar.
Pára!
Pede o galo
do alto do cata-vento,
estou tonto,
cansado
sem norte
e farto desta sorte!
Porquê?
pergunta o vento,
num rodopio
sonoro e menos turbulento…
Porque…
não canto
não voo
não acordo ninguém
não tenho par
nem um quintal onde reinar!
E estou preso
nesta alma de metal,
fria e intemporal!
Mais calmo,
o vento soprou
com ternura
e ecoou…
Puro engano
meu amigo!
Tu és norte,
orientação,
e o corpo que me dá voz.
És o vento que o olhar mais simples
compreende,
linguagem universal
clara e sem igual.
Não voas
é certo,
mas desse lugar
podes ver mais mundo
e horizonte que muitos
a voar.
O teu “quintal” é vasto
aprecia-o com alegria.
E voa,
quando quiseres
e disso precisares.
Basta sentires
o meu afagar em teu corpo
com emoção,
ou a minha loucura
sem razão,
e terás penas
e asas
e voos de imaginação!
Se este é o teu lugar
e destino,
não vires as costas
ao sopro que te dá vida,
sente-o simplesmente
guiando a emoção
para junto do coração!
(Dulce Delgado, Junho 2019)