experimentações #40

Em 2015 comecei a sentir alguma necessidade de estar em férias sem o “compromisso” de registar esse período através de desenhos, textos, etc. Ainda fiz alguma coisa, mas já sem aquela vontade e interesse dos anos anteriores. São esses derradeiros registos em bloco que hoje partilho e que se referem a um período de férias passado entre o Algarve e o sul de Espanha.

No ano seguinte, em 2016, comecei a concentrar uma boa parte da minha energia criativa no Discretamente, pelo que após essa data a maioria dos desenhos realizados foram em função das necessidades do blog.

É muito provável que alguns de vós pensem que os blocos de férias seria algo para não deixar de fazer. De certa forma têm razão, mas precisei de parar por serem uma tarefa bastante exigente. Cada um deles foi uma descoberta e um prazer, mas a partir de certo momento deixou de o ser. Apenas isso. Na verdade, senti que queria começar a ter férias sem compromissos, sem objectivos e libertando a atenção e o olhar. No futuro porém, não descarto a ideia de voltar a eles.

Actualmente faço um ou outro desenho/aguarela, seja em férias seja para oferecer a familiares e amigos em aniversários ou no Natal. Mas nesta fase da minha vida, o tempo e a disponibilidade são realmente escassos. A actividade profissional… o dia-a-dia… a família/ netos…o Discretamente…e uma energia que já não é a mesma, não me permitem fazer mais.

Hoje, é com imensa ternura e alegria que olho para todos os blocos com registos gráficos que possuo e que guardo religiosamente. Afinal é uma parte de mim e da minha vida que está ali a descansar na prateleira de uma estante.

Boa semana!🤗

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os monstros enfrentando a tempestade…

…. é a ideia que logo me surge perante esta imagem obtida por volta das 16 horas do passado dia 23 de Maio, terça-feira, na região de Lisboa, um pouco antes das fortes chuvadas acompanhadas de relâmpagos/trovoada que se abaterem sobre a cidade.

Por falta de oportunidade não a partilhei na devida altura, e só hoje, sexta-feira me é possível fazê-lo. A semana revelou-se complexa e a disponibilidade para o Discretamente tem sido nula, seja a publicar seja no acompanhamento de outros blogs.  De qualquer forma fica aqui este registo, o possível antes do fim-de-semana.

Voltando ao título deste post…

…apenas vos posso garantir que a natureza venceu a contenda e que os “monstros” apanharam uma belíssima molha!

Desejo um bom fim-de-semana!🤗

65!

Quase quarenta anos depois de o fazer com os meus filhos voltei a brincar com plasticina, agora com o meu neto Vasco.

Tudo evoluiu e a plasticina também, seja em quantidade seja na qualidade de moldagem. Sendo um divertimento para ele e de certa forma também para mim, será em tons desse material que partilho convosco este dia em que chego aos 65 anos.

Se agora a brincadeira é com o Vasco, oxalá a vida me permita daqui a dois anos partilhar com a mesma disponibilidade momentos semelhantes também com o Vicente.

Agora é aproveitar as vantagens deste novo tempo, como os descontos e benesses disponíveis na área cultural, transportes, etc,. Sendo direitos que se adquirem nesta “terceira idade”, há que os aproveitar!

Neste “novo tempo”, o que mais desejo a nível pessoal?

… saúde, para que no dia-a-dia dos próximas anos possa aproveitar sem dores nem maleitas o tanto que a vida me dá;

… a capacidade de transformar com um certo humor as dificuldades que surgem nas esquinas deste caminhar. São reais e inevitáveis. Mas pode ser nosso um novo olhar e a capacidade de as relativizar;

… tal como a versatilidade da plasticina sempre permite uma nova moldagem… também eu gostaria de melhorar a capacidade de “moldar a mente” e de a re-orientar sempre que as formas de pensamento presentes sejam entrave ao avançar/evoluir. Por vezes a rotina e o cansaço têm o dom de nos imobilizar, empedernir, etc,.

… aproveitar as circunstâncias e vivências, mesmo que aparentemente simples e banais, para depois dizer a mim própria “esta já ninguém me tira”!

… que a criatividade continue como companheira e a curiosidade uma presença;

… manter-me equilibrada, mesmo que discretamente, neste mundo de tantos desequilibrios!

Porém, e para que tudo isto tenha sentido, desejo profundamente que a minha família esteja bem. Afinal, eles são os alicerces, apesar de eu estar na base da pirâmide.

Bem-vindos 65!🤗

(Aproveito para desejar um bom Dia da Mãe para todas as mães que me vão lendo e um bom domingo a todos os outros!)

sete anos!

Há três ou quatro dias o WordPress avisou-me do aniversário do Discretamente. Fiquei surpresa pois pensava que seria hoje, dia 28, data da publicação do primeiro post no ano de 2016. Porém, parece que o dia da sua criação é o que conta.

Seja como for, sempre gosto de lembrar datas e os sete anos deste espaço são realmente importantes para mim. Por um lado, porque gosto imenso do número sete; e por outro, porque quando iniciei o blog no final de Abril de 2016 via-o sobretudo como uma possibilidade de orientar e partilhar a minha criatividade. Senti que poderia ser a decisão certa naquele momento mas, sendo um mundo novo, não sabia se iria gostar e adaptar-me. Tal como não sabia que outro rumo tomar se não resultasse…

Hoje aqui continuamos, eu e ele, com vontade de futuro. E isso, muito honestamente é o que me interessa. Os números e estatísticas não são importantes, mas apenas uma referência por vezes bem afastada da realidade como todos nós sabemos.

Agradeço a todos os que me têm acompanhado com “honestidade de alma”, manifestando-se ou não. É para esses que aqui continuarei, discretamente e sem perspectivas ou timings, enquanto a vontade, o gosto e a disponibilidade estiverem presentes dentro de mim.

Obrigada! 🙏🤗

o tempo em palavras

No início de 2018 partilhei um post sobre agendas, aqueles clássicos livrinhos que ainda não foram substituídas pelas suas congéneres digitais.

Volto hoje a essas companheiras que, dia a dia, guardam momentos efémeros ou anotações com futuro e memória, escritas pela mais bela ferramenta que possuímos, ora através de uma letra perfeita e bem legível, ora por outra apressada, impaciente…e por vezes mesmo ilegível.

Há uns anos resolvi começar a compilar o conteúdo de décadas de agendas, um manancial de informação com muitos dados concretos e bem localizados no tempo.

E resolvi fazer isso logo que percebi que um dia os meus filhos perderiam rapidamente o interesse por aquele “espólio” porque não perceberiam muito do que lá estava escrito. A minha letra não é fácil, por vezes bastante corrida, pelo que teria que ser eu a retirar o que tivesse interesse para a vida familiar ou para a vida deles, em particular.

Foi uma tarefa complexa e que me exigiu bastante tempo. E o mais curioso foi o facto de, em vários momentos, eu própria não perceber o que escrevera…

Apesar disso, as muitas informações retiradas e associadas a outro tipo de fontes permitiram-me oferecer um “livro” a cada um dos meus filhos quando fizeram trinta anos. Primeiro foi a ela… depois a ele…ficando ambos para a vida com dados sobre o seu crescimento/desenvolvimento, muitos dos quais não sabiam nem recordavam.

Seleccionei em simultâneo aqueles com interesse sobre a minha vida, opções, sensibilidade, sentires, etc., a que fui associando memórias pessoais e familiares. Um dia, quando eu partir para aquela desconhecida viagem, ficará disponível um “retrato” escrito desta mãe que também foi criança e filha…depois mulher e mãe…e agora também avó.

Encaro a passagem por esta Vida como um momento especial que devemos valorizar e agradecer ao máximo. Todos escrevemos algo nesse infinito livro… sendo a nossa família um capítulo por nós também habitado. Se não registarmos nada, algo se perderá.

Nesse trilhar, a clássica agenda foi e sempre será uma valiosa companheira. Para mim, obviamente.

Entre olhares, silêncios e palavras – escritas ou faladas – que o fim-de-semana seja tranquilo e a gosto de cada um!🤗

fevereiro

Neste belo recanto europeu
Fevereiro chegou num dia frio e soalheiro.

Bem cedo, em lazer ou a trabalhar
uns seguiam por terra e outros viajavam no ar.

O frio não impediu um madrugador passeio sobre as águas do rio,
seja num cansativo remar… seja num paciente pescar.

Ora tranquilas ora irrequietas
as gaivotas não darão pela recente chegada,
será apenas mais um dia…para uma boa banhada!

Na marina de Belém
barcos, mastros e cordas vibravam com o vento,
talvez sonhando com um tempo capaz de libertar…e de os levar a navegar!

E esta,
que discretamente vos escreve
aproveitando as possibilidades que a manhã sempre oferece,
escolheu saudar Fevereiro com um fresco respirar
e fazer estas fotos…

…antes de ir trabalhar!

Ou seja, aproveitemos os dias…os meses…e a Vida! 🤗

uma semana…

A imagem acima foi captada hoje ao nascer do sol, exactamente uma semana depois do conjunto de imagens que se segue e que, por diversos motivos, não consegui publicar no dia em que foi captado (quarta-feira, 18 Janeiro).

Como a beleza não tem data vou hoje partilhá-las, uma vez que a zona ribeirinha de Belém e os edifícios/monumentos que a pontuam são sempre um cativante lugar e um iman para o meu olhar.

Entre estes dois momentos…

…passaram precisamente sete dias;

…a terra deu sete voltas no seu eixo imaginário;

…nos relógios passaram 168 horas o que corresponde a 10 080 minutos;

…os dias cresceram alguns minutos, pois na foto de hoje o sol já nasceu nitidamente mais à esquerda do Cristo-Rei do que na imagem similar obtida no dia 18;

… as nuvens e a chuva desapareceram para dar lugar a dias muito frios e de céu limpo;

…centenas de aviões atravessaram este céu antes de aterrar no aeroporto de Lisboa;

…imensas pessoas passaram por aqui, simplesmente passeando, fazendo jogging ou andando de bicicleta/trotinete…

…e as aves que por aqui deambulam diariamente, como é o caso das gaivotas, guinchos, corvos marinhos, gansos do Egipto, pombos, melros, etc, continuaram as suas rotinas de sobrevivência.

Visto desta forma, sete dias parecem muito tempo…mas guardo a sensação que esses dias se esfumaram e quase não dei pela sua passagem, apesar de ser uma pessoa relativamente atenta.

Objectivamente esse tempo passou…passou mesmo…

…mas creio que ele correu mais rápido do que a minha Vida!

ciclo de vida

Apesar de passar há muitos anos pela escadaria que une o Jardim 9 de Abril à Avenida 24 de Julho em Lisboa, nunca me tinha deparado com a imagem acima.

Estando a uma certa distância, o primeiro pensamento foi: “Que estranho, um monte de troncos com pequenas flores? Não pode ser! Nunca vi isto aqui!” Além disso estávamos em Dezembro…

Aproximei-me e de imediato percebi que se tratava de restos de tinta da parede que ficaram agarrados às gavinhas da vinha-virgem seca e recentemente arrancada. Entretanto olho para a parede em frente e encontro estes detalhes maravilhosos, que a máquina fotográfica que sempre me acompanha logo registou.

Achei estas imagens tão bonitas que, apesar de significarem o final de um ciclo, resolvi que iria estar atenta e registar o renascimento da trepadeira que sempre cobre uma boa parte da parede que suporta aquela escadaria.

Passou algum tempo até os novos rebentos aparecerem. Depois foi galopante o seu desenvolvimento, até a parede ficar parcialmente coberta.

A vinha-virgem é uma planta extremamente curiosa, característica que sempre a orienta para novos lugares e novas aventuras. Essa vontade de progredir levou-a a abraçar a grade que protege a escadaria e através desta atingir o patamar superior, cobrindo parcialmente os degraus dessa área mais elevada.

Esse enérgico avançar implicou uma verdadeira “dança-exploração” através das ferragens do corrimão sendo assim, replecta de vitalidade, que viveu todo o Verão.

Há poucos meses, com a chegada do Outono começou tranquilamente a alterar o seu aspecto e a adaptar-se às cores dessa nova estação.

Em pouco tempo todas as folhas secaram e caíram, apresentando-se assim neste início de ano….

…precisamente antes de ser arrancada e do momento que antecedeu a imagem inicial deste post, aquela que captou a minha atenção.

Em breve todos os troncos serão retirados da parede e a planta podada, para que na próxima Primavera volte a rebentar cheia de força e pronta a iniciar um novo ciclo.

Entre a primeira e a ultima imagem que hoje partilho passou-se basicamente um ano. Com ele fluiram as quatro estações e passaram doze meses no mundo e também na vida desta vossa interlocutora. Nada estará igual porque um ano é tempo bastante neste Viver.

Ainda guardo aquela espécie de encantamento que deu origem a este post, agora mais completo ao sentir que cumpri a “missão” de ser presença no ciclo de vida desta curiosa planta.

Presença que fui e serei…pois sempre que passar por este recanto de Lisboa, ela terá o meu olhar!

Boa semana!🤗

dois tempos

Que contrastes
nos oferece o olhar!

Perto da terra e da tradição
um moinho,
lugar de simplicidade
e talvez de desalento
pela impossibilidade
de enfunar com o vento.

A seu lado,
eólicas gigantes
e nada bucólicas
invadem a paisagem
o ar
e o nosso olhar,
reflexo da tecnologia
que não pára de avançar.

Para o moinho…
…serão as eólicas o “adamastor”?

Para as eólicas…
…será o moinho inspirador?

Haverá rancor
no cimo daquele monte…
…ou viverão a passagem do tempo
e a evolução
com respeito e humor?

(Dulce Delgado, Novembro 2022)